Nos últimos anos, diversas alternativas estão sendo exploradas para acelerar o crescimento das pequenas e médias empresas (PMEs). A Autoridade Monetária de Singapura (MAS), por exemplo, está apostando no desenvolvimento de ecossistemas financeiros e parcerias internacionais.
Essa preocupação com as PMEs se deve ao fato de que esse segmento, em geral, é negligenciado pelos bancos tradicionais, encontrando dificuldades na hora de obter financiamento e de aproveitar as oportunidades abertas pela digitalização das economias.
Apesar disso, as pequenas e médias empresas são responsáveis por gerar grande parte da renda e do emprego no mundo. De acordo com o Banco Mundial, por exemplo, as PMEs representam cerca de 90% das empresas e mais de 50% do emprego global.
Em Singapura esses números são ainda mais expressivos, os dados do departamento de estatística de Singapura dão conta de que aproximadamente 99% das empresas do país são PMEs, sendo responsáveis por gerar 71% do emprego total. Por isso, a MAS vem explorando o desenvolvimento de ecossistemas financeiros voltados para as PMEs e suas necessidades.
Desenvolvimento de ecossistemas financeiros para PMEs em parceria com a ONU
Um exemplo recente foi o memorando assinado entre a Autoridade Monetária de Singapura e o Fundo de Desenvolvimento de Capital das Nações Unidas (UNCDF), em 11 de novembro de 2022, para desenvolver ecossistemas financeiros integrados e digitais para micro, pequenas e médias empresas (MPME) de países menos desenvolvidos.
A expectativa é que a parceria acelere a digitalização das MPME, facilitando a acesso ao financiamento através de infraestruturas digitais abertas. Como primeiro passo, será desenvolvido o Ecossistema Financeiro Integrado das Ilhas do Pacífico (PIIFE), para permitir que as MPMEs nas Ilhas do Pacífico e em Singapura se conectem digitalmente.
Por meio dos ecossistemas financeiros PIIFE, a MAS pretende oferecer cursos on-line de educação e habilidades financeiras. Esses cursos gerarão credenciais digitais verificáveis para os participantes.
Além disso, a plataforma contará com uma estrutura para que as instituições financeiras utilizem as credenciais digitais verificáveis e conjuntos de dados, como o histórico de pagamentos de fornecedores e impostos, para avaliar as MPME. Já para expandir os mercados aos quais as MPMEs têm acesso, o PIIFE contará com estruturas digitais business-to-business.
Singapura e Gana trabalham para integrar suas PMEs por meio de Ecossistemas Financeiros
Em uma iniciativa parecida com a anterior, a MAS, o Banco do Gana (BOG) e o Banco de Desenvolvimento do Gana (DBG) assinaram um Memorando de Entendimento (MOU) para desenvolver o Ecossistema Financeiro Integrado do Gana (GIFE).
O GIFE tem como objetivo melhorar as capacidades financeiras em Gana e gerar maiores oportunidades para a cooperação comercial e de serviços financeiros entre as duas regiões. A expectativa é que, futuramente, o modelo de ecossistemas financeiros integrado possa servir como corredor comercial Ásia-África para as PME de forma mais ampla.
Como parte do GIIFE, será implementado o Programa de Empoderamento Financeiro das PMEs que ajudará essas empresas a desenvolverem competências em áreas como finanças digitais e serviços financeiros transfronteiriços.
Esse programa será importante para que empresas Gana e Singapura possam explorar a rede de plataformas de comércio eletrônico business-to-business do novo ecossistema financeiro.
Já instituições financeiras parceiras, como o DBG, oferecerão financiamento comercial digital além de auxiliarem no desenvolvimento de quadros de confiança financeira. Esses quadros servirão para que as instituições financeiras utilizem conjuntos de dados na avaliação das PME`s que solicitam financiamento.
As iniciativas do MAS visam os principais obstáculos enfrentados pelas PMEs
Esses projetos deixam claro que a MAS tem apostado em parcerias internacionais e ecossistemas financeiros adequados às necessidades das PME`S como forma de apoiar o crescimento dessas empresas.
O Asian Development Bank (ADB), por exemplo, considerou em um working paper que os principais desafios enfrentados pelas PMEs na Ásia, são: a dificuldade de acesso a financiamento, ausência de infraestruturas de informação e baixa adesão ao uso de tecnologias.
Assim, os ecossistemas financeiros citados guardam em comum suporte ao desenvolvimento de capacidades financeiras, plataformas business-to-business e estruturas para facilitar a adequação das PMEs às análises de créditos das instituições financeiras. Ou seja, esses ecossistemas financeiros são pensados e construídos para atender as demandas e desafios enfrentados pelas PMEs, visando melhorar o acesso dessas empresas a serviços financeiros.
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