Criptomoedas: mesmo com quedas, interesse do setor continua e gerenciamento de risco pode ajudar mercado a crescer

Em países como o Brasil e o Reino Unido, o uso de criptoativos segue otimista. Porém, para crescer de forma segura, o setor está sendo orientado a adotar mecanismos do sistema financeiro tradicional para gerenciar o risco.
Criptomoedas: mesmo com quedas, interesse do setor continua e gerenciamento de risco pode ajudar mercado a crescer
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Equipe Propague
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Mesmo diante da forte queda na capitalização ao longo de 2022, o mercado de criptomoedas continua despertando o interesse do público. Países como o Brasil e o Reino Unido são exemplos onde o setor permanece fortalecido e em expansão. No primeiro, a adoção segue otimista, com o país liderando na América Latina. Já no segundo, o governo tem como meta tornar o Reino Unido um hub global de criptomoedas.

Entretanto, mais do que nunca, os reguladores estão atentos à maior volatilidade desses ativos após os eventos dos últimos meses, desencadeada pelo colapso da stablecoin Terra USD, no primeiro semestre de 2022, resultando na insolvência de alguns fundos e plataformas negociadoras de criptoativos. Desse modo, para alguns analistas de mercado, esse cenário deixa latente um princípio financeiro fundamental: a relação risco-retorno.

Essa relação, implica que, um investimento maior, geralmente, está associado à um risco maior. A  importância do gerenciamento de risco vem à tona e o objetivo é que os reguladores e supervisores responsáveis apliquem ao mercado de criptomoedas, lições importantes nesse quesito já estabelecidas no sistema financeiro tradicional.

Só assim, avaliam estes especialistas, será possível manter o interesse do investidor e o consequente fortalecimento desse mercado de forma segura.

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Brasil lidera adoção de criptomoedas na América Latina

No atual contexto, quando se fala em crescimento, o Brasil vem se destacando. Segundo um estudo recente da Chainalysis, empresa de análise de dados do setor, o interesse do brasileiro em criptomoedas segue em patamares otimistas. Isto mesmo com perdas de quase 60% no valor das principais criptomoedas ao longo de 2022.

Em sua terceira edição, o Índice Global de Adoção Cripto, traz o Brasil na primeira colocação no mercado latino-americano entre os países que mais fazem uso de criptomoedas. Aliás, vale destacar que o país subiu sete posições desde à pesquisa anterior em 2021.

Esse rápido crescimento e o consequente protagonismo do Brasil na região, afirma o estudo, estão relacionados ao volume elevado de valores recebidos por serviços centralizados em detrimento da baixa quantidade de transações de pessoa para pessoa (P2P).

Além disso, ainda de acordo com a pesquisa, a maior parte das pessoas que ingressou nesse mercado nos períodos de alta nos últimos dois anos permanece. Ademais, esse público continua apostando parte significativa de seus recursos em criptomoedas. Isso mesmo considerando que a cotação tenha apresentado queda significativa.

Já quando o escopo da análise se estende à escala global, o Brasil fica na sétima posição, atrás do Paquistão, Estados Unidos, Índia, Ucrânia, Filipinas e o Vietnã, nessa ordem.

Reino Unido quer se tornar hub global

Adotando a mesma linha de interesse nas criptomoedas, o Reino Unido tem uma meta audaciosa. Apesar de, atualmente, o país estar na 17ª colocação do ranking da Chainalysis na adoção desses ativos digitais, o secretário econômico do Tesouro, Richard Fuller, se comprometeu a tornar o Reino Unido um centro global dominante de criptomoedas com a chegada da nova primeira-ministra, Liz Truss.

Esse comprometimento foi assumido em um debate no Parlamento sobre a regulamentação de criptoativos em território britânico. Em seu favor, ele citou casos de sucesso de uso de criptomoedas e tecnologia blockchain. Mencionou ainda, a adoção da tecnologia de contabilidade distribuída para efeitos de alfândega e comércio exterior.

E ao que tudo indica ele encontra o respaldo de que necessita para atingir o seu objetivo. Isso porque o secretário particular parlamentar de Truss, Alexander Stafford, acrescentou que a primeira-ministra corroborou seu empenho em fortalecer a conectividade à internet para a população. Dessa forma, isso possibilitaria a mineração e acesso à compra e venda de criptomoedas.

Em complemento, Fuller disse que ao transformar o Reino Unido em um território hospitaleiro para as tecnologias cripto, será possível atrair mais investimentos, gerar empregos, beneficiar-se de receitas fiscais, bem como desenvolver novos produtos e serviços inovadores. “Queremos que o Reino Unido seja um hub global para tecnologias cripto e, assim, vamos aproveitar da prosperidade do setor de fintechs no país”, afirmou.

Nesse sentido, ele adiantou que o governo planeja avançar com a Lei de Serviços e Mercados Financeiros, que, entre outros pontos, mira na regulação das stablecoins. Além do que deverá apoiar a Lei de Crimes Econômicos, ajudando na apreensão e recuperação de criptoativos.

Gerenciamento de risco tradicional é lição para criptomoedas avançarem

Com o interesse continuado em criptomoedas, mesmo diante da atual situação do mercado, para que a aposta possa ser feita de forma segura, o gerenciamento de risco nas finanças descentralizadas de criptoativos ganha relevância, com importantes lições podendo ser tiradas do mercado financeiro tradicional.

Suzanne Morsfield e Brian Whitehurst, respectivamente chefe global de soluções contábeis e chefe de assuntos regulatórios da Lukka, especialista em blockchain e ativos tokenizados, são alguns dos especialistas que defendem esse posicionamento.

Em artigo publicado pelo OMFIF, o argumento é de que mesmo com todos os avanços em relação às finanças tradicionais, a indústria de criptomoedas ainda pode aprender com este setor quando se trata de criar e manter a inovação segura e obter lucros.

De acordo com eles, as finanças tradicionais, embora às vezes vistas como a antítese dos criptoativos, usam princípios e ferramentas fundamentais que a indústria de criptomoedas pode adotar para proteger todo o mercado.

Primeiramente, eles apontam que o mercado cripto precisa de foco no produto, que necessita de avaliação antes que seja lançado. Nesse quesito, a forma e a substância devem ser claras para o público. Ao mesmo tempo, o monitoramento contínuo do desempenho também deve ser realizado, com as entidades que fizeram o investimento devendo ser responsáveis ​​por realizar seu próprio processo de acompanhamento, bem como da contraparte.

Já os contratos devem prever regras que espelhem as de transações tradicionais semelhantes, concedendo o direito legal de inspeção dos registros.

Finalmente, precisa haver clareza sobre garantias, custódia e segregação de ativos para proteger os credores e para que eles possam compreender melhor o risco que estão assumindo.

“As finanças tradicionais construíram sua estrutura regulatória por meio de duras lições e o mercado de criptomoedas pode se valer dessa estrutura. Ao proteger os clientes, poderá reduzir o risco, atingir a maturidade mais rapidamente e crescer”, concluem.

 

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