Finanças verdes na Ásia: Taiwan, Hong Kong, China e Bangladesh lançam novas iniciativas

A Ásia se tornou um dos centros de referência para finanças sustentáveis. Por isso, diversas iniciativas estão sendo incentivadas e colocadas em prática para aproveitar as oportunidades de crescimento do setor. Taiwan, Hong Kong, China e Bangladesh foram os países que mais se destacaram e apresentaram importantes desenvolvimentos em 2022.
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Equipe Propague
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A preocupação com Finanças verdes e economia sustentável são temas recorrentes nos principais encontros internacionais e agendas nacionais ao redor do mundo. Essa movimentação de aproximação do setor financeiro com sustentabilidade tem chamado, também, a atenção do setor privado.

Na vanguarda dessa tendência, destacam-se os países asiáticos que nos últimos anos têm se dedicado a atingir uma economia mais sustentável e resiliente. Embora o estágio de desenvolvimento varie entre os países, China, Hong Kong, Taiwan e Bangladesh têm se destacado nas transformações e iniciativas do setor sustentável, apontando que a aposta nas finanças sustentáveis parece ser uma constante.

China aprova ETS´s de carbono neutro

Desde 2020, quando o governo chinês estabeleceu metas de emissões para alcançar a neutralidade de carbono até 2060, as autoridades chinesas têm se dedicado a impulsionar as finanças verdes no país. Nesse sentido, a China, entre os asiáticos, desponta como o grande mercado para as inovações verdes, principalmente no campo de tecnologia sustentável, mercado de títulos e sistema cap-and-trade. O seu mercado de carbono, atualmente, é um dos maiores do mundo em termos de valor negociado.

Com o objetivo de fortalecer o mercado e fomentar as oportunidades de expansão, as autoridades locais, apostaram recentemente no lançamento do primeiro ETF de carbono neutro da China. A Shanghai Environment Energy Exchange (SEEE) deu sua aprovação a oito ETF´s neutros em carbono, em junho de 2022, para as empresas EFunds, Guangfa Funds, Fullgoal Fund Management, China Southern Asset Management, China Merchants Fund Management, China Universal, ICBC Fund e DC Fund. Esse movimento é um grande marco de incentivo para que demais instituições financeiras e players do sistema financeiro se organizem para promover a integração sustentável a seus produtos e serviços financeiros, principalmente no setor privado, com grandes fluxos de capital redirecionado.

Hong Kong lança conselho para desenvolver seu mercado de carbono

Influenciados pela mobilização na economia chinesa, outras importantes regiões também têm se mostrado comprometidas com um desenvolvimento sustentável e apostado em finanças verdes como solução para a mitigação da crise climática e redução de riscos associados ao meio ambiente.

A Hong Kong Exchanges and Clearing Limited (HKEX), uma grande instituição no mercado de ações, também do setor privado, anunciou o lançamento do Conselho Internacional do Mercado de Carbono de Hong Kong para explorar oportunidades do setor na região. O objetivo é desenvolver um mercado que aproveite a posição de Hong Kong como um centro financeiro global e, ao mesmo tempo, contribuir para as metas de neutralidade de carbono e o desenvolvimento do ecossistema de finanças verdes e sustentáveis no país.

Os membros que inicialmente irão compor o conselho compreendem instituições em diferentes países, com China, Austrália e Nova Zelândia. A HKEX, por exemplo, assinou um acordo, em março de 2022, com a China Emissions Exchange (CEEX) para explorar a cooperação em sustentabilidade por meio do financiamento de carbono.

A estratégia taiwanesa para finanças sustentáveis

Para além do mercado de carbono, economias asiáticas como Taiwan tem se destacado nas iniciativas de reorganização da estrutura financeira e mobilização das grandes instituições reguladoras responsáveis para orientar o sistema em prol de uma transição para uma economia mais sustentável. Recentemente, a Comissão de Supervisão Financeira (FSC) lançou sua estratégia de Transição do Desenvolvimento Sustentável para os Setores de Valores Mobiliários e Futuros em março de 2022.

A iniciativa conta com seis objetivos principais:

  • aperfeiçoar o sistema sustentável;
  • defesa da ordem e estabilidade do mercado de capitais;
  • fortalecimento de mecanismos de autodisciplina e integração de recursos do setor de valores mobiliários e futuros;
  • transição de valores mobiliários e futuros;
  • proteger os direitos de investidores ou comerciantes;
  • instituir serviços justo.

O FSC pretende atingir as metas da estratégia de transição de sustentabilidade em três anos por meio de três estruturas de implementação:

  1. Estrutura de governança da sustentabilidade formada por quatro diretrizes: Difusão da cultura ESG, sistema de segurança da informação, um sistema de prestação de contas para os conselhos de administração e gestão; estabelecimento de comitês para assistência dos conselhos de administração
  2. Estrutura para intermediar a sustentabilidade corporativa por meio de capacitação de consultores financeiros para auxiliar na materialização de programas de sustentabilidade e ESG; estabelecimento dos mecanismos de autodisciplina, incentivos e supervisão
  3. Estrutura para divulgação de informações de sustentabilidade, estruturada por meio do aperfeiçoamento dos canais de informação sobre sustentabilidade.

De um todo, a transparência nas regras e orientações para que os players financeiros passem a se comprometer com as medidas sustentáveis e consigam incorporar as finanças verdes em seus serviços e produtos é uma tendência que tem se observado em diferentes países com o objetivo de reduzir, ao máximo, riscos de transição para o novo modelo de economia verde.

Bangladesh passa a exigir avaliação de impactos ambientais para financiar infraestrutura

Seguindo essa tendência, o Bangladesh Bank (BB) atualizou suas diretrizes de gerenciamento de risco ambiental e social, incorporando novas cláusulas que exigem a avalição de impactos ambientais e sociais antes de financiar qualquer projeto de infraestrutura.

As diretrizes definem como projetos de infraestrutura aqueles ligados a:

  • geração e fornecimento de energia,
  • gasodutos,
  • estradas,
  • pontes e túneis,
  • aeroportos, portos, ferrovias e terminais,
  • depósitos e imóveis.

Ficou determinado, também, que os credores terão que garantir que alguma entidade qualificada conduza a avaliação de impacto ambiental e social. Essa estrutura é bastante recomendada por instituições como a International Capital Market Association (ICMA) quando se explora o mercado de títulos verdes e empréstimos verdes e as recomendações de prática nos diferentes mercados de dívida sustentável.

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