Crescendo há quatro anos consecutivos, as formas de pagamento alternativas, onde se destacam os pagamentos em tempo real e o Buy Now Pay Later (sigla em inglês para Compre Agora e Pague Depois), alcançaram participação significativa no comércio digital na América Latina no fechamento de 2022, representando 39% do volume total.
O dado é do estudo Além-fronteiras 2022/2023, recentemente divulgado pela EBANX, o que deve colocar o avanço desse mercado no radar dos varejistas da região. Em outras palavras, eles devem ficar atentos e diversificar cada vez mais as formas de pagamento no processo de checkout de suas plataformas de comércio eletrônico se quiserem atender aos diversos perfis de clientes.
Além disso, a publicação chama a atenção para a Colômbia, El Salvador e o Brasil, os quais aparecem como os três países latino-americanos que mais usam formas de pagamento alternativas para o comércio digital. Eles atingiram picos de 50%, 49% e 44%, respectivamente. Ou seja, índices bem acima da média regional.
Ainda conforme a pesquisa, o aumento das formas de pagamento alternativas no continente é fruto, principalmente, do incremento da digitalização e inclusão financeira.
Para se ter uma ideia, a parcela de latino-americanos que têm conta bancária ou de pagamento saiu de 39% para 73% entre 2011 e 2021, de acordo com o Global Findex do Banco Mundial. Isso impulsionou, portanto, as transferências “conta a conta”, o principal método alternativo identificado pelo estudo no pagamento das compras online.
Transferências entre contas puxam formas de pagamentos na região
O estudo não deixa dúvida de que as transferências entre contas provaram ser um fenômeno real entre a formas de pagamento no comércio eletrônico da América Latina. Afinal, a projeção é de que, quando os dados de 2022 estiverem consolidados, esse método atinja US$ 68 bilhões em volume no continente.
Nesse cenário, as participações mais significativas deverão ficar com a Colômbia (30% do volume total de comércio digital do país), seguida do Brasil (24%), Guatemala (11%), Chile e Bolívia (10% ambos).
Segundo o documento, esse impulso crescente para transferências baseadas em contas na América Latina tem dois grandes responsáveis: o Pix, o sistema de pagamentos instantâneo do Brasil, e o similar PSE na Colômbia.
Desenvolvido pelo Banco Central do Brasil (Bacen), o Pix deve corresponder, entre todas as formas de pagamento, a mais de 20% do total de compras feitas digitalmente no Brasil no consolidado de 2022, aponta o estudo. Enquanto isso, o PSE se configura como o método de pagamento mais utilizado no comércio eletrônico da Colômbia em 2021, com quase 35% da totalidade das compras online em seu território.
No entanto, outras soluções de transferências baseadas em contas estão começando a ganhar força entre as formas de pagamento alternativas no comércio digital na região, como o SPEI (México), Sinpe Móvil (Costa Rica), Simple (Bolívia) e Pagos al Instante (República Dominicana).
O crescimento do mercado de pagamentos em tempo real
De fato, as transferências baseadas em contas nos moldes das que estão se destacando nos países latino-americanos, também conhecidas como pagamentos em tempo real, se tornaram um mercado em ascensão em todo o mundo.
A empresa indiana The Insight Partners, por exemplo, publicou um estudo sobre esse mercado e as expectativas em relação a ele, onde projeta que a modalidade deve crescer globalmente de US$ 12,85 bilhões, em 2022, para quase US$ 87 bilhões até 2028, com uma taxa de crescimento anual comporta estimada em 32%.
A publicação se concentra no mercado global de pagamentos em tempo real, com foco nos Estados Unidos, Europa, Japão, China, Coreia do Sul, América do Norte e Índia, refletindo, dessa forma, o mesmo movimento que se observa na América Latina.
Ainda de acordo com o estudo, a principal razão para o crescimento do mercado de pagamentos em tempo real é a crescente demanda de diferentes clientes, varejistas, provedores de telecomunicações, bancos e fornecedores de dispositivos.
Entre as formas de pagamento, esta oferece a eles a oportunidade de vender de diversos locais, como festivais, exposições comerciais, entre outros, podendo receber dinheiro por seus serviços de forma facilitada.
Além disso, a pesquisa destaca que os softwares associados tendem a melhorar ainda mais as interações entre o comerciante e o consumidor. Enquanto a alta utilização da internet e o aumento das vendas no comércio eletrônico também representam mais um motivo para o avanço dos pagamentos em tempo real.
Buy Now Pay Later ganha tração entre formas de pagamento alternativas
Ainda segundo o estudo Além das Fronteiras 2022/2023, uma alternativa que está ganhando destaque na América Latina entre as formas de pagamento é o Buy Now Pay Later (BNPL), seguindo uma tendência global que estima que essa modalidade poderá alcançar US$ 400 bilhões em volume até 2026 em todo o mundo.
Mesmo mantendo ainda uma baixa penetração no volume geral do comércio digital na região, nas duas maiores economias latino-americanas, Brasil e México, o BNPL cresceu 80% e 82%, respectivamente, em 2022. Ao passo que na Colômbia registrou impressionantes 208% de aumento.
Porém, é no México e na Colômbia onde estão as maiores participações desse método de pagamento na América Latina, com US$ 1,2 bilhão e US$ 1,1 bilhão, nessa ordem, em volume de vendas no comércio eletrônico.
Na avaliação de analistas de mercado, esse movimento se explica pelo fato de o BNBL surgir como opção para os consumidores que não possuem cartão ou acesso a crédito para parcelar as suas compras.
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