Desenvolvimento do metaverso na Ásia desponta

O metaverso na Ásia já está se tornando realidade devido a inciativas privadas e públicas. A tecnologia está alcançando diferentes setores e os países asiáticos podem ser determinantes para o seu futuro.
Desenvolvimento do metaverso na Ásia desponta
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

O metaverso na Ásia, embora pareça coisa de ficção científica, está ganhando cada vez mais adeptos, atraindo investidores, consumidores e policy makers. A Ásia, em especial, tem no seu histórico e cultura de desenvolvimento tecnológico, um importante facilitador para difundir essa tecnologia.

Nesse sentido, diversas empresas já estão experimentando tecnologias de metaverso na Ásia, ao mesmo tempo em que os governos da região incluíram o metaverso em seus planos econômicos e nas suas agendas de regulação. São exemplos desse tipo de envolvimento os governos da China, Japão e Coreia do Sul, além de grandes instituições financeiras.

Esse envolvimento, tanto público quanto privado, com o metaverso na Ásia se deve ao seu potencial de gerar renda. De acordo com a consultoria Delloite, por exemplo, a tecnologia pode gerar um impacto anual entre US $ 0,8 trilhão – US $ 1,4 trilhão para o PIB da região até 2035.

Como o metaverso na Ásia impacta a economia real?

O metaverso na Ásia geraria esse valor ao criar novos mercados, tipos de negócios, oportunidades de emprego e formas de trabalho, além de expandir o acesso à informação, ao conteúdo digital e à infraestrutura digital.

Esse movimento seria multiplicado devido ao fato do metaverso se encadear com diferentes setores. Muito além da imersão em redes sociais e jogos, o metaverso na Ásia poderia revolucionar, por exemplo, o atendimento médico, ao ampliar as possibilidades de cuidado da saúde, tornando possível um atendimento realizado de qualquer lugar, a qualquer hora e personalizado.

Além disso, a adesão ao mundo digital deve forçar uma reformulação nas maneiras de investir, realizar transações e na própria forma de como se relacionam clientes e instituições financeiras, visando melhorar a eficiência das operações.

O DBS bank, por exemplo, criou uma plataforma digital para tokenização e negociação de ativos digitais, incluindo criptomoedas, para investidores institucionais. Já o MUFG, a maior organização financeira do Japão, está se preparando para entrar no metaverso em 2023, quando os usuários desta plataforma poderão acessar de forma interativa com os serviços financeiros da empresa.

É importante destacar que, ao mesmo tempo em que o metaverso pode explorar diferentes setores e tecnologias, o seu caminho de desenvolvimento ainda é nascente e, portanto, incerto. Nesse sentido, as principais economias asiáticas, devido ao seu grau de desenvolvimento tecnológico, podem sair na frente e influenciar a trajetória de desenvolvimento do metaverso na Ásia, moldando o futuro dessa tecnologia.

Pioneiro na indústria de jogos, no Japão metaverso é uma prioridade de governo

O Japão, por exemplo, tem na cultura de jogos e entretenimento virtual um facilitador para criar oportunidades de negócios na economia digital. O metaverso, por exemplo, pode explorar comércio eletrônico associado às tendências de consumo da população, sobretudo nos games.

Vale lembrar que o Japão foi pioneiro na indústria de entretenimento virtual muito antes do metaverso na Ásia ser uma realidade. Com isso, os japoneses desenvolveram uma cultura de adesão aos produtos dessa indústria.

Além disso, o atual primeiro-ministro Kishida deixou claro em seus discursos que pretende acelerar a digitalização da economia japonesa, onde três dos cinco campos que receberão mais financiamento de P&D têm relevância direta para o metaverso (notadamente, IA, tecnologias quânticas e digital).

Por fim, o Japão possui uma mão obra qualificada em competências digitais, o que pode funcionar como atrativo para empresas estrangeiras. Atualmente, cerca de 16% do PIB japonês advém de trabalhadores que dependem de competências digitais.

Coreia do Sul sai na frente e lança de forma pioneira uma estratégia abrangente para o metaverso

Já a Coreia do Sul foi a pioneira na articulação de um plano estratégico abrangente para promover, especificamente, a indústria do metaverso. Esse plano engloba diversos segmentos como a indústria do K-pop, conglomerados industriais, agências governamentais e instituições financeiras, captando atores de toda a cadeia de valor.

O Plano explicitado pelo Ministério da Ciência e das TIC concentra-se em quatro assuntos principais:

  • Promover um ecossistema para que as plataformas do metaverso cresçam;
  • Treinar especialistas e talentos no campo do metaverso;
  • Apoiar empresas líderes especializadas em metaverso, fornecendo a infraestrutura necessária, como as instalações de demonstração;
  • Criar um mundo metaverso exemplar.

Para levar adiante essas tarefas, o Ministério já destinou US$ 167 milhões para impulsionar a indústria e mais de 500 empresas, incluindo Samsung, Hyundai e Nexon, formaram uma parceria para coordenar o desenvolvimento de plataformas metaverso.

Além disso, o governo pretende aumentar a mão de obra do segmento em 40.000 profissionais, facilitando a entrada de talentos estrangeiros e startups no mercado coreano.

Os esforços governamentais envolvem, ainda, a criação de um instituto de língua coreana no metaverso na Ásia, uma “K-Metaverse Academy” para conectar startups globais com empresas de conteúdo local e laboratórios de metaverso para apoiar a comercialização de tecnologias.

Na China, o metaverso se confunde com as estratégias nacionais e o desenvolvimento da chamada economia real

Já na China, o metaverso possui uma importância ainda maior e se confunde com a estratégia do estado chinês de desenvolver tecnologias autóctones, isto é, tecnologias nascidas e desenvolvidas nas China.

Além disso, o metaverso na Ásia deve ganhar contornos particulares e se misturar com os objetivos da administração do XI Jinping. Segundo o próprio líder chinês: “A China deve estender sua reforma estrutural do lado da oferta, desenvolver a indústria manufatureira avançada e integrar plenamente a economia real com a internet, big data e tecnologia de inteligência artificial”. Ou seja, o metaverso na China complementará os desenvolvimentos da economia real, física.

Nesse sentido, as autoridades chinesas lançaram o primeiro documento de política nacional do país para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao metaverso, incluindo realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR) e realidade mista (MR).

Para impulsionar essas tecnologias na China, o governo propôs integrar grandes e médias empresas, além de cultivar empresas especializadas nessas soluções tecnológicas, incentivando investimento em P&D.

Também é parte do plano de ação apoiar a integração entre empresas, universidades, institutos de pesquisa, e organizações industriais para formularem plataformas de inovação multidisciplinar. E, para experimentar as novas tecnologias, o governo se comprometeu em incentivar programas de aplicações piloto.

Por fim, também está em pauta garantir a oferta de talentos e mão de obra qualificada. Com isso, o governo deve fortalecer nacionalmente a disponibilidade de disciplinas relevantes, além de expandir os canais de intercâmbio e cooperação internacional.

Esse plano de ação foi formulado a partir de objetivos que já haviam sido estabelecidos no 14º plano quinquenal que já havia convocado vários governos e departamentos locais a implementar medidas para promover o crescimento das indústrias associadas ao metaverso.

Pequim, por exemplo, anunciou um plano de inovação e desenvolvimento metaverso de dois anos (2022 – 2024) para desenvolver a infraestrutura tecnológica e promover seu uso em vários campos, incluindo educação e turismo. Já a cidade de Shanghai incluiu o metaverso em seu 14º plano quinquenal, incentivando sua aplicação em áreas como serviços públicos, negócios, entretenimento social e manufatura industrial.

Diante dessa e das demais iniciativas, espera-se que o metaverso na Ásia tenha grande relevância para o desenvolvimento dessa tecnologia em um futuro próximo.

 

Veja mais:

Metaverso pode ser o próximo alvo de regulação, sinalizam autoridades europeias

China quer regular transferência de dados após vazamento do grupo Alibaba

Web 3.0 e Metaverso: entenda como se relacionam

Metaverso e o mercado financeiro: O que é a nova aposta das Big Techs e como se relaciona com o setor?

Mercado NFT avança na China, mas futuro ainda é incerto

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!