Identidade digital ganha força no setor financeiro africano

Quatro países da África Ocidental se conectam à tendência global de acompanhar a tecnologia e oferecer soluções mais práticas e seguras para acessar produtos e serviços financeiros.
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Equipe Propague
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A utilização da identidade digital para aumentar a eficiência não só das transações de pagamentos, mas do setor financeiro como um todo, começa a ganhar tração no continente africano.

Com um aporte de US$ 8 milhões para o Instituto Monetário da África Ocidental (WAMI na sigla em inglês), o Fundo Africano de Desenvolvimento autorizou um financiamento para criar uma estrutura única de reconhecimento de clientes na Gâmbia, Guiné, Libéria e Serra Leoa. O projeto começa em julho de 2023 e pretende aumentar o acesso ao crédito e contribuir para novos esforços de integração regional.

Nesse sentido, mais de 53 provedores de serviços financeiros presentes nos países em questão serão contemplados no projeto, possibilitando que eles verifiquem a identidade de seus clientes continuamente, combatam fraudes, desencorajem a inadimplência de empréstimos e fortaleçam as relações com os correspondentes bancários.

Aliás, a iniciativa em curso na África Ocidental em torno da identidade digital vai ao encontro de uma tendência global do setor financeiro acompanhar a tecnologia e oferecer soluções menos burocráticas, mais práticas e principalmente seguras.

Aqui no Brasil, por exemplo, pouco tempo depois da implementação do Pix, em março de 2021 em um evento do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), chegou a mencionar que o sistema de pagamentos instantâneos poderia, futuramente, evoluir para uma espécie de identidade digital, como forma de comprovar os dados dos cidadãos remotamente.

Para isso, ele tomou como ponto de partida o fato de que já é possível quitar impostos e pagar por serviços públicos através do Pix. Assim, mais adiante, poderia conectar a solução com outras áreas do cotidiano dos brasileiros, existindo, portanto, grande chance de ela se tornar uma identidade digital. Porém, até agora, não há nada previsto nessa direção na agenda evolutiva da ferramenta.

Como vai funcionar o sistema de identidade digital na África Ocidental?

De acordo com o WAMI, o sistema de identidade digital no grupo de países africanos ocidentais vai vincular as contas dos clientes em diferentes prestadores de serviços financeiros. A proposta é aumentar a confiança e, por sua vez, incentivar o acesso e o uso de soluções financeiras.

Até porque, explica, para verificar as identidades dos clientes de forma contínua, o novo sistema vai utilizar o princípio de KYC (sigla em inglês para conheça o seu cliente), prevenindo ameaças de fraudes e golpes.

Em comunicado ao mercado, Olorunsola E. Olowofeso, diretor-geral do WAMI, destacou que o novo sistema de identidade digital, que está sendo chamado de Identificação Bancária Única, deverá impulsionar os sistemas nacionais de identificação existentes nos países participantes do projeto e, consequentemente, ajudará a integrar financeiramente a Zona Monetária da África Ocidental.

Isto se justifica, afirma, em um cenário onde a Gâmbia, Guiné, Libéria e Serra Leoa enfrentam desafios substanciais no desenvolvimento de seus respectivos setores financeiros e no fornecimento de acesso a serviços bancários formais para seus habitantes.

Ainda segundo Olowofeso, a criação da Identificação Bancária Única, com base na interoperabilidade digital, nasceu do sucesso do Número de Verificação Bancária, solução de identidade digital desenvolvida pelo Banco Central da Nigéria.

Tal ferramenta corresponde a uma identidade única contendo 11 dígitos para cada cliente em todo o setor bancário daquele país, vinculado a todas as suas contas bancárias.

Esforço para promover a inclusão financeira

Finalmente, vale destacar que o projeto de uma identidade digital única para o sistema financeiro dos quatro países da África Ocidental surge em um contexto de baixa inclusão financeira das suas populações. Tomando como exemplo Serra Leoa, dados do Banco Mundial expõem que menos de 16% dos adultos têm uma conta em um banco formal.

Na avaliação do WAMI, o baixo acesso a serviços bancários está ligado à falta de documentos de identificação confiáveis, bem como se deve aos altos custos das transações e a distância física das instalações bancárias. Portanto, o desenvolvimento de uma estrutura de identidade digital chega para enfrentar esses desafios.

 

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