Junto com a blockchain, uma série de ferramentas tecnológicas surgiu para tornar possívela execução das mais diversas transações dessa natureza. Entre elas, se destacam os smart contracts (contratos inteligentes na tradução direta), um dos componentes arquitetônicos das redes descentralizadas, que ajudam a assegurar que elas funcionem apropriadamente.
Os smart contracts são usados por indivíduos e empresas participantes de uma rede blockchain com o objetivo de autogerenciar acordos estabelecidos entre as partes.
Tais contratos podem ter como objetivo a transferência de dinheiro, a negociação de ações, propriedades ou qualquer outro ativo que possua representação digital nessa rede. Ao mesmo tempo, eles também podem ser usados para automatizar fluxos de trabalho, acionando a próxima ação do processo sempre que as condições pré-estabelecidas para cada fase forem atendidas.
Além disso, como os smart contracts são protocolados de forma descentralizada, como manda a tecnologia blockchain, não há a intervenção de terceiros em sua operação ou alteração.
Desse modo, todos esses atributos reunidos representam um enorme avanço nas operações comerciais e financeiras, assim como nas rotinas empresariais, e trazem grandes benefícios para quem se vale dessa ferramenta.
Porém, por outro lado, assim como toda nova tecnologia apresentada, podem gerar dúvidas sobre o funcionamento, a segurança e a aplicação dessa ferramenta. Se esse é o seu caso, acompanhe a nossa explicação sobre os smart contracts e encontre as respostas para essas questões!
O que são smart contracts?
Os smart contracts são contratos digitais armazenados em uma rede blockchain, sendo que, diferentemente dos contratos tradicionais, eles são executados automaticamente quando os termos e as condições predeterminados para o acordo definido entre as partes são completamente atendidos.
Na prática, eles correspondem a programas computacionais que facilitam a verificação, o controle e a execução de um contrato ou fluxo de atividades, com o processo sendo feito totalmente de forma digital. Por isso, eles conseguem ser autogerenciáveis.
Como resultado, ao automatizar a execução de um acordo ou processo, os smart contracts dão aos participantes a certeza e garantia imediata do seu cumprimento, sem a necessidade do envolvimento de terceiros ou que haja a perda de tempo em revisões e certificações.
Quais são as funcionalidades dessa ferramenta?
Os smart contracts possuem três componentes integrais, denominados objetos. São eles:
- Os signatários: são as partes envolvidas no acordo e que utilizam assinaturas digitais para aprovar ou reprovar os termos contratuais;
- O objeto: ou seja, o contrato;
- Os termos específicos do que foi acordado, incluindo condições e penalidades em caso de descumprimento.
A partir desses três componentes, os smart contracts funcionam seguindo instruções simples, como “se, quando, então”, escritas em um código computacional em uma rede blockchain.
Além disso, dentro de um contrato inteligente, pode haver quantas instruções forem necessárias para assegurar às partes de que as ações serão concluídas de forma satisfatória. Assim, com todas as condições acordadas, os smart contracts podem executar as ações envolvidas, à medida que as instruções são atendidas e verificadas.
Tais ações podem envolver, por exemplo, a liberação de fundos para as partes especificadas, o registro de um imóvel ou veículo, o envio de notificações ou mesmo a emissão de multas.
E uma vez a transação concluída, a rede blockchain é então atualizada. Consequentemente, a operação não pode ser modificada e somente quem recebeu permissão de acesso pode ver os resultados da execução do acordo.
Usos dos smart contracts
Embora a tecnologia blockchain e seus instrumentos associados sejam comumente ligados à serviços financeiros, os smart contracts podem ser utilizados nos mais variados segmentos, desde a saúde, passando pelas cadeias de suprimentos e assim por diante.
Na área da saúde, por exemplo, todos os recibos hospitalares dos pacientes podem ser armazenados em uma rede blockchain e compartilhados automaticamente com os planos de saúde como prova da prestação do serviço ao final do processo. Além disso, os smart contracts também podem gerenciar os suprimentos de um hospital, supervisionando medicamentos e sua conformidade com regulamentos.
Já na cadeia de suprimentos de uma indústria, os smart contracts podem ser usados para administrar o estoque e automatizar todos os processos, desde compras, entradas, saídas e pagamentos a fornecedores.
Ao passo que nos serviços financeiros, os contratos inteligentes são capazes de transformar as transações tradicionais de várias formas. No caso de sinistros envolvendo seguros, os smart contracts podem realizar automaticamente desde a checagem das informações, detectando possíveis erros, a processar o repasse dos pagamentos aos usuários se todos os requisitos estiverem adequadamente satisfeitos.
Principais benefícios dessa tecnologia
Os smart contracts trazem uma série de vantagens para os usuários. Entre os principais benefícios estão:
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Autonomia e economia
Os smart contracts não precisam de corretores ou outros intermediários para confirmar o acordo. Assim, eliminam riscos de manipulação por quem não está envolvido na transação. Além disso, a ausência de terceiros resulta na economia de custos, eliminando taxas entre outras despesas.
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Backup
Todos os documentos armazenados na rede blockchain são duplicados em todos os nós. Desse modo, os originais podem ser restaurados em caso de os dados serem perdidos ou danificados.
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Segurança
Os smart contracts são criptografados, logo, por conta disso, todos os documentos ficam protegidos contra modificações e intervenções externas.
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Velocidade
Os contratos inteligentes automatizam tarefas usando protocolos de computador, economizando horas na realização de várias atividades.
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Precisão
O uso dos smart contracts resulta na eliminação de erros que são comuns quando vários formulários são preenchidos manualmente com interferência humana.
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Confiança e transparência
Como os registros criptografados das transações são compartilhados entre os participantes por meio da rede distribuída, não há necessidade de questionar se as informações foram alteradas para benefício de uma das partes.
Os smart contracts são realmente seguros?
De acordo com os profissionais de computação e desenvolvedores, os smart contracts são seguros, pois, além da criptografia, por se tratar de programas computacionais, as instruções neles contidas são sempre executadas da mesma forma.
Contudo, cabe aos desenvolvedores manter uma rotina de verificação para prever se existem falhas, brechas ou possíveis manipulações externas que possam vir a acarretar prejuízos para as partes envolvidas.
Nesse sentido, eventuais riscos incluem: erros no desenvolvimento do projeto ou especificação do código-fonte; congestão de tráfego na rede atrasando o envio de ordens; ou ainda sequências de blocos invalidados pela rede blockchain.
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