O futuro do comércio eletrônico é na América Latina?

Enquanto o mundo acompanha a desaceleração do comércio eletrônico, a América Latina aponta tendências para crescer nos próximos anos e virar referência global.
O futuro do comércio eletrônico é na América Latina?
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Amanda Stelitano
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Enquanto o mundo enfrenta a ressaca pós boom do comércio eletrônico em 2020, o principal desafio dos grandes mercados globais é superar a queda no volume de vendas online e driblar a estagnação no crescimento do segmento de e-commerce doméstico e transfronteiriço. Embora isso pareça assombrar o mercado mundial como um todo, a América Latina se apresenta como a grande esperança do futuro do comércio digital e a solução para potencializar novamente o crescimento do setor.

Isso porque a América Latina parece ter descoberto o caminho para transformar a região em um mercado de referência para o comércio eletrônico global. Por efeito da forte popularização de redes móveis e smartphones como ferramenta da inclusão financeira da população latino-americana, a região se mostra para o resto do mundo como o centro promissor para o futuro das vendas online.

O que faz a América Latina se destacar no mercado de comércio eletrônico?

Assim como a maioria dos mercados globais, a aceleração de crescimento do comércio eletrônico na América Latina foi muito impulsionada pelos efeitos da crise sanitária em 2020 e da forte migração do varejo para o digital, mas, diferente do panorama mundial, o mercado de e-commerce latino-americano não apresenta sinais de paralisação. Segundo o EBANX, a América Latina está em fase de crescimento, com projeção de aumento contínuo de aproximadamente 30% por ano até 2025.

Para tentar entender esse fenômeno que diferencia a região do resto do mundo, é preciso estudar quais fatores e estratégias têm impulsionado o comércio eletrônico na América Latina até o momento e quais os próximos passos que prometem evoluir o mercado da posição de emergente para estabilizado.

Primeiramente, ao observar as transformações e inovações de pagamentos na América Latina nos últimos anos, é possível traçar uma linha de correlação entre o sucesso das metas da agenda financeira com os resultados positivos do comércio eletrônico na região.

Primeiramente, ao observar as transformações e inovações de pagamentos na América Latina nos últimos anos, é possível traçar uma linha de correlação entre o sucesso das metas da agenda financeira com os resultados positivos do comércio eletrônico na região. Isso se explica ao considerar o êxito da digitalização em massa dos pagamentos e das campanhas de incentivo e familiaridade do uso dessas novas tecnologias de pagamento para a população.

O acesso simplificado a plataformas de compras online, somado à disponibilização de novos meios de pagamentos digitais como os pagamentos instantâneos e carteiras digitais, por exemplo, facilitou a migração do consumidor tradicional restrito às lojas físicas para se tornar um cliente do mundo digital. É possível perceber o resultado na prática ao olhar para os países que representam as maiores economias na América Latina – Brasil, Colômbia, México, Argentina e Chile. Além desses países registrarem os maiores volumes de participação das vendas de comércio eletrônico na região, também são aqueles que possuem as maiores taxas de sucesso de inclusão financeira da população e grande investimento no desenvolvimento de pagamentos digitais, como é o caso dos pagamentos instantâneos no Brasil e na Colômbia.

Comércio eletrônico além das fronteiras: o foco da América Latina

Apontados os principais fatores que construíram a boa estrutura do comércio eletrônico na América Latina e que justificam a sua sobrevivência mesmo após o fim do isolamento social e da pandemia de COVID-19, é preciso dar o próximo passo para garantir que o mercado de e-commerce latino-americano não seja caracterizado como um fenômeno passageiro e, sim, consolidado no cenário global.

Um caminho possível para que o mercado de comércio eletrônico mantenha tração vertical se traduz no direcionamento de esforços para solucionar as lacunas e atrasos das transações transfronteiriças. Seguindo pela associação já estabelecida do sucesso da agenda financeira ao bom desempenho do comércio eletrônico, a resolução das barreiras ainda existentes nos pagamentos internacionais pode ser o motor principal da nova fase de expansão do e-commerce latino-americano, potencializando não só a integração nacional, mas também ampliando a vitrine para o interesse e investimento de grandes empresas e indústrias do comércio eletrônico de outros países que pretendem estabelecer seus negócios na região.

Reconhecendo essa oportunidade, algumas economias da América Latina parecem ter entendido bem a tarefa e já buscam as melhores formas de estabilizar seus mercados de comércio eletrônico para o futuro. Alinhados às orientações internacionais das vantagens de usos das CBDCs como potencializador de pagamentos internacionais, diferentes mercados regionais já têm explorado e avançado nas pesquisas e projetos pilotos de suas moedas digitais dos bancos centrais, enquanto, por outra vertente, Brasil, Colômbia, Uruguai e Peru iniciaram o desenho de um projeto de exportação do Pix brasileiro como ferramenta para facilitar e incentivar os pagamentos e o comércio transfronteiriço.

 

Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em Economia Política Internacional pela UFRJ.

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