No Brasil, as fintechs de crédito são regulamentadas desde 2018 pelo Banco Central (BC) e, desde então, mostram tendência de crescimento da sua participação no setor. Nesse sentido, é interessante notar como esses players vêm consolidando sua participação no mercado nos últimos anos, diante de um cenário conturbado de alta dos juros e da inadimplência.
Cenário de alta inadimplência é pano de fundo para consolidação das fintechs de crédito
Os números mostram uma escalada na inadimplência no Brasil nos últimos meses. Em março de 2023, o nível de inadimplência das famílias brasileiras chegou a quase 4,5%, um aumento de cerca de 1 ponto percentual, comparado com o mesmo mês do ano anterior. Quando desconsiderados os atrasos de pagamentos no cartão à vista e no consignado (modalidades que puxam a métrica para baixo), a inadimplência chegou a 11,3% no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 3 pontos percentuais em um ano.
Altas taxas de inadimplência, sobretudo em um cenário de alta taxa de juros como é o atual, tendem a pressionar o mercado de crédito, aumentando preços e dificultando a renegociação das dívidas. Para evitar que essa situação se torne uma bola de neve é importante contar com novas soluções no mercado e é interessante notar a como esse cenário tem sido pano de fundo para um processo de consolidação das fintechs de crédito nesse mercado.
Fintechs expandem sua participação no mercado de crédito
A participação das fintechs de crédito no mercado brasileiro é relativamente recente, já que sua regulamentação pelo BC tem apenas 5 anos. Nesse período, a economia mundial sofreu com a pandemia de Covid e a guerra na Ucrânia, resultando em um cenário de alta dos juros e inflação. No Brasil, essa conjuntura trouxe, ainda, um aumento dos índices de inadimplência.
Após uma pequena queda de participação no mercado no ano da pandemia, as fintechs mostram forte tendência de crescimento da sua representatividade no mercado de crédito brasileiro.
Contudo, mesmo com esse panorama adverso, um estudo do Seresa Experian sugere que as fintechs conseguiram se adaptar e melhorar suas estratégias para conceder crédito e negociar dívidas, utilizando soluções integradas para aumentar a segurança e mitigar riscos nas operações. Isso porque, após uma pequena queda de participação no mercado no ano da pandemia, as fintechs mostram forte tendência de crescimento da sua representatividade no mercado de crédito brasileiro.
Segundo o estudo, entre 2019 e 2022, a participação de fintechs e bancos digitais nas movimentações de dívidas no Brasil subiu quase 130%. O estudo também sugere que esses players conseguiram aprimorar suas ferramentas de decisão, o que contribuiu para a redução dos riscos nas operações, mesmo em um cenário com altos índices de inadimplência: de 2021 para 2022, esses agentes conseguiram dobrar a sua taxa de recuperação de crédito, chegando a recuperar praticamente 50% das dívidas que estavam inadimplentes.
Percebe-se, assim, que mesmo sendo um perfil de instituição recente no sistema financeiro brasileiro, as fintechs foram capazes de evoluir em um cenário adverso de alta inadimplência, de forma a mostrar a consolidação da sua participação no mercado de crédito.
Morgana Tolentino é pesquisadora do Instituto Propague e doutoranda em economia pela UFRJ.
Veja mais:
Digitalização bancária: como inovar sem perder o engajamento dos clientes antigos
Participação das fintechs no mercado de crédito cresce
Conheça a portabilidade de crédito e saiba como reduzir suas dívidas
@instpropague♬ Canyons