Finanças verdes na China colocam o país na liderança global

Além do alto desempenho no volume financeiro de títulos emitidos em 2023, o país também se destaca pelo aumento da qualidade e da credibilidade das suas obrigações verdes na comparação com o ano anterior.
Finanças verdes na China colocam o país na liderança global
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

Dados do mais recente relatório da CBI (sigla em inglês para Iniciativa de Títulos Climáticos), organização global sem fins lucrativos que trabalha para mobilizar capital internacional para a ação climática, apontam que, em 2023, as finanças verdes na China ocuparam a liderança mundial pelo segundo ano consecutivo.

Saiba mais sobre finanças verdes acessando aqui.

A informação se destaca não apenas pelo protagonismo da economia chinesa, afinal é segunda maior economia do mundo, como também pelo fato de o país ser o maior emissor de gases poluentes do mundo, à frente de Estados Unidos, Índia, União Europeia, Indonésia, Rússia e Brasil, segundo estudo da consultoria McKinsey.

De acordo com o relatório da CBI, que descreve o tamanho dos mercados de títulos verdes, sociais e sustentáveis, vinculados à sustentabilidade e de transição, conhecidos coletivamente como mercado de títulos GSS+, as finanças verdes na China somaram US$ 131 bilhões em emissões, rotuladas para negócios onshore e offshore, superando a Alemanha, na segunda posição, com  US$ 67,5 bilhões.

Embora os volumes de títulos verdes chineses tenham diminuído 3,5%, a publicação destaca que a qualidade e a credibilidade das finanças verdes na China aumentaram, com cerca de 64% dos negócios incluídos no Banco de Dados de Títulos Verdes e Títulos Climáticos (GBDB na sigla em inglês), um avanço em relação aos 57% registados em 2022.

Para além disso, a China é o maior mercado de obrigações verdes pelo segundo ano, registrando      volumes alinhados com a metodologia GBDB da CBI, totalizando U$83,5 bilhões provenientes de emissões onshore e offshore.

Emissões ainda são concentradas

Ao observar mais detalhadamente os números do mercado de finanças verdes na China, o relatório revela que, do lado dos emissores, o mercado de obrigações verdes em 2023 foi dominado por emissores recorrentes, que tiveram um aumento anual de quase 40%.

Desse volume, mais de 70% são de setores como finanças, indústria e serviços públicos, sendo perto de 40% atribuídos somente ao setor financeiro.

Ademais, como todos os anos, mais de 80% dos títulos verdes são oriundos de empresas estatais, sendo que, em 2023, as empresas estatais provinciais apresentaram um aumento de mais de 24%.

Enquanto isso, a contribuição das empresas não públicas para as finanças verdes na China decresceu cerca de 4% na mesma base de comparação.

Já quando se olha por região, Pequim, a capital do país, continua a liderar nacionalmente a emissão de títulos verdes, adicionando, em 2023, mais de US$37      bilhões na emissão de títulos, um aumento anual superior a 10%.

Em seguida, Xangai registrou um salto de 170% no volume de obrigações verdes no em 2023 na comparação com 2022.

Vale mencionar que emissores de outras regiões também registaram um crescimento salutar nos volumes de emissão de obrigações verdes, contribuindo para as finanças verdes na China com montante total ao final do período de mais de US$83 bilhões, US$7,7 bilhões a mais no período.

Padrões internacionais e as finanças verdes na China

O relatório do CIB também menciona o alinhamento do mercado de finanças verdes na China com os padrões internacionais.

Nesse sentido, destaca os Princípios de Títulos Verdes da China (CGBP na sigla em inglês), lançados em julho de 2022 pelo Comitê de Padrões de Títulos Verdes, órgão criado para promover ativos de alta qualidade domesticamente em consonância com os requisitos externos.

De lá para cá, a publicação chama a atenção para a taxa de alinhamento de destinação de recursos dos títulos verdes chineses, que aumentou para mais de 98% em 2023, com a CIB estimando que em breve o país alcance 100%.

Ao mesmo tempo, do lado da taxonomia, o relatório salienta a CGT (sigla em inglês para Taxonomia de Terreno Comum na tradução direta). Esse instrumento, faz uma comparação aprofundada entre as classificações verdes chinesa e da União Europeia, mapeando os pontos comuns e as diferenças entre elas, criando assim uma importante peça de infraestrutura política para as finanças verdes na China.

 

Veja mais:

Finanças verdes crescem na Ásia, mas gerenciamento de dados é um desafio

Investimentos verdes: a mobilização de forças nacionais e internacionais para reduzir o risco cambial

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!