Ciberataques e os riscos para o sistema financeiro

Os ciberataques, uma ameaça crescente, podem comprometer a estabilidade financeira global. Estima-se que os custos totais desses crimes ultrapassem US$ 10 trilhões até 2025.
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Morgana Tolentino
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Os ciberataques estão entre os dez maiores riscos globais da atualidade, com estimativas de que os custos globais desses crimes devem passar dos 10 trilhões de dólares em 2025. Nesse contexto, um setor que pode sofrer fortes consequências é o setor financeiro. Além do custo monetário direto de sofrer um ciberataque, o Fundo Monetário Internacional (FMI) chama atenção para a preocupação com a resiliência e estabilidade financeira global conforme esses crimes crescem em ocorrência e em complexidade.

O crescimento dos ciberataques 

O desenvolvimento da digitalização e o seu crescimento exponencial a partir da pandemia trouxe consigo também o aumento dos crimes cibernéticos. Só no primeiro semestre de 2024 cerca de 1 bilhão de pessoas tiveram dados expostos em ciberataques, segundo a Cybercrime Magazine. 

Além disso, estudo da Cybersecurity Ventures prevê um crescimento médio de 15% ao ano nos custos desses ataques ao longo da década de 2020. Diante desse cenário, a situação do sistema financeiro levanta especial preocupação, pois cerca de 20% do total de ciberataques são direcionados a players do setor financeiro. 

Por lidar com dados sensíveis, relativos a patrimônio e transações financeiras dos clientes, o setor acaba sendo muito visado para esse tipo de crime cibernético. O FMI estima uma perda global de cerca de 12 bilhões de dólares em decorrência dos mais de 22 mil ciberataques sofridos pelo sistema financeiro desde 2004 e aponta que as perdas extremas decorrentes desses ataques quadruplicaram nos últimos 7 anos.

Contudo, mais do que a preocupação com as perdas diretas oriundas de ciberataques, a entidade internacional demonstrou especial preocupação com os riscos relacionados à estabilidade financeira. Caso sucessivos ataques, ou um grande ataque a uma grande instituição, venham a corroer a confiança no sistema, isso poderia levar às temidas corridas bancárias, comprometendo a estabilidade financeira. 

FMI alerta para riscos à estabilidade financeira

É verdade que ainda não ocorreu nenhuma grande corrida bancária em decorrência de ciberataques, mas relatório publicado pela autoridade identificou que ocorreram saques persistentes por parte dos correntistas após um ataque cibernético sofrido por uma instituição financeira pequena dos EUA.

O caso é um alerta de atenção com relação à estabilidade financeira global, pois compromete a solvência das instituições financeiras, podendo produzir um efeito em cadeia que se espalhe para todo o sistema financeiro, gerando uma crise sistêmica. Os ciberataques também podem comprometer diretamente serviços essenciais, como, por exemplo, levar a uma interrupção dos serviços de pagamentos, afetando a economia como um todo.

Assim, é importante que as autoridades financeiras trabalhem em estratégias nacionais de segurança cibernética, com regulamentação direcionada a endereçar os riscos envolvidos. Dada a natureza global da tecnologia e a rapidez da sua evolução, o FMI também aponta para a importância da cooperação internacional para lidar com a questão de forma coordenada e indica revisões periódicas das estratégias, atualizando a rota quando necessário. 

Por fim, é importante que as instituições financeiras sejam capazes de aprimorar suas defesas cibernéticas e oferecer soluções rápidas e eficazes em caso de ataques para manter a credibilidade do sistema financeiro perante a população.

 

Morgana Tolentino é pesquisadora do Instituto Propague e doutoranda em economia pela UFRJ.

 

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