Está mais do que comprovado que a inteligência artificial (IA) possui aplicações abrangentes nos mais diversos setores. Quando se olha para o comércio, a projeção que se faz é que, até 2032, a aplicação da IA no mercado de varejo poderá experimentar uma taxa de crescimento anual composta superior a 30%, alcançando mais de US$ 100 bilhões investidos no setor ao final do período, segundo uma pesquisa da Global Market Insights (GMI).
Todo esse avanço, aponta o estudo, será impulsionado pelo uso extensivo de tecnologias de identificação de produtos, visão computacional e análise de big data.
Para se ter uma ideia, no caso da visão computacional, campo da IA que utiliza o “machine learning” e as redes neurais para treinar computadores e sistemas a obterem informações em vídeos ou imagens, os benefícios vão desde a obtenção de recomendações a ações corretivas quando erros ou problemas são identificados.
Como resultado, vários segmentos do varejo, como o de saúde, automotivo e manufatura, estão cada vez mais integrando estas e outras tecnologias ligadas à IA para realizar tarefas cotidianas, transformando atividades como compras e o abastecimento em rotinas inteligentes.
Para além disso, a ascensão da geração Z resultou na criação de uma base de consumidores mais familiarizada com a tecnologia e mais amigável a dispositivos móveis, com forte preferência pelas compras online, o que também tende a encorajar os comerciantes tradicionais a adotar mais soluções e serviços de IA no mercado de varejo.
Em paralelo, os checkouts automáticos, sem a necessidade de um operador de caixa, são outro grande benefício da integração de IA no mercado de varejo, alimentando esse crescimento.
Tecnologias, componentes e aplicações de IA no mercado de varejo
Conforme o relatório, entre as tecnologias associadas à IA, o segmento da visão computacional detinha mais de 15% de participação da IA no mercado de varejo em 2022. Contudo, mesmo sem mencionar um percentual mais atualizado, a publicação afirma que o uso predominante dessa tecnologia por comerciantes para vários aplicativos em loja, visando competir com seus rivais online, está impulsionando a demanda do mercado.
Já com relação aos componentes de IA, o que inclui soluções como chatbots, rastreamento de comportamento do cliente, gerenciamento de estoque, otimização de preço, mecanismo de recomendação, gerenciamento da cadeia de suprimentos e outros, espera-se que adoção da IA no mercado de varejo cresça a uma taxa anual composta de 30% até 2032.
Nesse cenário, estima-se que as soluções de otimização de preço estão prontas para acumular ganhos substanciais no período analisado, pois as empresas estão se tornando cada vez mais competitivas para estender seu alcance ao cliente, devido à diferenciação de produtos em declínio, resultante do uso crescente de plataformas de comércio eletrônico.
Além disso, com o boom do ecommerce, as empresas estão alavancando a IA para determinar preços ideais a fim de impulsionar suas vendas, o que também deve contribuir para a adoção desse tipo de solução.
Ao passo que a ampla utilização de soluções analíticas para ampliar a base de clientes e oferecer uma melhor experiência também deve facilitar a expansão do segmento de componentes subjacentes à IA no mercado de varejo.
Enquanto isso, em termos de aplicação, o segmento de publicidade programática (compra e venda automatizadas de espaço publicitário online) se destaca, devendo ultrapassar US$ 25 bilhões dentro dos próximos dez anos.
Isto porque, com o atendimento via múltiplos canais (omnichannel), os consumidores podem ser alcançados mais eficazmente por meio desse tipo de publicidade, que entrega mensagens continuamente personalizadas em grande escala.
Reflexos da pandemia de Covid-19
Outra constatação da pesquisa empreendida pela GMI é que a pandemia da Covid-19 teve um impacto favorável no crescimento da IA no mercado de varejo.
Conforme disse, isso levou muitos varejistas de lojas físicas a também ingressarem no comércio eletrônico, reforçando a adoção de estratégias omnichannel e análises de mercado automatizadas.
Com isso, foi possível, por exemplo, a retirada de produtos sem contato, sistemas de reserva em lojas online, entrega de refeições e o desenvolvimento de negócios online autônomos durante o período de isolamento e distanciamento social, o que até hoje influencia positivamente a receita do mercado de IA no varejo.
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