Desde que o Banco Central (BC) lançou o Pix, em novembro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro coleciona muitas conquistas. Além de um avanço surpreendente, configurando-se atualmente como um dos meios de pagamentos preferidos da população – sucesso que despertou até mesmo o interesse internacional -, a ferramenta também se destacou pelo impulso significativo à inclusão financeira no país.
É para o que chamou a atenção Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, ao participar, em novembro último, da LiveBC #39, onde apresentou uma análise do Pix em seus quatro anos de atividade, assim como comentou sobre as novidades da agenda evolutiva.
Conforme disse, ao longo desse período, é notável a adoção do Pix pelos pequenos comerciantes, que, antes do seu advento, relataram dificuldades para oferecer um meio de pagamento que fosse digital.
Ao mesmo tempo, emendou, merece destaque como o Pix também possibilitou trazer para o Sistema Financeiro Nacional (SFN) um grande volume de pessoas que habitam áreas remotas do Brasil.
Para corroborar essas afirmações, Gomes citou dados da edição mais recente do Relatório de Economia Bancária (REB), referindo-se à inclusão financeira favorecida pelo Pix.
Segundo o REB, a fração de usuários ativos do SFN aumentou 97% entre 2018 e 2023, período analisado pela publicação. Enquanto em 2018 existiam cerca de 77 milhões de pessoas físicas incluídas ativamente no SFN (quase 47% da população adulta), ao fim do período eram 152 milhões (aproximadamente 88% dos brasileiros adultos), ou seja, praticamente o dobro do número inicial.
Já quando se olha para a parcela de pessoas jurídicas inclusas no SFN, que também abrange os microempreendedores individuais, o crescimento foi ainda maior, contabilizando alta superior a 240%, saindo de pouco mais de 3 milhões para quase 12 milhões em igual intervalo de tempo.
Transformação do mercado de pagamentos
Além do estímulo à inclusão financeira, o diretor do BC enalteceu a forma como o Pix revolucionou o mercado de pagamentos no país, ao rapidamente fazer parte do dia a dia da população, crescendo de forma vertiginosa, diferentemente de sistemas análogos implementados em outras jurisdições.
Segundo Gomes, ao final do segundo semestre de 2021, quando o Pix completava um ano em operação, o sistema de pagamentos instantâneos do BC respondia por apenas 13% do total das transações financeiras feitas digitalmente no Brasil, ao passo que em igual período de 2024, essa proporção chegou a 45%, representando um avanço de mais de três vezes.
Nesse ínterim, acrescentou, o Pix tirou de cena o DOC (Documento de Crédito), forma de transferência bastante popular no país, que deixou de ser ofertado pelos bancos no início de 2024.
Enquanto isso, Gomes afirmou que também por conta do Pix, entre 2018 e 2023, a TED (Transferência Eletrônica Disponível) registrou queda de mais de 30% na quantidade de transações, recuando de 1,3 bilhão de operações para menos de 900 mil.
Enquanto isso, considerando igual período, ele apontou que os pagamentos via débito em conta por meio de cartão diminuíram de 21%, no segundo trimestre de 2021, para cerca de 13% em igual intervalo de tempo em 2024.
Nesse contexto, destacou que, em seu mês de lançamento, o volume de transações através do Pix saiu de 1,6 milhão em um único dia, para quatro anos depois, atingir 227 milhões. No entanto, de acordo com Gomes, a média diária normalmente contabilizada é de 187 milhões de transferências.
Encaminhamento da agenda evolutiva do Pix
Juntamente com o impulso à inclusão financeira e as transformações no mercado de pagamentos, o diretor do BC também falou sobre as implementações que vão pautar o futuro da ferramenta. Nesse sentido, ele citou especificamente o Pix por aproximação, o Pix Automático e a nova edição do Mecanismo Especial de Devolução (MED).
No que diz respeito à primeira funcionalidade, Gomes lembrou que, nesse primeiro momento, o Pix por aproximação está disponível parcialmente, mas que estará completamente em operação em fevereiro de 2025.
Quanto ao Pix automático, ele afirmou que a novidade será lançada em meados de junho de 2025. Por meio dessa aplicação, disse, pagamentos recorrentes, a exemplo de contas de energia e de telefone, poderão ser programados de forma simples e sem burocracia, diferentemente de como ocorre hoje para colocar contas dessa natureza em débito automático.
De acordo com o executivo, no caso do Pix Automático, não será necessário nenhum tipo de convênio entre as empresas prestadoras de serviço e os bancos.
Por fim, ao tratar do aprimoramento do MED, ele disse que a segunda versão do mecanismo está programada para ser lançada no primeiro trimestre de 2026, a qual permitirá que as instituições financeiras possam rastrear a movimentação de dinheiro via Pix mais eficientemente.
Além disso, Gomes afirmou que, a partir de 2025, somente instituições autorizadas e por sua vez supervisionadas pelo BC poderão fazer parte da plataforma do Pix.
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