O salto na preferência por pagamentos digitais, com os consumidores esperando cada vez mais soluções de pagamento integradas às suas atividades cotidianas, está levando as empresas dos mais diversos setores a incorporar serviços financeiros em suas plataformas, adotando o que ficou mundialmente conhecido como embedded finance ou finanças incorporadas na tradução direta.
Como resultado, o sucesso do embedded finance é tanto que, segundo uma pesquisa recém-publicada pela consultoria Global Marketing Insights (GMI), a inovação deverá crescer a uma taxa anual composta da ordem de 23,3% até 2034, alcançando um valor global de mercado de pouco mais de US$ 834 bilhões ante a avaliação atual, orçada em US$ 104,8 bilhões.
De acordo com a publicação, tamanho crescimento se justifica pelo uso generalizado de carteiras móveis, de pagamentos sem contato e pela crescente adoção de transações digitais em todos os grupos demográficos, criando, dessa forma, um ambiente propício para a consolidação do embedded finance em todo o mundo.
Para além disso, acrescenta, os avanços nas soluções de banking-as-a-service (ou banco como serviço na tradução livre) também contribuíram para diminuir as barreiras à entrada de empresas não financeiras na oferta de serviços bancários.
Isto porque, essas plataformas fornecem toda infraestrutura necessária pronta para uso, atendendo aos requisitos de conformidade de cada jurisdição, assim como incorporando APIs (sigla em inglês para interfaces de programação de aplicativos), o que permite economia de tempo e custo e tornando o embedded finance uma opção viável para organizações de todos os portes.
Para obter esses e outros dados, a GMI investigou os 20 principais players do setor em atuação em 21 países, entre eles o Brasil, localizados nas Américas, Europa, Oriente Médio, África, Ásia e na região do Pacífico.
As maiores promessas em embedded finance
De acordo com o estudo, quando se olha para a oferta do serviço, o mercado de embedded finance é segmentado em pagamentos, empréstimos, seguros, investimentos e serviços bancários.
Entre essas segmentações, em 2024, os pagamentos incorporados responderam por quase a metade (mais de 45%) do mercado global de embedded finance, devendo manter a liderança e alcançar uma fatia calculada em US$ 400 bilhões até 2034.
Conforme o exposto, o serviço está passando por uma transformação significativa com a integração de soluções DeFi (finanças descentralizadas), permitindo que as plataformas forneçam serviços financeiros baseados em blockchain, como por exemplo pagamentos em criptomoedas e empréstimos. Isto, por sua vez, elimina a dependência de intermediários bancários tradicionais, atraindo consumidores experientes em tecnologia e, ao mesmo tempo, impulsionando a inclusão financeira em mercados mal atendidos.
Paralelamente, o avanço da inteligência artificial está facilitando a hipersonalização na oferta de serviços em todas as plataformas, ao alavancar os dados dos consumidores.
Já com base no uso final das soluções de embedded finance, esse mercado é dividido em varejo, logística, manufatura, saúde, viagens, entretenimento e outros.
Porém, o segmento de maior destaque é o de varejo, o qual espera-se que ultrapasse US$ 240 bilhões em até dez anos, tendo em vista alguns fatores tidos como chave.
Segundo a pesquisa, as finanças incorporadas estão transformando programas de fidelidade das empresas de varejo ao integrar produtos financeiros como recompensas aos clientes.
Enquanto isso, os varejistas adotam cada vez mais carteiras digitais e cartões de crédito de marca compartilhada, ofertando pontos que podem ser convertidos em descontos ou cashback.
Tudo isso, avalia a publicação, aumenta o engajamento dos usuários e fornece percepções valiosas sobre padrões de gastos e compras.
Tendências e oportunidades
O estudo da GMI sobre o mercado de embedded finance também contemplou uma análise das principais tendências e oportunidades envolvendo o setor.
Nesse sentido, descobriu-se que a maior a oferta de pagamentos financiados por meio de BNPL (sigla em inglês para compre agora, pague depois), modalidade de crédito que está migrando do ponto de venda para integrar aplicativos financeiros mais avançados, está acelerando a adoção das finanças incorporadas em setores como saúde, educação e transações entre empresas (B2B na sigla em inglês).
Isto se deve, conforme a publicação, ao aproveitamento de análises mais avançadas e do uso da inteligência artificial, por meio dos quais os provedores do serviço estão aprimorando a precisão da avaliação de crédito e oferecendo termos de pagamento personalizados.
Além do que, esse avanço também estar sendo impulsionado pela evolução das preferências do consumidor e pela demanda contínua por opções de pagamento flexíveis.
Enquanto isso, a pesquisa destaca que a crescente integração e distribuição de serviços financeiros por empresas não financeiras ampliou potencialmente as violações de segurança e fraudes. Afinal, o envolvimento de vários parceiros e serviços introduz vulnerabilidades adicionais que exigem gerenciamento proativo.
Consequentemente, orienta-se que as organizações devam alocar recursos substanciais a fim de implementar medidas de segurança mais avançadas, como a adoção de sistemas de detecção de fraudes, bem como investir na realização de auditorias de cibersegurança regularmente.
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