O e-commerce além da pandemia
Uma pesquisa do Banco de Compensações Internacionais (BIS) mostra que, com a pandemia do Covid-19, o nível de adoção do e-commerce cresceu pelo mundo e aproximou países. Segundo os pesquisadores, o crescimento do comércio eletrônico foi maior em países que tiveram políticas de isolamento social mais severas e onde o e-commerce era inicialmente menos desenvolvido.
A expectativa é que no futuro, mesmo com o fim da pandemia, mais pessoas comprem online. Segundo a pesquisa, a porcentagem de consumidores que pretendem comprar na internet após a pandemia cresceu entre abril e julho de 2020 em amostra que inclui Brasil e em outros 17 países. Além disso, a porcentagem de transações em cartão não-presenciais continuou acima do nível pré-COVID mesmo após o relaxamento das medidas de isolamento.
Os economistas do BIS apontam para uma tendência de mudança estrutural no varejo: as próximas décadas vão ser marcadas pela participação cada vez maior das gerações de consumidores mais novos, que estão mais habituados ao mundo digital e realizam mais compras no e-commerce. Assim, o mercado pode esperar um futuro muito mais online para o varejo.
Meios de pagamentos digitais fazem sucesso no e-commerce brasileiro
Com relação ao cenário brasileiro, um estudo publicado pela EBANX estima que 49% dos brasileiros realizaram compras pela Internet no início de 2020 e que esse número tenha subido para 61% em dezembro do mesmo ano.
O crescimento do e-commerce no Brasil ocorre principalmente por celulares. Foi estimado um crescimento de 16% do e-commerce via mobile e apenas 3% para o e-commerce realizado em computadores.
A adoção do e-commerce por meio de aplicativos móveis varia de acordo com os players. A análise das vendas dos 10 maiores players do e-commerce na América Latina mostra que Mercado Livre e Amazon BR ainda têm maioria de vendas em desktop, enquanto Americanas, OLX, Magalu e Casas Bahia já realizam mais de 60% das vendas via mobile.
O mesmo relatório apresentou resultados de uma pesquisa realizada junto aos consumidores brasileiros que realizam compras em sites internacionais. O boleto despontou como meio de pagamento preferido, selecionado por 68% dos respondentes. O cartão de crédito ficou em segundo lugar, com 56%. A possibilidade de parcelar pagamentos foi uma das principais qualidades apontada pelos respondentes que utilizam cartão.
Quais métodos de pagamento você prefere usar para compras em sites internacionais? (%)
Boleto bancário é o meio de pagamento preferido do e-commerce brasileiro. Fonte: EBANX Beyond Borders 2020/2021.
Um terço dos respondentes que selecionaram boleto como opção costumam pagar o boleto impresso presencialmente em uma lotérica, mercado ou agência bancária, contra 56% que utilizam apps bancários.
Esses números mostram a ambiguidade da digitalização do varejo no Brasil. Apesar da maior adesão às compras pela Internet, especialmente por meio de smartphones, muitas pessoas ainda recorrem a pagamentos presenciais – seja por causa do baixo acesso a serviços bancários no país, seja pela restrição na oferta de métodos de pagamentos por parte dos varejistas.
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Fintechs atendem mercado digital em expansão
Inovações como os boletos recorrentes e o aumento de funcionalidades do Pix podem ajudar as lojas virtuais a oferecerem mais opções de pagamentos em suas lojas virtuais e atender às necessidades dos consumidores brasileiros. As projeções de crescimento do e-commerce reforçam o campo para atuação de fintechs de pagamentos.
Segundo levantamento do Scape Report E-commerce 2020/2021, existem quase 600 empresas que atendem o e-commerce brasileiro, dentre as quais 46 que atuam diretamente na área de pagamentos. Foram contabilizadas 5 startups de conciliação financeira, 10 plataformas de cashback e 31 empresas atuando em gateways e meios de pagamento.
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