As fintechs de crédito estão crescendo e prometem resolver dores enfrentadas por brasileiros em busca de financiamento.
O bom funcionamento do mercado de crédito é fundamental para uma economia saudável em qualquer momento, mas ainda mais durante uma crise como a que vivemos durante a pandemia. Segundo a pesquisa Financiamento dos pequenos negócios no Brasil do SEBRAE, a demanda por novos empréstimos por parte das micro e pequenas empresas mais que dobrou entre 2019 e 2020.
Nesse contexto, houve uma expansão das fintechs de crédito, conforme revela o Distrito Inside Fintech Report. Em 2020 as fintechs de crédito movimentaram R$ 4 trilhões em crédito para empresas e pessoas físicas e receberam aportes de capital de mais de US$ 352 milhões, 13% acima do registrado em 2019.
O mercado de crédito brasileiro é caracterizado por altas taxas de juros e burocracias frequentemente consideradas excessivas por quem procura um financiamento. Com o uso intensivo da tecnologia que é próprio das fintechs, startups não só competem com os bancos tradicionais em taxas e condições especiais para a oferta de crédito, mas principalmente melhorando a experiência dos usuários.
Em levantamento da PwC Brasil e da Associação Brasileira de Crédito Digital, 48% das fintechs entrevistadas analisam o risco de uma proposta de crédito em até uma hora. Em 64%, a aprovação do crédito ocorre em até 24h após a solicitação do empréstimo.
O panorama das fintechs de crédito no Brasil
Internacionalmente, 2015 foi o ano com o maior número de novas fintechs de crédito criadas, conforme reporta estudo feito pela Distrito Dataminer. No entanto, no Brasil, esse movimento é mais recente. Segundo esse mesmo estudo, existem hoje 142 fintechs no mercado de crédito brasileiro – e quase 70% delas nasceram nos últimos 5 anos.
Existem diferentes modelos de negócios para startups de crédito. Elas podem funcionar como marketplaces, por exemplo, ofertando em sua plataforma produtos de crédito de outras instituições. Outra inovação é o modelo lending-as-a-service, em que a fintech presta serviços para marcas consolidadas no varejo que desejam incluir produtos de crédito no seu portfólio.
Segundo a Distrito Dataminer, as fintechs de crédito mostram uma tendência a se especializar em nichos de mercado, seja um público específico, seja um setor da economia. No primeiro momento, a preferência das startups foi apostar em soluções para outras empresas (B2B), mas soluções para consumidores tiveram crescimento desde a nova regulamentação que permite empréstimos entre pessoas físicas (peer-to-peer lending).
O papel da regulação no fomento à inovação no mercado de crédito
Com as resoluções CMN n° 4.656 e CMN n° 4.657 de abril de 2018, foram criadas duas categorias em que as fintechs de crédito podem se enquadrar para obter autorização do Banco Central: Sociedade de Crédito Direto (SCD) e Sociedade de Empréstimo entre pessoas (SEP).
O mapeamento realizado pela Distrito mostra que um terço das fintechs de crédito existentes surgiram após a mudança na regulação do Banco Central em 2018, ainda que nem todas busquem a autorização para atuar como SCD ou SEP.
A Sociedade de Empréstimo entre pessoas põe em contato pessoas que disponham de recursos para investir e pessoas que estão buscando financiamento, atuando apenas como intermediária. Já a Sociedade de Crédito Direto se caracteriza pela oferta de operações de crédito com recursos próprios por plataformas online.
Em fevereiro de 2021 havia 52 fintechs de crédito autorizadas pelo Banco Central. Destas, 9 estão na categoria Sociedade de Empréstimo entre Pessoas e 43 são Sociedades de Crédito Direto. Em dezembro de 2019, apenas 15 fintechs estavam autorizadas pelo BC nesses dois segmentos, o que mostra que a pandemia não impediu o avanço da inovação no mercado.
Fintechs de crédito se beneficiam de outras medidas do Banco Central
Além do incentivo à atuação das fintechs com a criação das duas categorias autorizadas, outras ações do BC também fortalecem o ecossistema de fintechs, particularmente no segmento de crédito. Com o Open Banking, as fintechs poderão acessar mais dados para compor seus scores de crédito, conhecer melhor seus clientes e oferecer produtos mais adequados a cada um.
Outras iniciativas importantes são o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT Lab) e sua spin-off LIFT Learning, em que startups selecionadas desenvolvem soluções inovadoras com o apoio de reguladores e pesquisadores. A Bxblue, por exemplo, é uma fintech voltada ao mercado de crédito consignado que participou da primeira edição do LIFT Learning em 2020 e recebeu um investimento de 6,9 milhões de dólares em fevereiro deste ano.
| Confira aqui a entrevista que realizamos com os coordenadores do LIFT Learning
Quer saber mais sobre fintechs, seus segmentos de atuação e como elas estão mudando o cenário do sistema financeiro? Confira aqui nosso curso 100% online e gratuito