Mercado de pagamentos: o que é e como funciona?

Os meios de pagamento fazem parte do dia-a-dia de todos e o mercado de pagamento com cartões já movimenta R$ 2 trilhões por ano. Com inovações surgindo constantemente, é importante entender seu funcionamento.
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Instituto Propague
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Na última década, o mercado de pagamentos ganhou destaque no sistema financeiro com o surgimento de diversas fintechs no setor e expansão do uso de cartões de débito e crédito, que correspondem hoje a 46,4% do consumo das famílias. Entenda quem o compõe e como ele funciona.

Quais são os meios de pagamento?

O meio de pagamento é a forma que o consumidor escolhe usar para remunerar o vendedor pela compra do produto, que pode ser dinheiro, cartões de crédito e débito, boletos, transferências e, mais recentemente, os pagamentos digitais, como o Pix.

O mais tradicional e ainda muito usado no Brasil é o dinheiro: em 2019, 71% dos brasileiros indicaram ser o principal meio que utilizavam em pesquisa do Instituto Locomotiva. O boleto também tem grande popularidade no Brasil devido ao fato de o consumidor não precisar ter uma conta no banco ou um cartão para fazer o pagamento. Em um país com aproximadamente 45 milhões de pessoas sem conta no banco, isso acaba sendo um diferencial.

Ainda assim, o meio de pagamento de destaque das últimas décadas, tanto no Brasil como no mundo, têm sido os cartões. Eles são meios eletrônicos de pagamento emitidos por instituições financeiras que dão ao titular acesso aos recursos em uma conta. Ganharam escala a partir da década de 1990 e, hoje, quando se fala em mercado de pagamentos refere-se aos participantes da cadeia que viabilizam o processamento de pagamentos eletrônicos. O destaque e popularidade aparecem nos números: segundo a ABECS, os pagamentos em cartões movimentaram mais de R$ 2 trilhões em 2020.

Mercado de pagamentos com cartões: quem são os atores e como interagem?

No seu formato mais comum, o esquema aberto, o processo de pagamento com cartões envolve três agentes, cada um responsável por uma parte do fluxo que vai desde o ato de pagamento pelo consumidor até o recebimento do dinheiro pelo lojista. São eles: os emissores, as bandeiras e as credenciadoras.

Os emissores fornecem o cartão para o consumidor e se encarregam da relação mais direta com ele. É quem habilita, identifica e autoriza o pagamento, libera o limite de crédito ou saldo em conta corrente, fixa encargos, cobra na fatura e outros. Os maiores emissores de cartões no momento são Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander. As fintechs, no entanto, têm crescido e feito pressão no setor.

Credenciadoras (ou adquirentes) cadastram estabelecimentos para que possam aceitar cartões como forma de pagamento e capturar as compras por meio dos pontos de venda, conhecidos como “maquininhas”. Elas também são responsáveis pela comunicação da autorização e liquidação da compra. É possível, então, dividir suas funções em:

  • credenciamento das lojas;
  • captura da transação;
  • comunicação da autorização;
  • liquidação.

Alguns exemplos de credenciadoras são: Cielo, Rede, GetNet e Stone.

Já as bandeiras são consideradas a “espinha dorsal” do processo: elas conectam adquirentes e emissores de cartão, autorizando transações e garantindo efetivação. Também são responsáveis pela definição das normas de segurança e tarifas, além do fornecimento de infraestrutura básica do sistema de pagamentos. Algumas bandeiras são Visa, Mastercard, Elo e Hipercard.

A interação entre os atores ocorre da seguinte forma: o consumidor entra na loja para realizar uma compra e entrega o cartão que recebeu do emissor para o caixa. O lojista, então, passa o cartão na maquininha que recebeu da credenciadora. A maquininha faz a captura da compra para que a bandeira possa fazer a ponte entre os dois lados do mercado: o do consumidor pagador e o do lojista recebedor. A bandeira, então, contata o emissor para verificar se a transação deve ser autorizada e, em caso positivo, a credenciadora comunica essa autorização.

O consumidor, então, sai com seu produto e, no prazo determinado pelas regras da bandeira, a credenciadora liquida a compra e entrega o dinheiro (chamado aqui de recebível) ao lojista.

Mercado de pagamentos: o que é e como funciona?

Fonte: Ragazzo, 2020

Taxa de desconto: a remuneração dos agentes no mercado de pagamentos

Em todo esse processo, é importante saber quem paga o quê para quem, uma vez que os agentes precisam ser remunerados pelos serviços prestados. Essa remuneração se chama taxa de desconto, também conhecida pela sigla MDR. Ela é um percentual do valor da transação e é paga pelo estabelecimento à credenciadora.

A taxa de desconto é dividida em três componentes:

  • taxa de intercâmbio
  • tarifa de bandeira
  • Net-MDR

A instituição emissora fica com o intercâmbio, principal componente e maior porcentagem do total do MDR. A bandeira fica com a tarifa de bandeira e a credenciadora fica com o Net MDR, que nada mais é do que a diferença entre o valor que ela cobra do estabelecimento comercial e a soma das duas outras tarifas.

MDR

Fonte: Ragazzo, 2020

Foi toda essa estrutura, que possibilitou o avanço dos pagamentos eletrônicos, que  está por trás da indústria de pagamentos como é compreendida hoje. O processo de expansão desta na última década resultou em um mercado extremamente relevante para a economia nacional, chegando a movimentar quase ⅓ do PIB. 

 

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