Banco Central Europeu aperta o cerco sobre riscos climáticos na Zona do Euro

Na avaliação da autoridade monetária, as instituições sob sua supervisão ainda precisam fazer mais em relação à ação climática e não estão cumprindo as expectativas e os prazos há muito definidos.
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Equipe Propague
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Mais especificamente nos três últimos anos, bancos centrais em todo o mundo vêm definindo regulamentações próprias para enfrentar a crise climática, promovendo a transição energética sustentável e a resiliência diante dos riscos relacionados. Na Europa não tem sido diferente, com o Banco Central Europeu capitaneando esse processo.

Desde que os formuladores de políticas da União Europeia (UE) aprovaram um plano de ação, em 2021, como parte de uma estratégia mais ampla para mitigar os efeitos decorrentes das mudanças do clima, estimulando a descarbonização da economia, o Banco Central Europeu (BCE) vem trabalhando na definição e coordenação dos esforços visando a contribuição do setor financeiro para o atingimento desses objetivos.

Entretanto, segundo a própria autoridade monetária, apesar de os bancos sob a sua supervisão sinalizarem algum progresso no combate aos riscos climáticos, eles precisam fazer mais.

Nesse sentido, em junho deste ano, Claudia Buch, supervisora ​​bancária do Banco Central Europeu, declarou que a autarquia estava pronta para forçá-los a agir, se necessário.

Conforme disse, quase todos os bancos veem as ameaças climáticas e ambientais como riscos financeiros materiais e estariam ajustando sua gestão de riscos passo a passo. Porém, ainda havia muito trabalho pela frente, e se eles não atendessem às expectativas de supervisão, medidas aplicáveis poderiam ser tomadas.

Penalidades financeiras

Agora, passados quatro meses desde a declaração, o Banco Central Europeu resolveu efetivamente apertar o cerco. De acordo com Irene Heemskerk, chefe do centro de mudanças climáticas da autoridade monetária, o BCE está emitindo multas para os bancos que não estão atendendo às expectativas climáticas há muito definidas sobre divulgação e gerenciamento de risco climático.

Segundo ela, alguns bancos não cumpriram os prazos provisórios sobre avaliação de materialidade, entre outros indicadores, e isso tende a afetar o cumprimento da data-alvo de fim de ano, tanto que já foram emitidos pagamentos periódicos de multas.

Ainda de acordo com  Heemskerk, os pagamentos reais não entram em vigor imediatamente, mas os bancos terão que pagar se não cumprirem seus prazos corretivos. 

Já quanto a valores, foi dito que as multas dependem dos lucros ou do tamanho de cada instituição, podendo, consequentemente, resultar em cifras substanciais.

Tamanho do impacto para o setor bancário e a economia

Em um artigo publicado pelo Banco Central Europeu em seu “Boletim Econômico”, a autoridade monetária apontou que os riscos para os bancos e para a economia por conta da crise climática em geral são imensos.

Na publicação, a autarquia destacou que se o mundo seguir a trajetória de emissão de CO2 que vem trilhando, e continuar exercendo forte pressão sobre a biodiversidade, o prejuízo para os bancos poderá ser, em média, quase três vezes acima do que seria em um cenário futuro de eficiência de recursos alinhados ao Acordo de Paris.

Nesse cenário, o Banco Central Europeu declarou que as maiores perdas ocorreriam na Alemanha, dada a dependência dos setores econômicos mais fortes do país à biodiversidade.

Plano climático do Banco Central Europeu para o biênio 2024-2025

No início desse ano, ao fazer um balanço do progresso alcançado desde a definição de sua agenda climática de 2022, o Banco Central Europeu decidiu expandir seu trabalho acerca do tema.

Para isso, ao definir seu plano climático para o biênio 2024-2025, destacou três áreas-foco: implicações da transição verde, impacto físico das mudanças climáticas e riscos que a perda e a degradação da natureza representam para a economia.

Conforme o Banco Central Europeu, com base nas lições aprendidas, o plano descreve, além das áreas-chaves que vão fundamentar suas atividades no período, em que atividades os esforços serão ampliados, como, por exemplo, no incremento das análises macroeconômica e de política monetária; reforço da supervisão bancária e de estabilidade financeira; aprimoramento dos dados relacionados com o clima; e aperfeiçoamento da sustentabilidade no âmbito da autarquia, trabalhando para reduzir a pegada ambiental de suas próprias operações e portfólios financeiros não monetários.

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