Investimentos verdes: a mobilização de forças nacionais e internacionais para reduzir o risco cambial

Aliança internacional para reduzir o risco cambial e estimular investimentos verdes no Brasil: como essa colaboração pode moldar a transição para uma economia sustentável no país?
Investimentos verdes: a mobilização de forças nacionais e internacionais para reduzir o risco cambial
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Marina Bastos
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Em fevereiro de 2024, forças nacionais e internacionais se uniram com o objetivo de reduzir o risco cambial para impulsionar investimentos verdes no Brasil. Essa mobilização surgiu a partir do entendimento de que é fundamental controlar a incerteza em relação ao câmbio para permitir a entrada de investimentos externos sustentáveis no país. Ficou evidente, nesse contexto, a necessidade de articulação entre atores nacionais e internacionais para a mitigação e a adaptação das mudanças climáticas.

Investimentos verdes e o risco cambial

O risco cambial é um fator de incerteza para os investidores externos quando consideram o investimento em mercados emergentes, como o brasileiro. Essa incerteza ajuda a explicar o déficit observado no investimento em infraestrutura sustentável e outros projetos verdes de grande escala.

Se comparado ao Dólar ou ao Euro, por exemplo, o Real é muito volátil. Assim, o custo de proteção cambial para longo prazo é alto, o que dificulta investimentos sustentáveis em moeda estrangeira. Além disso, são raras as opções de proteção para períodos maiores que 10 anos no Brasil.

Assim, como parte da iniciativa Plano de Transformação Ecológica do Brasil, autoridades nacionais junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentaram, em reunião do G20, o Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial (Eco Invest Brasil) para incentivar investimentos externos sustentáveis por meio da redução do risco cambial.

Como funcionará a iniciativa em prol dos investimentos verdes

A iniciativa procura viabilizar que empresas e investidores sediados no Brasil captem recursos no exterior por meio de operações no mercado de capitais. Para isso, linhas de crédito a custo competitivo serão oferecidas para financiamento de projetos ecológicos por recursos estrangeiros. 

Também será oferecida uma proteção cambial para o investidor em caso de desvalorização do real. Esse seguro, na prática, cobre a diferença cambial permitindo que o investidor compre dólares por uma taxa previamente definida.

Nesse cenário, o BID vai atuar como intermediário na contratação de um banco internacional que oferecerá o seguro cambial no Brasil. O BID tem a possibilidade de contratar essa proteção cambial com condições melhores (ou seja, a custos menores) que podem ser repassadas a empresas e financiadores, nacionais ou estrangeiros, com projetos de transformação ecológica no Brasil. 

O Banco Central vai fazer a ponte entre o seguro contratado pelo BID e os investidores de projetos ecológicos no Brasil, enquanto o Ministério da Fazenda irá oferecer uma linha de liquidez especial para financiamentos de grandes projetos sustentáveis, garantindo suporte financeiro mesmo em situações de alta variação do câmbio. 

De forma geral, a iniciativa é importante no país para gerar empregos e aumentar a renda da população, além de representar um grande avanço na agenda verde nacional, que busca a transição para uma economia mais sustentável considerando as desigualdades sociais.

Além disso, a colaboração entre Governo Federal, Banco Central, BID e setor privado será crucial para fomentar os investimentos verdes no país. Isso faz refletir sobre a importância da união de diferentes esferas de poder no combate às mudanças climáticas no geral. O volume de investimentos necessários para enfrentar seus impactos é de proporções tão grandes que depende do comprometimento de instituições municipais, estaduais, nacionais e internacionais.

 

Marina Bastos é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em economia pela UFRJ.

 

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