Tendência dominante tanto em mercados desenvolvidos quanto em desenvolvimento, o comércio digital deve ganhar ainda mais força dentro dos próximos cinco anos. É o que revela uma nova pesquisa da Juniper Research, uma das maiores especialistas em fintechs e mercados de pagamentos da atualidade.
Segundo o levantamento, os gastos globais com o comércio digital chegarão a US$ 34 trilhões em 2029, o que representa um salto de 65% se comparado ao contabilizado em 2024.
Aqui vale destacar que a Juniper Research divide o mercado de comércio digital em bancos e pagamentos como seus principais segmentos; e estes são então divididos em seus respectivos subsegmentos.
Desse modo, para chegar à cifra projetada, foram consideradas todas as despesas envolvendo transferências digitais de dinheiro, compras de produtos, aquisição de ingressos feitas digitalmente, serviços bancários, pagamentos por aproximação, bem como via QR Code.
Nesse contexto, a publicação credita esse avanço nos gastos globais com comércio digital ao desempenho do setor na América Latina e nos países localizados na Ásia e no Pacífico. Essas regiões vêm observando um crescimento considerável no e-commerce conforme evolução do desenvolvimento da infraestrutura local de acesso ao comércio digital e dos métodos de pagamento locais.
Em que medida os mercados emergentes são vitais para o comércio digital
Dado que o comércio eletrônico em nações desenvolvidas apresenta um nível crescente de saturação, a pesquisa indica que o êxito dessa atividade em escala global está intimamente ligado ao desempenho do setor nos mercados emergentes.
Nesse sentido, dados do estudo demonstram que a taxa de crescimento em valor até 2029 será 241% superior na América Latina, por exemplo, do que a projetada para a América do Norte, configurando-se como uma grande oportunidade para os varejistas on-line interessados em vender nessa e outras regiões em ascensão.
Contudo, para alcançar esse potencial nos mercados em desenvolvimento, o estudo orienta as plataformas de comércio digital a apostarem na oferta contínua de métodos de pagamento locais, com os quais os consumidores estão mais familiarizados, como carteiras digitais, e não focar comente em pagamentos por cartões.
Nick Maynard, responsável pela pesquisa, destaca que os cartões realmente facilitaram o surgimento e a consolidação do comércio digital em países desenvolvidos. No entanto, ele alerta que os comerciantes internacionais precisam expandir sua visão além dos cartões, com o objetivo de aproveitar a próxima etapa de crescimento.
Assim, argumenta, se até mesmo os mercados desenvolvidos estão se esforçando para implementar pagamentos A2A (sigla em inglês para “conta a conta”) no e-commerce, a adesão a métodos de pagamento locais certamente deve ser uma prioridade em todos os mercados.
Impulso aos pagamentos conta a conta
No que tange aos pagamentos A2A, a publicação dedica atenção especial para esse tipo de transação no comércio digital utilizando NFC, tecnologia que viabiliza a troca de dados entre dispositivos próximos.
A modalidade se configura como um fator importante tanto para o futuro dos pagamentos quanto do comércio digital em diferentes regiões geográficas. Porém, segundo a pesquisa, o que ainda se observa é que em países em que os pagamentos A2A também são populares, eles normalmente têm sido feitos baseados em QR Codes em vez da comunicação via NFC.
E isso ocorre por vários motivos. Entre eles, destaca, está o fato dos QR Codes apresentarem baixas barreiras de entrada; exigindo apenas o uso de uma câmera em um dispositivo inteligente e uma conexão com a internet para iniciar um pagamento, diferentemente do uso do NFC para essa finalidade, pois nem todos os dispositivos carregam esse tipo de comunicação nas suas configurações, sobretudo, os mais baratos.
Entretanto, o estudo estima que esse quadro possa mudar, com a introdução desse recurso pelos fabricantes em mais dispositivos móveis, bem como via suporte regulatório e as mudanças subsequentes.
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