Comércio eletrônico no Brasil tem compras internacionais como maior oportunidade de crescimento

Atualmente, as lojas online nacionais respondem por 93% das vendas totais do segmento, com os varejistas globais ficando com apenas 7%, fatia que pode crescer com o avanço gradual das grandes empresas asiáticas no país.
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Equipe Propague
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Apesar de atualmente 90% dos brasileiros adultos já comprarem online, correspondendo a um salto impressionante quando comparado à taxa de penetração de 68% do comércio eletrônico no país em 2020, o segmento ainda tem espaço para crescer, onde as compras internacionais são sua maior oportunidade para avançar. 

Essa é uma das principais conclusões de uma análise publicada pela plataforma The Paypers sobre as tendências em pagamentos e comércio eletrônico no Brasil em 2024, assinada por Cesar Boralli, diretor Geral Associado da consultoria PCMI.

Conforme o executivo, ao responder por apenas 7% do mercado, as compras internacionais podem ir além: considerando que as soluções de pagamentos internacionais, sobretudo aquelas que atendem não apenas a pessoas físicas e também a transações B2B (sigla em inglês para transações entre empresas), elas podem desempenhar um papel vital no desenvolvimento do comércio eletrônico brasileiro.

Para esse ano, Boralli aponta que, segundo dados da PCMI, as compras nacionais no comércio eletrônico devem crescer 39%, ao passo que as aquisições internacionais provavelmente se expandirão em 24%.

Até então, conta, as lojas online nacionais respondem por 93% das vendas totais do comércio eletrônico em território nacional. Entretanto, ele assinala que as principais empresas chinesas de vendas online vêm avançando de forma significativa no Brasil. 

Em sua análise, também ganha destaque o fato de o país ser o maior mercado de comércio eletrônico da América Latina, com um volume transacional de quase US$ 277 bilhões contabilizados ao final de 2023. 

Contudo, olhando para os próximos dois anos, essa cifra provavelmente crescerá 51%, atingindo US$ 500 bilhões em 2026. A saber, fatores como a crescente digitalização e a indústria de pagamentos inovadora existente no Brasil deverão apoiar esse movimento.

Canais e métodos de pagamento em destaque no comércio eletrônico 

Ao lado da oportunidade de crescimento, por meio das compras internacionais, Boralli também aponta, entre as tendências para o comércio eletrônico no país, um comportamento que vem se confirmando desde 2021: os brasileiros têm preferido dispositivos móveis para compras online, respondendo por mais de 70% das transações. 

Na sua avaliação, isso tem tudo a ver com a crescente penetração dos smartphones no Brasil. Nesse contexto, conforme dados da Anatel, de julho desse ano, existem mais de 261 milhões de smartphones no país — uma média de mais de um dispositivo por pessoa.

Ao mesmo tempo, o especialista destaca ainda que os cartões de crédito permanecem como o método de compra mais usado no comércio eletrônico nacional (39%), seguido pelo Pix (33%). 

Aliás, ele assinala que os cartões de crédito reinam absolutos entre os serviços digitais que exigem pagamentos recorrentes, como nos softwares como serviço (SaaS na sigla em inglês), em 79% das transações, e nos streamings de áudio e vídeo, em 60% das operações.

Já quando se olha para o varejo, os cartões de crédito são usados em 49% das compras, com o Pix na segunda colocação, com 32%.

Ainda de acordo com ele, estima-se que o Pix, no futuro, irá abocanhar participação de mercado de métodos de pagamento como as transferências eletrônicas, os boletos bancários e cartões de débito. 

Já quando se olha para os produtos e serviços mais comprados no comércio eletrônico nacional aparecem, nessa ordem, eletrodomésticos (38%); saúde (19%) e perfumaria e cosméticos (13%). Sem mencionar as respectivas participações, Boralli acrescenta que alimentos, bebidas e eletrônicos também estão frequentemente entre as principais categorias do país.

O que deverá pautar o cenário de pagamentos

Ao falar sobre as tendências no comércio eletrônico, o especialista também se debruçou sobre o que deve guiar o setor de pagamentos no Brasil.

Conforme disse, nos últimos anos, as maiores instituições financeiras tiveram que dobrar seus esforços de digitalização, frente ao avanço dos bancos digitais.

Nesse sentido, basta olhar para a pesquisa mais recente sobre tecnologia bancária da Febraban, associação que representa o setor no Brasil, para constatar que sete em cada dez operações bancárias agora são por meio de telefones celulares. 

Entre 2019 e 2023, essas transações subiram cerca de 250% no país. E enquanto o volume total de operações duplicou, aquelas por meio de smartphones aumentaram 3,5 vezes.

Enquanto isso, olhando especificamente para as compras presenciais, as transações estão se tornando cada vez mais sem contato

Conforme a Associação Brasileira de Pagamentos Eletrônicos (Abecs), operações dessa natureza representaram 61% dos pagamentos com cartão no primeiro semestre de 2024, ante 48% em 2023. De fato, 78% dos brasileiros usam cartões com tecnologia NFC para fazer pagamentos, enquanto 30% utilizam seus celulares.

Adicionalmente, junto com os cartões, Boralli emenda que o Pix deverá ganhar mais tração dadas suas novas funcionalidades a partir de 2025, especialmente o Pix por aproximação.

Ademais, ele lembra que o Banco Central também tem pressionado pela expansão do Open Finance e pela regulamentação do BaaS (sigla em inglês para banco como serviço). 

Portanto, afirma, aumentar a pegada digital do cliente é garantir o caminho para alavancar os dados e oferecer uma gama cada vez maior de produtos e serviços.

E apesar dos avanços que o setor de pagamentos já fez no Brasil, incluindo mais pessoas financeiramente, Boralli diz que é preciso alcançar a próxima fronteira desse movimento, que são as transações B2B.

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