Pagamentos ampliam oportunidades para o varejo na América Latina

Observando o cenário atual das maiores economias da região – Brasil, México, Argentina e Colômbia -, o setor segue se digitalizando e o comércio deve estar atento ao que o futuro lhe reserva.
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Equipe Propague
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Por ser multifacetada, com economias de tamanhos variados e realidades sociais, culturais e tecnológicas distintas, a América Latina apresenta-se como um leque de oportunidades para varejistas que buscam expandir suas operações, considerando o futuro dos pagamentos na região.

Aliás, estar atento às particularidades de cada país em relação a esse quesito, configura-se como condição essencial para aproveitar as oportunidades e crescer sustentavelmente no continente.

É o que orientam especialistas que vivenciam a diversidade dos países latino-americanos, a exemplo de Ignacio Morales, executivo responsável pela unidade mexicana da fintech global Unlimit.

Segundo ele, mesmo se deparando com nações com características próximas, principalmente econômicas, é preciso compreender que ainda assim existem diferenças quanto à adoção de determinadas tecnologias, incluindo inovações em pagamentos.

Nesse sentido, Morales destaca que, embora vários métodos de pagamentos emergentes estejam ganhando força regionalmente, não existe um que se sobressaia em específico no cenário local.

Na verdade, há uma multiplicidade de preferências e a única certeza que se tem, afirma, é que, independentemente do método, quando se trata de pagamentos, os consumidores latino-americanos têm como prioridade conveniência, rapidez, segurança e uma experiência sem fricções.

Razão pela qual, ele aconselha aos varejistas a permanecerem flexíveis e capazes de aceitar em igual proporção métodos de pagamentos novos e tradicionais se quiserem obter sucesso na região. Ainda mais em um setor que se revela em constante evolução em todo o mundo.

Para ilustrar suas percepções, Morales traçou, em artigo publicado na plataforma The Paypers, um panorama dos pagamentos nas quatro principais economias latino-americanas – a saber, Brasil, México, Argentina e Colômbia -, na tentativa de identificar o que o futuro reserva e o quão preparado o comércio deve estar.

Brasil é terreno fértil para pagamentos digitais

De acordo com o especialista, por apresentar um dos maiores índices de bancarização na América Latina – cerca de 82% da população tem conta bancária, conforme dados do Banco Central (BC) de 2022 – o Brasil é um terreno fértil para o crescimento cada vez maior dos pagamentos digitais.

Na sua avaliação, isso se deve em grande parte pela expansão dos bancos e carteiras digitais em todo o país, servindo como mola propulsora para a adoção em larga escala do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do BC, atualmente o preferido dos brasileiros. Não devemos esquecer que o uso dos cartões de débito e de crédito continua crescendo.

Dessa forma, com base nesse cenário, Morales aponta que o futuro dos pagamentos no Brasil sugere um desaparecimento progressivo do dinheiro em espécie e dos métodos dependentes de papel, como o boleto, que também vem migrando para o formato digital.

E mais: para ele, uma vez lançado, o Drex, a moeda digital brasileira já em fase adiantada de testes, tende a rapidamente ser acolhido por uma população já acostumada aos pagamentos digitais.

Desbancarização ainda é um desafio para o México

No caso do México, apesar de o tamanho da sua economia se assemelhar, em certos aspectos, à do Brasil, a realidade é outra. Segundo Morales, a população local ainda é em sua maior parte desbancarizada, dependendo fortemente do dinheiro em espécie.

No entanto, aponta, esse cenário começa a dar os primeiros sinais de mudança e os varejistas devem acompanhar de perto esse movimento, diante da popularidade que os bancos digitais estão alcançando no país. Afinal, recorda, assim como se viu no Brasil, isto também será um impulso para bancarizar os mexicanos.

Consequentemente, uma maior adoção de pagamentos digitais já é vista, com destaque para os cartões e as carteiras digitais, devendo paulatinamente substituir os métodos em papel, à medida que as pessoas se acostumam com processos totalmente eletrônicos. Além disso, Morales também aponta como certo o avanço do sistema de pagamentos instantâneo local SPEI/Codi.

Nesse contexto, ele chama a atenção para a mais recente pesquisa da Inteligência de Mercado de Pagamentos e Comércio (PCMI na sigla em inglês), em que os métodos de pagamentos mais usados no comércio eletrônico mexicano em 2023 foram cartões de crédito (38%), cartões de débito (25%) e meios baseados em dinheiro (10%), onde o usuário imprime um voucher e paga em lojas físicas. Já as carteiras digitais vêm em seguida com 8%, com tendência de crescimento.

Carteiras digitais devem crescer ainda mais na Argentina

Já com relação à Argentina, o especialista revela um país bem menos dependente do dinheiro em espécie na comparação com o México e onde se espera que as carteiras digitais continuem a ganhar participação de mercado. 

Ainda mais agora, que o banco central argentino anunciou que qualquer carteira digital poderá aceitar pagamentos com cartão de crédito, algo que antes era exclusivo do maior provedor desse serviço no país. 

A propósito, dados da PCMI sinalizam que o comércio eletrônico na Argentina é dominado por cartões de crédito (54%) e carteiras digitais (23%).

Adesão a bancos digitais está redefinindo o cenário dos pagamentos na Colômbia

Finalmente, ao se referir à Colômbia, Morales expõe que o país se sobressai por ter uma taxa significativa de 32% de transferências bancárias no comércio eletrônico, segundo dados da PCMI de 2023. 

Conforme disse, isso é atribuído predominantemente ao sucesso do método de pagamento PSE, que redireciona o usuário para realizar a transação na página do seu banco móvel. 

Ao mesmo tempo, os vales-dinheiro representam 10% dos pagamentos locais, mas isso também deve mudar, avalia, à medida que o país se transforma após a ampliação da presença de vários bancos digitais.

Nesse sentido, ele destaca a edição mais recente do Relatório de Inclusão Financeira do Grupo Credicorp, que identificou que 61% dos colombianos administram pelo menos uma carteira digital.

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