Pagamentos transfronteiriços apostam na blockchain para reduzir custos

De acordo com novos estudos, os ganhos chegam a alcançar valores consideráveis, além de a tecnologia ajudar a conferir mais eficiência e transparência nas transações.
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Equipe Propague
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Reguladores e instituições financeiras em todo o mundo, já há algum tempo, vêm se dedicando a estudar o potencial da tecnologia blockchain com o objetivo de aperfeiçoar os pagamentos transfronteiriços, visando mitigar ineficiências, como altas taxas, tempos de liquidação lentos e pouca transparência. 

Nesse contexto, autoridades monetárias internacionais como o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB na sigla em inglês) é uma das que vem trabalhando no âmbito do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, para encontrar soluções e aprimorar os pagamentos transfronteiriços.

Em âmbito nacional, o Banco Central (BC) é um dos que estão focados em igual tarefa, concentrando esforços nos testes e possível lançamento da moeda digital brasileira, o Drex, apoiada na blockchain, e que tem entre seus casos de uso a promoção de transações internacionais mais eficientes e baratas.

Paralelamente, outras iniciativas e estudos também estão surgindo, prometendo aquecer o debate sobre o uso da blockchain para reduzir os custos envolvidos nos pagamentos transfronteiriços existentes no formato atual.

Relatórios recentes, como “A blockchain pode resolver o quebra-cabeça dos pagamentos internacionais?”, da PYMNTS Intelligence, e “Pagamentos com Blockchain: um novo começo”, da Binance Research, abordam o potencial transformador dessa tecnologia, simplificando processos e diminuindo custos, resultando em números impressionantes.

Ao mesmo tempo, um consórcio formado pelos três maiores bancos japoneses está a ponto de testar uma nova plataforma baseada em stablecoins, moedas transacionadas em blockchain, para pagamentos transfronteiriços.

Redefinição dos sistemas de pagamentos transfronteiriços

De acordo com o relatório da PYMNTS Intelligence, a blockchain se mostra capaz de endereçar ineficiências dos sistemas de pagamentos tradicionais, usando tecnologia de livro-razão distribuído (DLT na sigla em inglês), que permite transações diretas prescindindo de intermediários.

A saber, a publicação destaca que, além de as operações poderem ser concluídas em segundos em vez de dias, como hoje acontece, as finanças descentralizadas (DeFi) permitidas também podem diminuir em até 80% os custos das transações em comparação aos métodos convencionais.

Ademais, acrescenta, recursos como contratos inteligentes promovem mais transparência e eficiência, ao mesmo tempo em que as stablecoins atreladas a moedas fiduciárias atenuam preocupações com volatilidade. 

Ao passo que modelos de blockchain permissionada, que delimita as transações a participantes verificados, podem melhorar a segurança dos pagamentos transfronteiriços, o que torna essa solução atraente para instituições financeiras e bancos centrais.

Transações podem custar 50 mil vezes menos

Já o relatório da Binance Research, além de reforçar o potencial transformador da blockchain em relação aos pagamentos transfronteiriços, estima que o uso dessa tecnologia pode cortar em até 50.800 vezes o valor despendido por operação em relação à média global de custo dos métodos tradicionais.

Primeiramente, justifica, porque a blockchain, base para a movimentação de moedas digitais, especialmente as criptomoedas, fornece uma nova infraestrutura habilitada para pagamentos internacionais em escala global, edificada do zero, eliminando vícios existentes nos sistemas antigos.

Exemplo disso, é o corte dos intermediários que costumam atuar nos meios convencionais e que encarecem as transações. 

Ainda segundo a publicação, as stablecoins, por serem moedas digitais lastreadas em moedas fiduciárias, a exemplo do dólar, do euro e inclusive do real, se configuram como forte aliadas para maior utilização da blockchain nos pagamentos transfronteiriços, assim como já constatou o relatório da PYMNTS.

Avanço de soluções blockchain para aprimorar pagamentos transfronteiriços

De fato, o uso de soluções de blockchain para pagamentos internacionais, sobretudo utilizando stablecoins, está aumentando tanto através de instituições financeiras tradicionais, como por fintechs e bancos centrais.

Para se ter uma ideia, conforme relatou a PYMNTS, em março de 2024, a rede Solana processou US$1,4 trilhão em operações com stablecoins, em que destacou a escalabilidade e os benefícios da blockchain.

Enquanto isso, o Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês) vem colaborando com o Projeto Agorá, visando integrar depósitos bancários tokenizados com CBDCs  (sigla em inglês para moedas digitais de banco central).

Além disso, pelo menos 41% dos bancos centrais em todo o mundo consideram lançar uma CBDC em até cinco anos. Esse movimento, portanto, reforça a tendência de adoção de soluções blockchain para melhorar os pagamentos transfronteiriços.

Mais recentemente, outro exemplo é o Projeto Pax, apoiado pelos bancos japoneses Mitsubishi UFJ Bank, Sumitomo Mitsui Banking Corporation e Mizuho Bank, em conjunto com as empresas DataChain, Progmat e TOKI, por meio do qual se pretende integrar stablecoins regulamentadas com padrões de mensagens internacionais existentes, no caso a infraestrutura da Swift.

Para suportar as transações será utilizada a plataforma de stablecoin batizada de Progmat Coin, habilitada para emitir stablecoins lastreadas em moedas fiduciárias fortes, a exemplo do iene japonês, do dólar dos Estados Unidos e do Euro. 

Em comunicado sobre o projeto, os apoiadores adiantaram que esperam comercializar a plataforma até o próximo ano.

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