Motivados, em grande parte, pela inclusão financeira que oferecem, os pagamentos via QR Code deverão saltar quase 600% no sudeste asiático nos próximos cinco anos, permitindo que usuários sem conta bancária acessem mais facilmente pagamentos digitais. A conclusão é de um novo estudo divulgado pela Juniper Research, conduzido com os maiores especialistas do setor.
A projeção é de que os pagamentos por meio de QR Code saiam de 13 milhões de transações em 2023 para cerca de 90 milhões em 2028,registrando um crescimento de 592%, e consolidando a liderança que a região já detém atualmente se comparada a outras partes do mundo, de acordo com a publicação.
Mesmo diante de exemplos bem-sucedidos de esquemas de pagamentos nacionais, como o Pix, no Brasil, e do UPI, da Índia, que têm incentivado o uso de QR Code em seus respectivos mercados, o relatório concluiu que tais iniciativas não foram suficientes para suportar um crescimento significativo do volume de transações se confrontados com os países do sudeste asiático.
Esse salto substancial nos pagamentos através de QR Code na região do sudeste asiático é fruto da interoperabilidade transfronteiriça, destaca a pesquisa, que vem sendo amplamente incentivada nos mercados locais.
O papel da interoperabilidade transfronteiriça para os pagamentos com QR Code
Conforme o estudo, o incentivo dos governos locais para que os padrões nacionais de pagamento via QR Code se unifiquem além-fronteiras é o que está permitindo uma interoperabilidade mais ampla e o consequente aumento no volume de transações em todo o sudeste asiático.
Entre os casos de interoperabilidade de padrões de pagamentos com QR Code na região, o relatório destaca a Indonésia, a Malásia e a Tailândia, os quais já unificaram seus padrões de pagamento. Com isso, é possível que as empresas nesses países aceitem pagamentos de visitantes internacionais utilizando as suas carteiras digitais nacionais.
Além desses, Camboja e Laos também lançaram, recentemente, pagamentos transfronteiriços com QR Code. Por enquanto, o projeto encontra-se em sua primeira etapa, com cinco dos oito bancos comerciais do Laos engajados na iniciativa.
Ao mesmo tempo, Singapura e Filipinas são outros dois países que pretendem unificar seus padrões de pagamentos por meio de QR Code até ao final de 2023.
Vale ressaltar que todo esse movimento de colaboração de pagamentos transfronteiriços por meio dessa tecnologia cumpre o objetivo da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) de incentivar a utilização de moedas nacionais nos mercados, participando, assim, do aumento da inclusão financeira e alavancando as relações econômicas e financeiras no contexto digital.
Portanto, apontam os autores do estudo, os provedores de pagamentos locais são aconselhados a trabalhar em estreita colaboração com os órgãos legislativos, incentivando a interoperabilidade para reforçar o uso de pagamentos com QR Code em toda a região.
Como se comportam os mercados de pagamentos ocidentais?
Enquanto a adoção de pagamentos com QR Code coloca a Ásia, em especial o sudeste do continente, na liderança no uso desse método de pagamento, no Ocidente, a adesão continua baixa, em geral.
No entanto, expõe a publicação, iniciativas pontuais começam a se destacar. Na Europa, por exemplo, a área de transferências bancárias através de QR Code ponto a ponto (P2P na sigla em inglês) vem sendo tracionada desde 2022 com o Payconiq, da Bélgica, e o Bizum, da Espanha. Ambos vêm sendo usados por uma proporção significativa de usuários.
Além disso, grandes provedores de pagamentos também têm promovido soluções P2P com QR Code em todo o continente atraindo o público com taxas de transação reduzidas.
Aliás, o estudo indica que para maximizar a adoção da modalidade, os prestadores de serviço, independentemente da localização, devem se concentrar cada vez mais em oferecer preços competitivos em relação aos métodos de pagamento locais estabelecidos.
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