Os tokens estão em alta, particularmente quando se fala em criptoativos. Contudo, essa tecnologia também pode ser aplicada a qualquer movimentação financeira digital para garantir segurança, flexibilidade e rapidez. Por isso, a tokenização se tornou essencial para toda instituição que processe pagamentos digitais, principalmente levando-se em conta a contínua expansão do comércio eletrônico, carteiras digitais e pagamentos por aproximação.
Afinal, é raro encontrar quem não adotou tais facilidades no dia a dia. E, se ainda não as incorporou, segundo as estatísticas, isso logo vai mudar.
Até 2025, o mercado global de comércio eletrônico deverá avançar 55%, alcançando, em valor de transação, US$ 8 trilhões, conforme relatório da empresa de tecnologia financeira FIS. Ao passo que no ecommerce brasileiro, o aumento deverá ser ainda maior: 95% ou US$ 79 bilhões.
Ao mesmo tempo, o tamanho do mercado mundial de carteiras digitais deverá ser de quase US$ 1 trilhão nos próximos oito anos, de acordo com a Global Market Insights Inc.
Enquanto a quantidade de usuários únicos de pagamentos sem contato pode passar de um bilhão em todo o mundo até 2024, 60% acima de 2022, segundo pesquisa da Juniper Research.
Entretanto, o que se traduz em benefícios para consumidores e empresas, por outro lado, atrai a atenção dos cibercriminosos. O crescimento dos pagamentos digitais e as altas cifras envolvidas torna o setor atrativo para a prática de fraudes e outros abusos.
Portanto, não causa surpresa a projeção de que o mercado de tokenização cresça a uma taxa anual composta de 24% até 2030, valendo cerca de US$ 13,5 bilhões, conforme a consultoria de mercado Grand View Research.
Com tanto potencial e diversas aplicações, como pagamentos online, pagamentos baseados em QR Code, pagamentos por aplicativo e sem contato, vale entender o que significa a tokenização e por que utilizar.
Tokenização aplicada a pagamentos
A tokenização equivale ao processo de converter, em tempo real, dados confidenciais em um identificador exclusivo conhecido como token, que, sozinho, não tem significado.
Porém, aplicado a um pagamento, esse token exclusivo, que na maioria das vezes é uma sequência de caracteres aleatórios, está vinculado aos dados (número, nome do usuário, bandeira, banco, código de segurança, validade etc.) de um cartão de débito ou de crédito sendo impossível de ser decifrado por hackers, tornando as transações muito mais seguras.
Desse modo, a tokenização permite restringir o manuseio e armazenamento de dados confidenciais dos clientes, reduzindo o risco e ajudando as empresas a permanecerem em conformidade com as leis de proteção de dados e eventuais manipulações.
Além disso, a tokenização dos pagamentos facilita para o consumidor fazer compras em vários canais, a exemplo do comércio eletrônico e ponto de venda, usando o mesmo método de pagamento.
Ao passo que a tokenização de pagamentos é também a tecnologia que possibilita criar cartões virtuais, por meio dos quais os usuários podem fazer compras digitais seguras usando um número gerado automaticamente, válido apenas para uma quantidade determinada de transações.
Como funciona um token?
Ao receber o pagamento de um cliente, seja online ou presencialmente no ponto de venda, o sistema do estabelecimento comercial inicia um processo automatizado pelo qual o processador de pagamento substitui as informações do cartão de débito ou de crédito do cliente por um token aleatório exclusivo para concluir a transação.
Esse processo de tokenização, é, por sua vez, intermediado por um gateway de pagamento, tecnologia que possibilita a comunicação entre a loja, o cliente e as instituições financeiras, que capta os dados e os transmite com segurança.
Em muitos casos, o token tem o mesmo tamanho e formato do número do cartão, permitindo que ele se integre perfeitamente aos sistemas de aceitação de pagamento existentes.
Para facilitar o entendimento, o processo de tokenização do pagamento ocorre de acordo com as seguintes etapas:
- O cliente faz um pagamento online ou fisicamente no ponto de venda usando o seu cartão;
- Nesse momento, as informações do cartão são coletadas e seguradas no checkout pelo gateway de pagamento;
- Em seguida, o gateway de pagamento gera um token aleatório;
- Na sequência, ele envia o token com segurança ao processador de pagamento e retém as informações originais do cartão em uma espécie de “cofre de token”;
- Por fim, o processador de pagamento usa o token para concluir a transação.
A saber, o token gerado só pode ser aberto após a conclusão da operação. Além disso, fora do seu sistema, esses tokens não têm significado e nem valor. Portanto, mesmo que os hackers encontrem algum dado do usuário durante o processamento, eles não poderão usá-los.
Por que utilizar a tokenização em pagamentos?
Entre os principais benefícios oriundos da utilização da tokenização em pagamentos estão:
- Melhoria da experiência do cliente e aumento da fidelidade, dada a segurança passada para o consumidor;
- Otimização do processo de checkout;
- Valorização da imagem da marca, fazendo com que ela se destaque perante a concorrência, considerando que não será alvo de reclamação dos clientes e nem terá o seu nome atrelado a situações de vazamento de dados;
- Alinhamento da empresa com a conformidade e boas práticas de segurança.
Qual a diferença entre tokenização e criptografia?
A principal diferença entre ambos está na possibilidade de reversão dos dados ao formato original. Ou seja, enquanto na criptografia isso é possível, na tokenização isso não acontece.
Em outras palavras, os dados criptografados podem ser retomados ao formato de texto, tornando, dessa forma, visível e compreensível para hackers.
Já no caso dos tokens, essa ferramenta não representa nenhum relacionamento direto com os dados originais. Uma vez transformado em um token, a conversão dos dados e informações fica impedida. Dessa maneira, caso os cibercriminosos queiram ter acesso aos dados reais, eles terão que transpor outras camadas de segurança e provavelmente não conseguirão.
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