Diversos países e seus respectivos setores econômicos, principalmente a indústria de serviços financeiros, continuam sendo alvos de ataques cibernéticos, relatam as pesquisas mais recentes.
Um relatório da Trend Micro, organização global especializada em cibersegurança, revela que, só no primeiro semestre de 2023, o número de ataques cibernéticos alcançou aproximadamente 60% do volume total registrado em 2022 (146 bilhões).
A pesquisa acrescenta ainda que dados da plataforma ASRM (sigla em inglês para gerenciamento de risco de ataques de superfícies) confirmam esse avanço de atividades ligadas ao cibercrime, com os Estados Unidos (EUA), Brasil e Índia, nessa ordem, concentrando as ações dos criminosos digitais.
Fazendo um recorte por região, esse mesmo estudo mostra que o Brasil, desde 2013, é o alvo principal de ataques cibernéticos na América Latina. Afinal, além de maior economia do continente, possui um dos setores financeiros mais digitalizados, atraindo cada vez mais a atenção dos cibercriminosos.
Principais vetores de ataques cibernéticos
Além de elencar os países que são alvo de ataques cibernéticos, o relatório destaca os principais vetores, ou seja, os meios utilizados para a prática de atividades ilícitas online.
Nos primeiros seis meses de 2023, o uso de arquivos maliciosos respondeu por quase 46 milhões de tentativas de golpes, correspondendo a praticamente 54% do total de bloqueios realizados no período.
Nesse contexto, o setor que mais sofreu ataques cibernéticos foi a indústria, com volume superior a 10 bilhões de ameaças. Na sequência, apareceu o setor de saúde (9,7 bilhões), seguido pelo setor de tecnologia (9,5 bilhões), depois pelo varejo (7,8 bilhões) e, ainda, o governo (6,4 bilhões).
Vale ressaltar que o e-mail também foi muito visado, com mais de 37 bilhões de tentativas de golpes, ou 43% dos ataques cibernéticos realizados de janeiro a junho de 2023.
Já os ataques cibernéticos por meio de ransomware, um tipo de malware, outro vetor bastante popular na prática de ações fraudulentas e golpes na internet, continuaram com a tendência de queda verificada nos últimos anos. Ao todo, foram cerca de 6,7 milhões de incidências no período analisado, o que equivale a 1,3 milhão a menos se comparados com o primeiro semestre de 2022.
Como a indústria de serviços financeiros vem contra-atacando
Segundo César Cândido, diretor da Trend Micro no Brasil, uma das ferramentas que podem ajudar na proteção contra os ataques cibernéticos é o uso de soluções em multicamadas.
Essa estratégia corresponde a uma abordagem de segurança que utiliza diversos recursos para garantir a integridade e a privacidade de dados e transações, impedindo ataques cibernéticos bem-sucedidos.
Consequentemente, isso aumenta a visibilidade e a detecção de ocorrências suspeitas, bem como torna possível uma rápida resposta à ação dos cibercriminosos.
Aliás, essa abordagem é crucial no caso da indústria de serviços financeiros, que lida com dados extremamente sensíveis e onde a segurança da informação é cada vez mais importante para salvaguardar os dados dos clientes.
Contudo, além da tecnologia financeira, outras medidas podem ser adotadas na prevenção de fraudes causadas por ataques cibernéticos, como o esforço colaborativo entre os atores do setor.
Recentemente, uma iniciativa empreendida por um grupo de bancos de varejo da Nova Zelândia, por exemplo, tem servido de inspiração para outras jurisdições na luta contra atividades fraudulentas.
Trata-se da criação de um centro antifraude. A proposta é implementar um serviço de verificação de usuários e titulares de contas, que se compromete, ainda, a remover todos os links de internet das mensagens de texto enviadas aos clientes, além de explorar a possibilidade de compartilhar informações em tempo real entre as organizações afetadas por fraudes através de ataques cibernéticos.
Com esse mesmo objetivo, a vizinha Austrália, que sedia quatro dos maiores bancos de varejo da Nova Zelândia, também está em processo de introdução de medidas semelhantes.
Nesse sentido, o país desenvolveu uma unidade especializada composta por representantes do governo, de autoridades policiais e do setor privado, com o objetivo de desmantelar fraudes e minimizar perdas financeiras resultantes de ataques cibernéticos.
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