Blockchain pública pode ser a próxima era da infraestrutura financeira?

Na avaliação de alguns especialistas as redes públicas são uma alternativa robusta para o trânsito financeiro no mundo digital, configurando-se em uma plataforma aberta e neutra.
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Equipe Propague
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Desde que furou a bolha do universo criptográfico e passou a circular nas finanças tradicionais, a blockchain trouxe consigo um conjunto de atributos únicos para o ambiente financeiro: descentralização, transparência e segurança. Características que fizeram diversos analistas considerá-la uma das principais ferramentas para redefinir o futuro da economia na era digital.

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Para especialistas como por exemplo Marcelo Prates e Alex Wu, respectivamente diretor e gerente de Políticas e Relações Governamentais da Stellar Development Foundation, organização sem fins lucrativos com foco em blockchain, tão importante quanto os pagamentos e transações financeiras digitais são os meios pelos quais eles circulam.

Meios esses, explicam, que devem oferecer a estabilidade, a segurança e a resiliência necessárias para que todas as operações cheguem ao seu destino sem problemas e no prazo.

E, é nesse contexto, que eles defendem a blockchain, especificamente a blockchain pública, como uma alternativa robusta para o trânsito financeiro no mundo digital, podendo representar a próxima era da infraestrutura financeira, conforme explanam em artigo publicado no OMFIF.

Descentralização não deve ser vista como desvantagem

Prates e Wu argumentam que, embora ainda vista com desconfiança, a descentralização inerente à blockchain pública não deve ser vista como uma desvantagem. Ao contrário, essa característica deve ser encarada como um recurso desejado.

Isto porque, em vez de denotar ausência total de controle, a descentralização, na verdade, implica que nenhum participante tem poder sozinho sobre a rede, com o desenvolvimento, a manutenção e o uso de uma blockchain pública distribuídos entre várias instâncias.

Afinal, nenhuma parte interessada pode alterar unilateralmente as regras ou decidir arbitrariamente quem pode desenvolver ou utilizar uma blockchain pública.

Nesse sentido, eles expõem que, apesar de não ter uma entidade legal identificável por trás, a blockchain pública é suportada por comunidades de desenvolvedores, trabalhando colaborativamente para identificar e resolver problemas e contribuir para mudanças e atualizações de código, além de assegurarem melhorias oportunas de protocolo.

Além disso, acrescentam, muitas decisões sobre mudanças e atualizações são tomadas por meio de discussões entre os membros da comunidade, em vez de simplesmente dependerem da execução rotineira de contratos digitais, introduzindo, dessa forma, uma nova maneira de atingir a segurança esperada de qualquer infraestrutura financeira.

Segurança na esfera da blockchain pública versus privada

Junto com a descentralização, Prates e Wu também traçam um paralelo entre a blockchain privada e a pública no quesito segurança, indicando que existe uma falsa equivalência de que redes privadas e autorizadas são mais seguras e eficientes do que as públicas e descentralizadas. 

Embora as redes privadas possam oferecer largura de banda e rendimento competitivos, eles argumentam que elas não vêm com a segurança de suas contrapartes públicas. A justificativa é que uma blockchain privada provavelmente terá menos desenvolvedores, nós e instalações de armazenamento de dados, dando suporte às operações.

Em outras palavras, uma rede privada tem menos “pares de olho”, garantindo sua segurança e resiliência, ao passo que uma blockchain pública possui centenas, senão milhares, de partes executando nós complexos que a mantêm.

Aliás, eles destacam que algumas dessas redes públicas validam e confirmam transações conforme mecanismo de consenso relacionado, como a prova de trabalho do bitcoin ou na reputação das entidades que executam nós validadores.

Adicionalmente, pontuam, uma blockchain pública também hospeda uma ampla gama de desenvolvedores e usuários que se beneficiam de melhorias da rede. Desse modo, ao contrário das infra estruturas financeiras tradicionais ou de uma blockchain privada, as atualizações de rede não são decididas unilateralmente. 

Ademais, desenvolvedores e usuários podem propor mudanças de software que devem ser aprovadas pela maioria dos nós – somente então uma mudança pode ser implementada e executada.

Consequentemente, esses especialistas alegam que esse arranjo de governança permite um gerenciamento de risco abrangente na blockchain pública na comparação com sua versão privada, com desenvolvedores, nós e validadores dependendo uns dos outros. 

Esse processo, avaliam, fornece à blockchain pública forte resiliência operacional, eliminando pontos únicos de falha ou ataque, pois nenhuma parte controla a rede, pode interromper seu funcionamento ou encerrar operações seja voluntária ou acidentalmente, configurando-se numa plataforma aberta e neutra.

Controle dos ativos

Finalmente, Prates e Wu chamam a atenção sobre a importância de distinguir entre a natureza descentralizada de uma blockchain pública, meio no qual os ativos digitais são executados, e os próprios ativos. 

Conforme explicam, os ativos são geralmente emitidos por uma entidade centralizada e podem ser configurados para cumprir com os requisitos regulatórios aplicáveis.

Assim, independentemente de a blockchain ser pública, os emissores de ativos nela implantados podem escolher o grau de controle que desejam ter sobre seus ativos, especialmente quando precisam cumprir com as regulamentações existentes.

Exemplo disso, citam, muitas blockchains públicas oferecem recursos opcionais que os emissores podem facilmente adicionar a novos ativos, como a possibilidade de recuperar ou congelar tokens. 

Portanto, o que se conclui, segundo os autores, é que, mesmo na blockchain pública, se pode escolher o grau de controle desejado ou necessário sobre cada ativo emitido, desde nenhum controle (para ativos não regulamentados, como tokens não fungíveis) até controles mais rigorosos (para ativos regulamentados, como títulos tokenizados).

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