À medida que a tecnologia se desenvolve e a economia se torna cada vez mais digitalizada, as fraudes digitais se transformaram em uma pandemia, prosperando nos mais diversos setores em todo o mundo.
Pelo segundo ano consecutivo, a plataforma global norte-americana LexisNexis® Digital Identity Network® confirma essa trajetória, segundo seu mais recente relatório sobre riscos e crimes cibernéticos.
Ao analisar cerca de 92 bilhões de transações realizadas nas áreas de serviços financeiros, comércio eletrônico, comunicações e jogos e apostas —o equivalente a 84% das 109 bilhões de operações processadas internacionalmente pela rede entre janeiro e dezembro de 2023 — a publicação identificou um acréscimo de mais de 19%, comparado com o ano anterior, nas fraudes digitais iniciadas por humanos e de 2% naquelas automatizadas por meio de bots.
Nesse cenário, as empresas de comércio eletrônico observaram a maior alta nos ataques de fraudes digitais, com um aumento de 59% no período em golpes iniciados por humanos, seguidas pelas organizações da área de comunicações (+12%) e de serviços financeiros (+8%).
Já com relação aos ataques de fraudes digitais automatizados por bots, o setor de jogos e apostas foi o mais visado, registrando um salto de 103%, seguido pelo comércio eletrônico (+6%). A saber, serviços financeiros e comunicações tiveram quedas de 6% e 46%, respectivamente.
De acordo com o relatório, as fraudes digitais prosperam em circunstâncias mutáveis, como a adoção ampla e contínua de novas tecnologias. Em 2023, a aplicação generalizada da inteligência artificial generativa a ataques fraudulentos foi o maior motivo de preocupação.
Nesse sentido, os registros apontam a forma como os fraudadores seguem aprimorando a exploração ilícita de sistemas de pagamentos instantâneos como meio para atingir os consumidores através de fraudes de pagamentos autorizadas. Principalmente, considerando que mais pessoas adotam esse método de pagamento e mais plataformas permitem transferências internacionais.
Controle de contas de terceiros lidera os ataques fraudulentos
Entre as principais classificações de fraudes digitais levantadas pela plataforma em 2023, a tomada de controle de contas de terceiros foi a que mais cresceu, contabilizando aumento de quase 29% na comparação com 2022.
Esse tipo de fraude digital pode ser resultado, por exemplo, de dados de autenticação comprometidos como parte de um golpe de phishing, ou ainda por meio de outra forma de engenharia social, em linha com o forte crescimento observado nos ataques em logins anotados ao longo do período analisado, que tiveram 18% de aumento.
Em seguida, scans e abusos de bônus — prática de criar diversas contas para obter um benefício — aparecem empatados na segunda colocação entre as fraudes digitais mais identificadas em 2023, ambos com 16% a mais de ocorrências na comparação com 2022.
Na sequência, vêm as fraudes primárias, com acréscimo de aproximadamente 15% em igual período, e roubo de identidade, que teve alta de 9%.
Vale ressaltar que as fraudes primárias são um tipo de fraude digital que ocorre quando alguém se identifica incorretamente ou dá informações falsas, objetivando parecer elegível para uma substituição específica de produtos, serviços ou mesmo obtenção de valores em dinheiro.
De qualquer forma, a publicação ressalta que, independentemente da classificação de fraude digital, a complexidade, a variabilidade e a crescente sofisticação das ameaças exigem que as organizações mantenham sistemas robustos compostos por múltiplos modelos de detecção de fraudes digitais direcionados.
Entre eles, os modelos complementares são mais eficazes do que os modelos singulares para avaliar o risco quase em tempo real e procurar anomalias associadas a diferentes tipos de ataques.
Além disso, para manter a eficácia, os modelos de detecção de fraudes digitais vão exigir dados de feedback classificados de acordo com eventos históricos, com categorizações baseadas no contexto e no modus operandi.
A geografia das fraudes digitais
Entre as regiões analisadas, a América do Norte está na dianteira com elevação de 66%, considerando o número de ataques de fraudes digitais iniciadas por humanos no ano que passou. Logo depois vem a Europa, Oriente Médio e África (EMEA na sigla em inglês), com alta de 28%, e América Latina, registrando acréscimo de 20%. Enquanto isso, na Ásia-Pacífico, observou-se uma redução de 5%.
Já quanto às fraudes digitais automatizadas por bots, a região que mais sofreu ataques foi a América Latina, onde se viu esse tipo de golpe saltar 35% em 2023 frente a 2022, seguida pela EMEA, com aumento de 9%. Ao mesmo tempo, a Ásia-Pacífico e a América do Norte tiveram diminuição, de 12% e 4%, respectivamente, nas ocorrências.
Panorama latino-americano
Ao olhar mais detalhadamente para o continente latino-americano, o relatório afirma que os consumidores da região continuam a liderar globalmente as transações a partir de aplicativos móveis, impulsionados pelo forte crescimento no uso de serviços baseados em aplicativos, como os pagamentos via Pix no Brasil.
Por conta disso, expõe, as taxas de ataque de fraudes digitais na região também persistiram acima da média global, apesar de permanecerem relativamente estáveis até 2023.
Ao passo que a nova indústria regulamentada de jogos digitais emerge em partes da América Latina, como, por exemplo, no Brasil, um novo projeto de lei brasileiro endossa uma estrutura legislativa para jogos de cassino online, o que inevitavelmente tornará o país um alvo de mais ataques de fraudes digitais nesse segmento em 2024.
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