Desde 2007, a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) vem divulgando o Índice Global de Inovação (IGI), um indicador que é referência mundial nessa área, ao classificar 132 países considerando suas competências e dificuldades.
Conforme a edição mais atual do IGI, de 2023, o Brasil figura na 49ª posição global e lidera na América Latina e Caribe, ficando cinco posições acima do ano anterior.
Entretanto, o país tem dimensões continentais, com enorme diversidade e heterogeneidade em todo o seu extenso território. Portanto, tamanha pluralidade motivou o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) a se aprofundar na realidade brasileira no campo da inovação, lançando, este ano, o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID) em sua primeira versão.
Segundo o INPI, o IBID representa um indicador sintético de referência oficial, revelando as potencialidades e os desafios do Brasil nesse tema sob uma perspectiva regional.
Nesse sentido, o índice fornece medidas quantificáveis sobre como a inovação se comporta nas cinco regiões brasileiras e nas 27 Unidades da Federação, classificando-as apoiado em parâmetros que levam em conta os frutos da inovação e os fatores que a impactam.
Variando de 0 a 1, o IBID incorpora 74 indicadores obtidos junto a fontes publicamente disponíveis, assim como fornecidos por órgãos oficiais, contemplando sete pilares. A saber: instituições, infraestrutura, negócios, capital humano, conhecimento e tecnologia, economia e economia criativa.
Ao mesmo tempo, esses pilares são separados em 21 variáveis. Entre elas, investimentos, crédito, ambiente regulatório, sustentabilidade, ativos intangíveis, educação, criação de conhecimento, entre outras.
Para Rodrigo Ventura, economista-chefe do INPI, esse direcionamento se justifica porque a inovação passou a ser examinada de forma mais ampla e horizontal em sua essência, não estando mais limitada a laboratórios e artigos puramente científicos.
Quem é quem na inovação brasileira
De acordo com a primeira edição do IBID, o Estado de São Paulo é o campeão nacional em inovação, registrando índice de 0,891, pontuação que supera o dobro da obtida por Santa Catarina, que ocupa o segundo lugar no ranking nacional, com 0,415.
Na sequência, vêm os estados do Paraná (0,406), Rio de Janeiro (0,402) e Rio Grande do Sul (0,401) completando, assim, a lista das cinco economias mais inovadoras do país.
Já na outra ponta, ou seja, entre as cinco economias brasileiras menos inovadoras surgem os estados de Roraima (0,135), Pará (0,133), Amapá (0,132), Maranhão (0,125) e Acre (0,111), demostrando, segundo o INPI, a necessidade de ações estratégicas que permitam um maior alcance econômico nessas localidades.
Quando se olha sob a perspectiva regional, o Sudeste e o Sul praticamente concentram a inovação no Brasil. Afinal, das oito primeiras colocações no ranking nacional sete correspondem a estados que formam essas duas regiões.
Por outro lado, os resultados apontam que os estados das regiões Norte e Nordeste aparecem na parte inferior do ranking geral, com as últimas quinze posições ocupadas por eles. Ao passo que, os estados do Centro-Oeste surgem em uma colocação intermediária.
Conforme a publicação, essas três regiões ainda lutam para traduzir insumos em produtos de inovação, afetando, dessa forma, o seu desempenho como um todo no índice.
Entretanto, o INPI chama a atenção para o fato de que à exceção de Alagoas, na 21ª colocação, os demais estados nordestinos pertencem ao grupo de economias com desempenho em inovação superior ao previsto para o seu nível de renda.
Na lista de campeões em inovação por região surgem o Tocantis (0,154), no Norte; Rio Grande do Norte (0,216), pelo Nordeste; São Paulo (0,891), no Sudeste; Distrito Federal (0,304), pelo Centro-Oeste; e Santa Catarina (0,415), no Sul.
Destaques de acordo com cada eixo
Quando se observa o desempenho das unidades da federação, tendo em vista cada um dos sete pilares que compõem o IBID, não surpreende o fato de o Estado de São Paulo liderar em todos os eixos de inovação.
Enquanto isso, Paraná e Santa Catarina revelam um comportamento equilibrado em todos os pilares. O Paraná aparece entre as cinco primeiras colocações em todos eles. Contudo, o mesmo não ocorre com Santa Catarina, especificamente por conta do pilar Capital Humano.
Já o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, que se posicionam entre as cinco economias mais inovadoras do Brasil embalados pelo desempenho em alguns pilares específicos. A saber, o Rio de Janeiro é vice-líder nacional em Capital humano e Economia criativa, ao passo que o Rio Grande do Sul se destaca nos eixos Negócios e Conhecimento e Tecnologia.
E, apesar de alguns estados aparecerem mais abaixo na classificação geral, eles se sobressaem, em particular, em determinados pilares de inovação. É o caso, por exemplo, de Minas Gerais em Instituições e Conhecimento e tecnologia; Distrito Federal em Capital humano, Infraestrutura e Negócios; Espírito Santo em Instituições; e Goiás e Rio Grande do Norte em Economia.
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