Inteligência artificial: como o Brasil performa no cenário global?

Pesquisa aponta que menos da metade das empresas brasileiras usam ou estão implantando a tecnologia, uma das três menores taxas do mundo – à frente somente da Bélgica (32%) e de Luxemburgo (31%) -, enquanto a média global é de 54%.
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

Desde que os modelos conversacionais, a exemplo do ChatGPT, começaram a se destacar, a inteligência artificial, especialmente a versão generativa, atraiu a atenção de empresas e governos em todo o mundo. 

Clique aqui para saber o que é inteligência artificial e como ela impacta o setor financeiro.

No Brasil não foi diferente, com a tecnologia prontamente despertando o interesse de diversos segmentos econômicos, embora em diferentes proporções. 

Contudo, passada a euforia inicial, em que medida a inteligência artificial foi até então adotada no país e como este se posiciona no cenário internacional?

Segundo um estudo recentemente divulgado pela SAS, plataforma global de investigação estatística e educacional, o Brasil aparece em 11º lugar em desenvolvimento e inovação em inteligência artificial.

De acordo com o estudo, menos da metade das empresas brasileiras entrevistadas (47%) estão usando ou implantando ao menos uma solução de inteligência artificial generativa, o que equivale a uma das três menores taxas do mundo – à frente somente da Bélgica (32%) e de Luxemburgo (31%) -, enquanto a média global é de 54%.

Enquanto isso, até agora, no topo do ranking, a China reina absoluta, onde mais de 80% das organizações consultadas afirmam que usam ou estão implementando a tecnologia, seguida do Reino Unido e dos Estados Unidos, apresentando índices de 70% e 65% das empresas, respectivamente.

Contudo, a publicação ressalta que, em termos de maturidade e implantação completa de modelos de inteligência artificial generativa, as empresas estadunidenses estão na dianteira, conforme 24% dos respondentes, ante apenas 19% das corporações chinesas e 11% do Reino Unido.

Para chegar a esses resultados, foram conduzidas 1.600 entrevistas com executivos responsáveis pela tomada de decisão envolvendo inteligência artificial e análise de dados, em 21 países, entre os meses de fevereiro e abril de 2024, sendo 100 dessas entrevistas realizadas no Brasil.

Principais desafios e expectativas 

Entretanto, apesar da classificação brasileira, isto não significa que as organizações não se interessem ou não queiram implementar a inteligência artificial. O que se observa, expõe a pesquisa, é que há cautela por parte dos líderes ao adotá-la.

Nesse sentido, o documento identificou que existem alguns obstáculos fomentando esse cuidado por parte das empresas brasileiras. Entre eles, 51% dos respondentes apontam a falta de conhecimento e a habilidade profissionais necessários a ponto de extrair o máximo do investimento na tecnologia, enquanto na média mundial esse percentual é de 36%.

Para completar, os próprios executivos ouvidos na pesquisa afirmam não ter pleno conhecimento da inteligência artificial generativa. Aliás, cerca de 46% dizem possuir uma compreensão moderada, ao passo que globalmente aproximadamente 42% declaram ter um bom entendimento.

E juntamente com a expertise necessária para trabalhar com a inteligência artificial generativa, 51% dos líderes nacionais também destacam a dificuldade de passar pela transição entre a fase conceitual e sua utilização prática. Completam a lista, o receio quanto à privacidade dos dados (91%), segurança (81%) e governança (69%).

Por outro lado, o estudo indica que a maioria das organizações brasileiras que já implementaram a inteligência artificial generativa (93%) atesta uma melhora na satisfação e experiência dos funcionários. Enquanto isso, aproximadamente 87% dizem que os custos operacionais caíram e outros 76% apontam que conseguiram reter mais clientes.

Ao mesmo tempo, 57% dos líderes ouvidos demonstram uma expectativa positiva de que a inteligência artificial generativa represente um grande estímulo para a inovação e a competitividade no Brasil. 

Além disso, 57% dizem esperar que haja aumento da capacidade e precisão analítica na gestão, e 54% contam com uma maior personalização da experiencia e engajamento da clientela. Porém, apenas 39% se mostraram esperançosos de que a inteligência artificial generativa lhes ajudará a cortar custos.

Setores que mais impulsionam a inteligência artificial no Brasil

A pesquisa da SAS mostrou ainda que os setores financeiro, da saúde e agricultura, nessa ordem, são os mais entusiastas em relação à inteligência artificial no país. 

No caso do setor financeiro, o uso de algoritmos de aprendizado de máquina, por exemplo, se destaca por possibilitar o aprimoramento da segurança cibernética e um aumento da eficiência no atendimento aos consumidores, entre outros ganhos.

Já no que diz respeito a investimentos futuros em inteligência artificial generativa, a publicação relata que a totalidade das empresas brasileiras que já usam a tecnologia tem verba no orçamento para investir novamente entre esse e o próximo ano. Paralelamente, 97% das organizações que estão em estágio de implementação disseram que também têm recursos alocados para fazer o mesmo.

Nesse contexto, vale assinalar ainda que entre as empresas nacionais que apostam ou tem a intenção de investir na tecnologia ao longo dos próximos anos, 45% pretendem iniciar somente em um departamento, 37% em um projeto piloto específico, ao passo que 18% afirmam que vai investir a nível corporativo. 

País está no Top 3 na América Latina

Olhando mais especificamente para a América Latina, o desempenho do Brasil em relação ao uso da inteligência artificial o coloca na segunda colocação, abaixo do Chile, que encabeça o ranking, mas acima do Uruguai, na terceira posição.

O dado é do Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (Ilia), que mensura a utilização da tecnologia em 19 nações, desenvolvido desde 2023 pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile (Cenia), com a colaboração da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e ainda da União Europeia e de organizações privadas e do meio acadêmico. 

Para o cálculo do Ilia, fatores como o avanço da pesquisa, grau de inovação e adoção da inteligência artificial são levados em conta. Além desses, também são contemplados o nível de infraestrutura, dados e capital humano.

Veja também:

Inteligência artificial no setor financeiro traz oportunidades e desafios

Desafios macroeconômicos que a inteligência artificial apresenta

Inteligência artificial: supervisão humana é necessária para garantir conformidade

A Inteligência Artificial como bem de utilidade pública: um imperativo global

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!