Cada vez mais, o mercado de criptoativos se destaca, interligando-se, especialmente, ao sistema financeiro tradicional. Nesse contexto, basta observar como as criptomoedas se tornaram populares, assim como outros ativos relacionados, a exemplo das stablecoins, moedas digitais de banco central (CBDCs na sigla em inglês) e NFTs. Porém, existe algo que os une e que ainda gera dúvidas em muita gente: os tokens.
Inicialmente, os tokens ficaram conhecidos como dispositivos, físicos ou digitais, de geração de senhas automáticas largamente utilizados por bancos e outras empresas para dar acesso a sites e aplicativos.
Entretanto, quando se fala do mercado de criptoativos, os tokens recebem outra definição. Aqui, passam a representar, além de criptomoedas, algum tipo de ativo do mundo físico de forma digital, como dinheiro, uma propriedade, obra de arte ou investimento, presente em uma plataforma blockchain.
O real digital, que é a CBDC brasileira em fase de teste pelo Banco Central, é um exemplo de uma das formas de tokenização da moeda oficial de um país, tendo o mesmo valor fiduciário e incorporando tecnologias como dinheiro programável e contratos inteligentes.
Já quando vão além da questão monetária, os tokens assumem valores variáveis, visto que a precificação de ativos como propriedades e investimentos podem flutuar de acordo com as operações do mercado.
Por conta disso, um dos principais benefícios dos tokens é a simplificação da negociação dos mais diversos tipos de bens por eles representados, digitalmente e em qualquer parte do mundo, devido à forma como funcionam.
Ademais, além da possibilidade de representarem digitalmente métodos de pagamentos de produtos e serviços, certificados de propriedade dos mais diversos bens, os tokens também podem assumir a forma de programas de benefícios, métodos de participação na tomada de decisão de empresas e sistemas digitais e muito mais.
Principais categorias de tokens
Conforme mencionado, os tokens podem representar praticamente qualquer ativo digitalmente, sejam eles tangíveis ou intangíveis, podendo ser acomodados em cinco categorias principais:
O que são payment tokens?
São tokens de pagamento, operando como dinheiro eletrônico. Criptomoedas, stablecoins e CBDCs sem encaixam nessa categoria.
O que são utility tokens?
Como o termo em inglês já diz, esses tokens possuem uma utilidade definida. Isso quer dizer que, apesar de também poderem representar um tipo de moeda, só são usados para um fim específico e geralmente possuem uma quantidade limitada.
Esse tipo de token pode ser ofertado por empresas que desejam levantar fundos, ao oferecer produtos e serviços (físicos ou digitais) exclusivos por meio da compra de uma oferta inicial de moedas digitais, por exemplo. E podem ainda ser revertidos em benefícios para colaboradores, direitos de voto, entre outras funções.
O que são non-fungible tokens (NFTs)?
São traduzidos como tokens não-fungíveis. Com efeito, eles representam algo único, ou seja, não podem ser substituídos, daí a denominação. Assim, podem equivaler a uma obra de arte, música, capa histórica de uma determinada publicação e até mesmo um tweet. Consequentemente, ao adquirir um NFT, o indivíduo obtém um código de computador que contém a informação do objeto digitalmente representado.
O que são security tokens?
Nessa categoria, o interessado pode de adquirir uma parcela de um ativo mobiliário negociável geralmente em bolsa de valores, obedecendo à regulação vigente do mercado de capitais. Nesse caso, podendo ser um veículo, ação ou imóvel. Além do mais, as transações efetuadas por meio desses tokens são rastreadas, garantindo a qualidade de segurança.
O que são equity tokens?
Diferentemente dos tokens de segurança, que são atrelados a qualquer tipo de bem, aqui, os tokens são relacionados somente a determinados ações ou títulos de empresas e commodities. Nesse sentido, eles possuem iguais garantias dos papéis tradicionais e são regulados por autoridades financeiras competentes.
Como eles funcionam?
Os tokens funcionam de acordo com a categoria na qual cada ativo se encaixa, embora sempre ancorados em alguma blockchain. Além disso, eles são fundamentados em contratos inteligentes, que consistem em códigos computacionais autoexecutáveis, com as mesmas funções dos contratos tradicionais estabelecidos entre as partes.
Contudo, diferentemente dos contratos físicos, esse formato digital não pode ser modificado ou extraviado, garantindo a sua execução.
Dito isso, quando um bem se torna um token, ele normalmente é fragmentado em frações digitais. Dessa maneira, tomando-se como exemplo um imóvel avaliado em R$ 1 milhão, ele pode ser fracionado em 10 mil tokens, cada unidade valendo, inicialmente, R$ 1.000. Vale ressaltar que os valores dos tokens podem variar com a valorização do bem.
O mesmo raciocínio se aplica a outros ativos possíveis de serem tokenizados, como é o caso de equipamentos; propriedades intelectuais de obras de arte, músicas e livros que tenham direitos autorais; pedras e metais preciosos; fundos de investimento; ações; títulos, precatórios, entre outros.
Os tokens são seguros?
Segundo os especialistas em tecnologia, como a blockchain, plataforma na qual os tokens são criados, é segura, consequentemente eles também são.
No entanto, eles afirmam que sempre se deve avaliar com cuidado cada projeto de blockchain e se informar sobre o histórico das empresas que estão por trás antes de adquirir qualquer tipo de token.
Afinal, já houve casos de tokens mal programados, dando espaço para vulnerabilidades e ataques de hackers, que roubaram os ativos dos usuários.
Por que tokenizar um ativo?
Entre as principais vantagens de converter ativos em tokens estão:
- Conferir acessibilidade, pois quando ativos são transformados em tokens, é possível negociar bens tangíveis e intangíveis, por exemplo, de forma fracionada e, assim, quando o objetivo é angariar fundos para um projeto, mais investidores conseguem acessar e garantir maior injeção de recursos;
- Digitalização, afinal, ativos tokenizados conseguem alcançar vários tipos de mercados;
- Transparência das operações, isso porque devido ao fato de uma blockchain ser uma plataforma descentralizada de dados e informações, fica mais fácil monitorar as movimentações dos ativos por meio do rastreamento que a ferramenta executa;
- Segurança da criptografia de dados avançada, o que permite a execução das transações sem a intermediação de terceiros.
Veja mais:
Mercado global de tokenização pode ultrapassar US$ 13 bilhões em oito anos
Futuro dos pagamentos: caminhos para adequação à era digital
Entenda o que são tokens e criptomoedas
Regulação de cripto: como as batalhas legais influenciam o futuro incerto do setor?