Diferentemente do Brasil, onde o Open Finance acaba de completar três anos e promete novidades para 2024, em outras partes do mundo, o modelo de finanças abertas ainda não está tão desenvolvido. Muitos países se restringem apenas ao sistema bancário na implementação do chamado Open Banking.
Entre esses países, estão mercados como o do Reino Unido – mesmo este seja precursor do Open Banking –, a União Europeia e até os Estados Unidos, que despendem esforços para elevar a concorrência entre bancos e fintechs.
Entretanto, alguns especialistas destacam as oportunidades que se apresentam nas regiões da Ásia-Pacífico e da África, que abrigam economias emergentes importantes com potencial de evolução no universo das finanças abertas.
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A evolução do Open Banking na região Ásia-Pacífico
Na Ásia-Pacífico, o acesso e a utilização do sistema financeiro são prioridades em muitas economias em desenvolvimento, tanto para estimular o crescimento econômico como para avançar na inclusão financeira, apesar da grande variação de abordagens de políticas públicas em toda a região.
Por essa razão, Tony Wood, líder da Deloitte para Ásia-Pacífico, disse em entrevista à The Paypers que a implementação do Open Banking nessas localidades carrega oportunidades consideráveis.
A Índia, por exemplo, investiu fortemente em infraestrutura, criando serviços públicos para apoiar os cidadãos no acesso ao sistema financeiro.
O país adotou uma abordagem tecnológica transformadora em seu sistema bancário, que inclui o desenvolvimento de um sistema de pagamentos interoperável e é apoiado em uma base de dados de identidade nacional.
A Austrália, por sua vez, tem exigido a aderência das instituições financeiras ao Open Banking. Já a China continental aposta na combinação de desenvolvimento tecnológico com regulação.
Além disso, Wood relata que Hong Kong optou por uma estratégia baseada na adesão dos usuários em massa, enquanto Singapura escolheu uma abordagem mais orientada para o mercado, fortalecendo a agregação de dados financeiros.
Entretanto, a maior expectativa em relação ao Open Banking está na partilha de dados entre os países e no crescimento das iniciativas e quadros regulamentares dos pagamentos transfronteiriços, segundo a liderança.
Um exemplo desses pagamentos são as transferências de trabalhadores migrantes entre países, que se configuram como uma questão econômica e social importante em muitos países dessa região.
Contudo, a preocupação com a segurança dos dados ainda constitui uma barreira à inovação e à integração de novos participantes ao mercado. Assim, garantir a confiança do sistema será essencial para promover a inovação nos serviços financeiros e consolidar o Open Banking em toda a região.
O caminho percorrido pela África
Ao analisar como a África abraçou o Open Banking, Paula Buchel, líder de pagamentos da Delloite para o continente, e Albertus Nel, líder do mesmo setor na África do Sul, disseram ao The Paypers que muitos países o identificaram como parte de suas estratégias de modernização de pagamentos de médio a longo prazo.
Porém, em muitas nações, o Open Banking avança sem regulamentação, principalmente nos mercados sub-bancarizados, onde as instituições não bancárias que oferecem produtos financeiros têm se expandido.
Isso porque a necessidade de fornecer serviços que possam chegar às comunidades rurais informais mais pobres e às micro e pequenas empresas levou a soluções inovadoras dos não-bancos, incluindo empresas de telecomunicações e fintechs.
Assim, cientes dos riscos para o setor, os bancos responderam estabelecendo parcerias com essas empresas no fornecimento de produtos mais abrangentes aos seus clientes.
Nesse cenário, os bancos de todo o continente estão colaborando com fintechs e outros parceiros como parte das suas estratégias de digitalização. Segundo o relatório 2023 do Banco Europeu de Investimento, na África Subsaariana, dois terços dos bancos cooperam, fazem parcerias ou investem em fintechs. Entre as inovações mais importantes está o dinheiro móvel.
Apesar disso, Buchel e Nel afirmam que o Open Banking necessita de regulamentação para se consolidar. Nos últimos anos, poucas nações africanas elaboraram roteiros para implementar o Open Banking. Entre elas, estão Quênia, Nigéria, Gana e África do Sul.
De todo modo, sejam bancos ou não-bancos, os principais intervenientes procuram resolver as questões críticas do continente, como a exclusão financeira da maioria das pessoas; o fato de que mais de 90% dos pagamentos são feitos em dinheiro; e o acesso muito limitado ao crédito e a outros serviços financeiros.
Por fim, assim como outras partes do mundo, a África enfrenta problemas de segurança e privacidade de dados como limitantes para evolução do Open Banking.
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