Estrutura que compõe o sistema de finanças abertas no Brasil, juntamente com o Open Banking e o Open Investment – que representam, respectivamente, a abertura dos sistemas bancário e de investimentos -, o Open Insurance, ou sistema de seguros abertos, vem ganhando força entre os consumidores brasileiros.
Segundo o mais recente levantamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que integra a estrutura de governança do Open Insurance, mais de 16 milhões de operações (16,5 milhões) foram contabilizadas em todo o país entre os meses de setembro de 2023 e 2024.
Esse volume de transações, detalha a entidade, compreende o total de solicitações de compartilhamento de dados pelos segurados durante as duas primeiras fases de implementação do Open Insurance.
Ao todo, foram 10,5 milhões de compartilhamentos durante a primeira fase e mais seis milhões ao longo da segunda fase, refletindo, dessa forma, como a implementação do Open Insurance vem progredindo, cuja finalização está prevista para novembro desse ano, com a conclusão da terceira etapa.
A saber, essa última fase de implantação do sistema concentrou-se na partilha de serviços visando facilitar o gerenciamento em todos os segmentos de seguros – individuais, em grupo, microsseguros, capitalização e previdência complementar aberta.
Vale lembrar, que assim como as demais estruturas do Open Finance, o Open Insurance contempla um conjunto de normas e protocolos que dão aos clientes, nesse caso de seguros, previdência complementar e capitalização, a oportunidade de partilhar seus dados, conforme seu consentimento, entre as empresas do setor, desde que credenciadas à Susep.
Entre os principais benefícios esperados com o Open Insurance está o impulsionamento do mercado de seguros no país, oferecendo mais opções e modelos de negócios com a expectativa de que os preços caiam a níveis inferiores aos encontrados antes de sua implementação.
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Consumidores e empresas cadastrados na base do Open Insurance
Além do volume de compartilhamentos registrados no período, o levantamento da Susep também traz a quantidade de segurados que optaram por compartilhar seus dados por meio do Open Insurance, bem como o número de empresas do setor de seguros e capitalização que já fazem parte do sistema.
De setembro de 2023 a igual mês de 2024, em torno de três mil clientes de seguros em todo o Brasil deram autorização para compartilhar seus dados, ao passo que 74 instituições, englobando seguradoras, empresas de previdência complementar e de capitalização, já se encontram cadastradas na base do sistema de seguros abertos.
Especificamente sobre as Empresas de Processamento de Pedidos de Clientes (SPOC na sigla em inglês), que funcionam como uma conexão digital entre consumidores e as seguradoras, possibilitando compartilhar com segurança informações entre as empresas do setor, a Susep informa que somente duas foram aprovadas até então.
Porém, adianta, apesar de não existirem novos pedidos de credenciamento para serem avaliados, é provável que esse número cresça à medida que o Open Insurance avance.
Para entender melhor como uma SPOC funciona, a Susep explica que, uma vez autorizada a operar, esse tipo de instituição pode fornecer uma compilação de dados para os consumidores, trabalhando com painéis de informações e de controle, assim como, mediante consentimento dos clientes, pode ainda representá-los na iniciação de atividades financeiras.
Para além dos dados referentes aos compartilhamentos, número de clientes e de entidades participantes do Open Insurance, o levantamento revela que uma quantidade superior a 1.200 APIs (sigla em inglês para interfaces de programação de aplicativos) foi ofertada pelo sistema, classificadas em 72 grupos, permitindo, dessa forma, acelerar a partilha de dados e a conexão de sistemas entre as empresas cadastradas.
Balanço e projeção para o setor de seguros no Brasil
Conforme o relatório Síntese Mensal da Susep, de janeiro a agosto de 2024, o setor de seguros e capitalização, compreendendo as empresas sob sua supervisão, arrecadou mais de R$ 288 bilhões. A cifra representa um acréscimo de 13,5% na comparação com igual período de 2023.
Enquanto isso, a restituição à sociedade, incluindo indenizações, benefícios, resgates e sorteios, alcançou R$ 161 bilhões em igual intervalo de tempo.
Entretanto, apesar do volume movimentado no acumulado desse ano, o setor ainda é considerado em desenvolvimento, revelando um grande potencial para avançar.
Nesse sentido, a projeção da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) é de que esse mercado poderá representar cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até o fim dessa década, podendo gerar até R$ 1,14 trilhão.
Nesse cenário, a entidade acredita que o Open Insurance tem um papel fundamental a fim de facilitar o aumento das transações, caso mais consumidores autorizem o compartilhamento de seus dados e as empresas possam oferecer novas soluções, aumentando o acesso a produtos mais personalizados às necessidades dos consumidores.
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