Duas pesquisas recentemente lançadas trazem novos indicadores que refletem como anda a relação do brasileiro com o mercado de criptomoedas. Além do registro de um aumento expressivo nas pesquisas sobre esses criptoativos, também é possível identificar o nível de conhecimento da população e como a sua adoção se distribui em todas as regiões do país, assim como os fatores que limitam a sua expansão.
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O primeiro desses estudos, empreendido pela Bitso, plataforma global de negociação de ativos digitais, em conjunto com a Semrush, empresa com foco em análise digital, indica que, nos últimos dois anos, a busca por palavras relacionadas ao universo cripto teve acréscimo de 124% no país.
De acordo com a publicação, enquanto em setembro de 2024 foram contabilizadas cerca de 4,75 milhões de buscas sobre o universo cripto pelos brasileiros, em igual mês de 2022, esse volume havia sido de apenas 1,2 milhão de pesquisas.
Já quando a comparação se dá com setembro de 2023, o acréscimo registrado foi de 59%, tendo em vista que foram anotadas 2,99 milhões de consultas no período.
Nesse contexto, além de criptomoedas, as palavras mais procuradas foram blockchain e Drex.
Denominado “Panorama Cripto na América Latina”, esta é a segunda edição do estudo, o qual, segundo os autores, aponta para uma mudança substancial no comportamento dos consumidores em relação a esse mercado.
A conclusão a que se chegou é de que as criptomoedas deixaram de ser uma estratégia meramente especulativa, passando a fazer parte de um planejamento financeiro frequente.
Outra descoberta é que, assim como em outros países latino-americanos, no Brasil, a compra de criptomoedas se concentra na primeira semana do mês, demonstrando correspondência com o período de recebimento dos salários.
Conhecimento dos brasileiros sobre criptomoedas
Já a segunda pesquisa foi publicada, em dezembro de 2024, pela Consensys, comunidade internacional de pesquisadores, desenvolvedores, entre outros interessados na tecnologia blockchain.
O levantamento, conduzido virtualmente pelo YouGov, grupo global de pesquisa e investigação de dados, indica que 96% dos brasileiros já escutaram sobre criptomoedas, especialmente o Bitcoin.
Desse contingente, 56% afirmaram saber o que são criptomoedas, enquanto 40% disseram estar a par sobre o tema, mas não têm segurança de que entendem o que são esses criptoativos.
Índice de aceitação
Quanto à aceitação das criptomoedas pelos brasileiros, o mesmo estudo descobriu que 43% dos entrevistados relataram já ter destinado recursos para compra ou possuem essas moedas digitais, índice superior à média global (42%).
Também chama a atenção como esse indicador se comporta entre as regiões do país, com o Nordeste liderando esse cenário, registrando taxa de 45,3%. Na sequência, aparecem o Sul (43,4%), o Sudeste (40,7%), o Norte (40,2%) e o Centro-Oeste (38%).
Ainda conforme a publicação, atualmente, 16% dos respondentes possuem criptomoedas, com essa proporção sendo superior no Nordeste (17,3%),
Também se destaca o fato de 28% dos brasileiros que já investiram nessas moedas digitais apontarem a exclusão do sistema financeiro convencional como o principal motivo para comprá-las. Isso representa um acréscimo de 26 pontos percentuais na comparação com a versão anterior do levantamento.
Além disso, verificou-se que 47% dos entrevistados pensam em adquirir criptomoedas no período correspondente aos 12 meses que se seguem e, entre os que já o fizeram, cerca de 70% têm a intenção de reinvestir. A propósito, em meio aos brasileiros que afirmam conhecer as criptomoedas, aproximadamente 21% detém uma carteira.
A publicação também mostra que 35% das pessoas ouvidas creem que as criptomoedas estimulam uma internet mais focada na privacidade, um número que é maior do que o dobro da média internacional (16%).
Paralelamente, 56% dos brasileiros veem as criptomoedas como ecologicamente corretas e o Bitcoin, em especial, é tido como o mais sustentável por cerca de 64% dos entrevistados.
Principais barreiras à adoção de criptomoedas no país
Outra conclusão da pesquisa é que entre os fatores que mais impedem uma maior adoção das criptomoedas aparece o custo para aquisição. Para 47% dos respondentes “é muito caro” adquiri-las, índice bem acima do identificado nas edições anteriores.
Ainda entre os principais impedimentos à entrada no mercado cripto, surgem os riscos e o receio de golpes, apesar de ter ocorrido uma redução na menção dessas barreiras.
Segundo o documento, a proporção de entrevistados que acredita que existem muitos golpes diminuiu para 41%, ao passo que aqueles que consideram o mercado de criptomoedas muito volátil caiu para 36%.
Dessa forma, a pesquisa conclui que isso pode ser um indicativo de que está acontecendo uma evolução sobre o entendimento desse mercado e uma retração dos medos relacionados a essas questões.
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