Identidade digital ganha força com digitalização e Open Finance

A solução está entre as cinco oportunidades principais no ambiente de Open Finance em 2025, indicando que esse ecossistema também requer um volume de dados mais extenso para fornecer serviços de melhor qualidade.
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Equipe Propague
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Com a digitalização, as constantes violações de dados e o aumento de fraudes nas transações financeiras demandam cada vez mais a necessidade de as empresas adotarem uma abordagem de segurança multicamadas, onde a criação de ferramentas de identidade digital se destaca para evitar o acesso não autorizado a grandes quantidades de informações pessoais on-line.

Para especialistas em tecnologia e segurança da informação, esse quadro se potencializa quando se observa o avanço do ecossistema de Open Finance em muitos países, em sua maioria no estágio de Open Banking, mas a caminho de contemplarem uma gama mais ampla de serviços financeiros – por exemplo seguros e investimentos -, alcançando o ápice das finanças abertas.

Segundo Ouliana Smith, analista de pesquisa sênior em tecnologia de serviços financeiros na Omdia, os serviços de identidade digital estão entre as cinco oportunidades principais no ambiente de Open Finance em 2025, indicando que esse ecossistema também requer um volume de dados mais extenso, do que apenas a nível de transação ou de conta, para fornecer serviços financeiros de melhor qualidade.

Em artigo publicado na Fintech Futures, ela expõe que, embora várias jurisdições se encontrem em patamares distintos de implementação de estruturas que permitam sistemas de identidade digital seguros, acessíveis e interoperáveis, a expectativa é de que os desenvolvimentos dessas ferramentas avancem ao longo do tempo.

Para além disso, afirma, as perspectivas para as soluções de identidade digital envolvem ainda a integração contínua de avanços tecnológicos com fatores humanos, como carteiras digitais e sistemas de identidade auto soberanos. 

Enquanto a rápida evolução das finanças – incluindo CBDCs (sigla em inglês para moedas digitais de banco central), ativos tokenizados entre outras inovações -, mudarão a forma como os consumidores interagem com os provedores de serviços financeiros, exigindo a evolução das ferramentas de identidade digital para soluções mais robustas no futuro.

Privacidade de dados e segurança no acesso a serviços financeiros

Em sua análise, Smith também contempla o desenvolvimento dos serviços de identidade digital em meio à implementação em todo o mundo de regulamentos de proteção de dados e acesso a serviços bancários e financeiros abertos.

Conforme disse, cada vez mais as organizações se veem obrigadas a seguir vários regulamentos de proteção de dados para garantir o acesso seguro às informações pessoais. 

Nesse contexto, ela lembra que os principais exemplos, até agora, são o Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa, que determina o manuseio de dados pessoais; o Privacy Act da Austrália, que garante que os programas de identidade digital sigam as leis nacionais; e o California Consumer Privacy Act, que concede aos residentes direitos sobre suas informações pessoais.

Na sua avaliação, essas legislações estão intimamente ligadas ao desenvolvimento de iniciativas de Open Banking e Open Finance, que visam aprimorar o acesso do consumidor a serviços financeiros, garantindo ao mesmo tempo fortes proteções de segurança e privacidade de dados. 

Como resultado, argumenta, esses regulamentos aumentaram a urgência da criação de soluções de identidade digital, permitindo que os usuários acessem grandes quantidades de dados pessoais on-line com segurança e em um só lugar. 

Porém, para isso, ela lembra que o investimento em estruturas de confiança e governança é primordial. “As organizações precisam de modelos de negócios em vigor para se beneficiar da oportunidade e incentivar usuários e outras partes a adotar e usar soluções de identidade digital”, disse.

Ademais, acrescenta, o maior desafio na concepção de serviços de identidade digital segue sendo a criação de soluções que sejam escaláveis globalmente, já que as regulamentações em diferentes jurisdições ainda não adotam o mesmo padrão.

Pioneirismo no desenvolvimento de estruturas de identidade digital

Para ilustrar para onde o mundo pode caminhar em direção à criação de estruturas digitais seguras e acessíveis, Smith traz as regulamentações implantadas em duas importantes economias e que na sua avaliação despontam globalmente na atualidade: as da União Europeia (UE) e do Reino Unido.

No caso da primeira, ela destaca que a segunda versão da legislação “Serviços Eletrônicos de Identificação, Autenticação e Confiança (eIDAS 2.0 na sigla em inglês) institui as carteiras de identidade digital emitidas por seus estados-membros. 

Tais carteiras permitem que os consumidores armazenem e compartilhem suas informações pessoais e financeiras com segurança através das fronteiras, definindo assim um padrão mundial para gerenciar e usar serviços de identidade digital. 

Ao mesmo tempo, ela aponta que a estrutura está pronta para melhorar significativamente o ambiente em que o open banking funciona, promovendo um ecossistema financeiro digital mais seguro e integrado.

Além disso, a especialista enfatiza que a UE priorizou ainda a inclusão dessas carteiras de identidade digital nas transações de pagamento, apoiada pelo novo Regulamento de Serviços de Pagamento e pelos regulamentos da Lei de Acessibilidade.

Já no que tange ao Reino Unido, Smith destaca que o país está trabalhando ativamente na chamada “Estrutura de Confiança de Identidade e Atributos Digitais” para criar um ambiente seguro e confiável para as ferramentas de identidade digital. 

Essa estrutura, descreve, define os padrões e diretrizes para organizações que oferecem serviços de identidade digital, garantindo que elas possam aderir a altos níveis de privacidade, segurança e proteção de dados.

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