A transformação digital chegou com tudo no mercado financeiro. Nos últimos anos, o ambiente tecnológico abriu espaço para inovações com os bancos digitais e as fintechs. Além disso, em 2020, o Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central, começou a funcionar. Desde então, o país segue, ainda, na implementação do Open Banking. Mas, paralelamente, não se pode esquecer do advento da tecnologia DeFi. Para os especialistas, uma promessa de grande revolução no setor.
Aliás, nunca se falou tanto em DeFi – sigla em inglês para “Decentralized Finance”, que significa finanças descentralizadas em português. Isso porque, desde o segundo semestre do ano passado, esse segmento de criptoativos ganhou as manchetes dos diversos meios de comunicação. E motivos não faltam. Primeiramente, este mercado está avaliado em US$ 85 bilhões, ou 5,3% do segmento como um todo – atualmente na faixa de US$ 1,6 trilhão. Os dados são da Coingecko, empresa que analisa o setor de criptos.
Ao mesmo tempo, segundo ranking global da Chainalysis, empresa de análise de blockchain, no cenário latino-americano, o Brasil só fica atrás da Argentina em termos de uso de protocolos DeFi. Já em escala mundial, está na 17ª colocação.
Mas afinal, o que são essas finanças descentralizadas? Como elas funcionam e pretendem provocar uma disrupção no setor financeiro tradicional? Há quem diga que, enquanto as criptomoedas foram criadas para descentralizar o dinheiro, o DeFi veio para descentralizar os serviços financeiros da forma que conhecemos.
O que é DeFi?
Tendo como alicerce as redes blockchain, a tecnologia DeFi nada mais é do que um protocolo que visa retirar os intermediários das transações financeiras, a exemplo dos bancos e até das próprias corretoras de criptomoedas.
A ideia é ter um ecossistema de serviços financeiros de código aberto. Ou seja, por não estar ligada a nenhuma companhia ou região específica, a DeFi não tem a necessidade de permissões, pois está disponível para todos e opera sem nenhuma autoridade central.
Nela, os usuários mantêm total controle sobre seus ativos e interagem por meio de operações feitas de pessoa para pessoa.
Diariamente, novos protocolos DeFi são criados, com diferentes funções e objetivos. No entanto, em linhas gerais, se pode realizar diversos serviços financeiros, como a contratação de empréstimos, seguros e investimentos.
Como fazer transações dentro de ecossistema de finanças descentralizadas?
Atualmente, um dos meios mais comuns de fazer transações DeFi se dá através do ecossistema Ethereum, que permite a utilização de contratos inteligentes que são, na verdade, códigos computacionais escritos para funcionarem de forma autoexecutável para que as operações não precisem de intermediários.
Vale destacar, ainda, que o Ethereum é a segunda criptomoeda mais utilizada do mundo. A razão para tal é que ela já foi criada para oferecer opções que o bitcoin ainda está implementando. A exemplo de registro facilitado de informações e transações.
Quais são as suas vantagens?
Sem intermediários ou mediadores, os custos associados ao fornecimento e ao uso dos produtos e serviços financeiros são significativamente reduzidos. Assim, quando se contrata um empréstimo por meio da DeFi, por exemplo, a operação costuma ser mais barata para quem solicita e, ao mesmo tempo, mais rentável para quem empresta. A transparência é outro ponto positivo desse segmento de criptoativos. O ecossistema só pode existir se as informações forem compartilhadas com todos os usuários.
Por ser um sistema aberto, a facilidade de acesso para indivíduos que, de outra forma, não poderiam usufruir de nenhum serviço financeiro também está entre as suas vantagens. No sistema financeiro tradicional, que depende do lucro de intermediários, os serviços geralmente não estão presentes em comunidades de baixa renda. No entanto, como os custos são bem menores com a tecnologia DeFi, todos podem se beneficiar.
A tecnologia DeFi é segura?
Apesar das vantagens citadas, também é importante levar em consideração o outro lado da moeda: a segurança. A boa notícia é que, de acordo com especialistas em cibersegurança, a tecnologia blockchain é segura, fazendo com que as finanças descentralizadas (DeFi) também sejam seguras.
Porém, isso não significa que golpes não sejam aplicados, principalmente quando se trata de usuários iniciantes, que ainda não estão familiarizados com esse mercado, já que ele é muito novo. Portanto, quem deseja realizar transações via DeFi deve se informar e estudar atentamente o seu funcionamento.
Vale destacar ainda que, apesar da segurança da tecnologia, existe o risco de erro por parte dos usuários. Como não há intermediários, as aplicações DeFi transferem a responsabilidade para quem as utiliza diretamente. Assim, se houver alguma falha humana ou técnica, não há um suporte de atendimento ao qual se possa recorrer em caso de problemas.
Além disso, a presente falta de regulamentação também pesa sobre a decisão de realizar transações por meio da tecnologia DeFi. Na verdade, o que se observa é que os órgãos de controle e os governos ainda precisam aprender a lidar com essa novidade do mercado financeiro.
O cenário de finanças descentralizadas vale a pena?
Em meio a vantagens e desvantagens, as finanças descentralizadas revelam-se promissoras e os especialistas em finanças as recomendam para quem busca investir no mercado de criptoativos.
Porém, orientam que é preciso ter cautela, analisando os riscos e a qualidade dos ativos disponíveis. Isso porque, dado o fator novidade e as especificidades técnicas envolvidas, nem sempre é fácil tomar a melhor decisão. Ou seja, é preciso escolher cuidadosamente entre tantos protocolos DeFi existentes.
Em suma, informação é a palavra-chave para operar no segmento. Nesse sentido, os especialistas recomendam atenção para aspectos como o volume negociado, a equipe técnica por trás do projeto, objetivo e forma de utilização. Por fim, é importante sempre desconfiar de promessas de retornos garantidos ou de ganhos absurdos.
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