Drex caminha para ser mais do que uma moeda digital

Diferentemente de outras iniciativas pelo mundo, o BC dá um passo à frente, procurando aproveitar todas as potencialidades de uso da tecnologia, conferindo à sua CBDC o status de plataforma.
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

Mal entrou na segunda fase de testes, o Drex, a moeda digital brasileira em vias de ser lançada pelo Banco Central (BC), avança para um horizonte mais amplo e promissor do que o inicialmente esperado.

Mais do que uma simples moeda, como comumente as CBDCs (sigla em inglês para moedas digitais de banco central) costumam ser tratadas, o Drex caminha um passo à frente, aproveitando-se de todas as capacidades que a tecnologia oferece.

Isto porque, esclarece Fábio Araújo, coordenador do projeto piloto do Drex, não se trata apenas de tokenizar o dinheiro e utilizá-lo digitalmente. Na sua avaliação, pensando dessa forma, não faria sentido lançar uma CBDC, visto que o Pix já cumpre esse papel.

Além disso, durante sua participação no NFT Brasil, principal encontro nacional sobre tecnologia e cultura Web, realizado esse ano no mês de setembro em São Paulo, Araújo afirmou que o BC espera que a CBDC brasileira cause um impacto no sistema financeiro na mesma proporção que o Pix gerou no sistema de pagamentos, porém, sendo capaz de democratizar o acesso da população a uma gama muito maior de serviços financeiros, incluindo seguros, crédito e investimentos.

Afinal, após a primeira fase de testes e considerando os casos de uso previstos para a segunda etapa do experimento, ele declarou que já é possível perceber que o Drex tem outros potenciais mais avançados do que ser apenas uma moeda digital, com o BC passando a vislumbrá-lo como uma plataforma.

Nesse sentido, Araújo disse que o foco, além de ampliar o acesso dos brasileiros aos serviços financeiros, é estimular o desenvolvimento de novos modelos de negócios, tendo como pano de fundo o maior trunfo do Drex: a programabilidade através dos contratos inteligentes.

Como consequência, assinalou, cria-se uma ambiente de inovação financeira muito mais favorável, com custos reduzidos das operações.

Tripé financeiro

Uma vez lançado, o Drex se juntará ao Pix e ao Open Finance, completando o que o BC está chamando de tripé das transações financeiras inteligentes no Brasil, conforme o Instituto Propague havia sinalizado em um insight publicado há cerca de um ano.

À época, o artigo já apontava as prováveis funções do Drex diante desse cenário, assim como, em outra publicação, o Propague traçou um paralelo em relação ao Pix, indo ao encontro das recentes declarações do coordenador do piloto da moeda digital brasileira.

Na verdade, um dos principais questionamentos era se o país realmente precisava do Drex, uma vez que já existia o Pix e este estava bem consolidado. A dúvida se justificava devido as CBDCs, em países como China, Nigéria e Bahamas, que já tinham lançado as suas moedas, estarem sendo abordadas como uma mera digitalização dos pagamentos. 

Diferentemente, aqui, tudo indicava que, por conta da revolução do sistema de pagamentos instantâneos do BC, o Drex não estaria sendo criado para igual propósito. A proposta, e que agora se confirma, seria tornar as transações e serviços financeiros mais inteligentes, operando em um ambiente de finanças abertas, atualmente, já bem adiantado no Brasil.

Drex já é considerado referência global

O fato é que diante do que o BC projeta para o futuro e, mesmo estando em fase de testes, o Drex já é visto como referência internacional. Recentemente, ao participar de um painel na Blockchain Rio, Italo Borssatto, conselheiro no Centro de Inovação do Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês) em Hong Kong, disse que a CBDC brasileira é o projeto mais inovador do gênero em escala global.

Para ele, apesar do avanço de iniciativas semelhantes em Singapura, Coreia do Sul e Hong Kong, a moeda digital brasileira é a mais arrojada e, portanto, está na dianteira, sendo uma das principais vantagens sua abertura à iniciativa privada, tendo em vista a participação de bancos incumbentes e fintechs no piloto do Drex. 

Nesse contexto, vale lembrar que, até agora, 16 empresas e consórcios participam diretamente do experimento, com o BC devendo conduzir uma nova chamada para que outros interessados possam se candidatar, aumentando, assim, o número de instituições a testar o Drex.

A saber, entre os novos casos de uso da moeda, estão sendo avaliados, por exemplo, cessão de recebíveis, financiamento de transações internacionais, câmbio e negociação de veículos e de imóveis, entre outros.

Veja também:

Real digital (Drex): conheça detalhes do piloto, diretrizes e objetivos

Swift poderá integrar Drex a outras CBDCs

Drex: solução de privacidade desafia o Banco Central

Drex entra em nova fase de testes: entenda os próximos passos

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!