O colapso das Stablecoins: reações na Ásia

O derretimento da stablecoin Terra-Luna reacendeu o debate em torno da regulamentação de cripto-ativos. Japão, China e Coreia do Sul estão entre os primeiros países asiáticos a reagir.
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Equipe Propague
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Com o colapso da stablecoin Terra USD, que derreteu após sofrer um ataque especulativo, o controle e regulação de criptoativos voltou a ganhar destaque. A queda ocorreu após as reservas da Luna Foundation Guard, organização da rede Terra, não serem suficientes para sustentar a paridade de 1 para 1 com o dólar americano.

A derrocada do projeto levou a uma reação internacional, com diversas autoridades e órgãos reguladores se pronunciando. Nos EUA, por exemplo, Lael Brainard, vice-presidente do Federal Reserve dos EUA, enfatizou a necessidade de marcos regulatórios robustos para stablecoins.

Já Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, também pediu regulamentações para proteger as pessoas do risco de investimento em stablecoins. Na Ásia, o roteiro foi parecido.

Japão avança na regulamentação das stablecoins

Logo após o colapso do sistema Terra, o parlamento japonês aprovou, no dia 03 de junho de 2022, uma nova lei para regular stablecoins. A medida definiu o status legal das stablecoins como dinheiro digital vinculado ao iene ou outra moeda legal, além de garantir aos detentores o direito de resgate pelo valor de face.

A expectativa das autoridades japonesas é que a nova lei reduza os riscos associados às stablecoins. Ela, no entanto, não é aplicável às stablecoins lastreadas por ativos emitidos fora do Japão (caso do Tether, por exemplo), nem às algorítmicas (caso da própria Terra USD).

A proposta revisou a lei dos serviços de pagamento e estabeleceu que as stablecoins sejam emitidas apenas por bancos licenciados, agentes de transferência de dinheiro registrados e empresas fiduciárias. A medida prevê, ainda, a introdução de um sistema de registro para instituições financeiras emitirem esses ativos digitais.

A iniciativa teve como objetivo não apenas regulamentar emissão desse tipo de ativo, mas, também, definir regras para monitoramento e repressão a ferramentas de lavagem de dinheiro, como remessa de vales-presente eletrônicos de alto preço.

A nova estrutura legal entrará em vigor em 2023, com a Agência de Serviços Financeiros do Japão planejando introduzir novos regulamentos nos próximos meses.

Governo sul coreano e as principais bolsas cripto anunciam comitês próprios

Já a Coreia do Sul anunciou o lançamento do Comitê de  Ativos Digitais, cuja tarefa será supervisionar os criptoativos até que uma entidade governamental permanente seja estabelecida. O comitê será lançado, oficialmente, no final do mês de junho após a posse do novo presidente da Comissão de Serviços Financeiros (CSF).

Focadas em criptoativos de forma mais ampla e não apenas em stablecoins, algumas das diretrizes que estão sendo preparadas pelo comitê são: criação de critérios de triagem de listagem, monitoramento de mercado, monitoramento de comércio desleal, criação de um sistema de divulgação de medidas e de iniciativas de proteção ao investidor.

O Serviço de Supervisão Financeira vinculado à CSF também iniciou uma investigação contra serviços de pagamento gateway que operam com ativos digitais. O órgão exigiu relatórios de 157 gateways sobre qualquer serviço relacionado a cripto, seus planos para o futuro e a divulgação de ativos digitais.

Contudo, não foi apenas o governo que reagiu ao colapso da Terra-Luna:  as cinco maiores bolsas de criptoativos do país (Upbit, Bithumb, Coinone, Korbit e Gopa) também formaram seu próprio comitê consultivo. O objetivo da instituição é padronizar a listagem de tokens e facilitar a comunicação em situações emergenciais.

Além disso, o conselho pretende, a partir de setembro de 2022, preparar normas de deslistagem de tokens, um sistema de alerta para ativos possivelmente inseguros e publicar relatórios de avaliação. O conselho voluntário planeja, também, que novos investidores de cripto sejam obrigados a assistir vídeos educacionais sobre ativos digitais antes de serem autorizados a negociar a partir de janeiro de 2023.

Governo chinês planeja fechar ainda mais o cerco contra Stablecoins

Um dos principais meios de comunicação estatal chinês, o Economic Daily, sinalizou que o governo deve introduzir regulamentações ainda mais rígidas contra criptomoedas e stablecoins após o colapso de maio de 2022.

Vale lembrar que, em 2021, o país aprovou uma ampla repressão das operações com criptoativos, que culminou na migração e um elevado número de plataformas comerciais e “fazendas de mineração” para fora da China.

Após o colapso da stablecoin Terra USD, no entanto, houve um reforço desta visão proibitiva. O artigo mencionado, por exemplo, detalhou a situação que levou ao fracasso da Terra-Luna e  descreveu o evento como um “black swan” que deu um prejuízo superior a US$ 42 bilhões aos investidores.

Ainda afirmaram que o objetivo das autoridades chinesas será corrigir brechas regulatórias que ainda permitem a negociação com moedas digitais. De acordo com o veículo, isso reduzirá os riscos que as stablecoins poderiam representar para o país.

Assim, juntando as reações do ocidente com a das principais economias asiáticas, a tendência é que haja uma aceleração das aprovações de medidas voltadas para regular stablecoins.

 

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