Pagamentos digitais seguem remodelando o sistema financeiro nacional

Segundo o BC, o crescimento tanto em quantidade de operações quanto em relação aos recursos transacionados vem sendo puxado pelo Pix e pelos cartões.
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Equipe Propague
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Dados da edição mais recente do relatório “Estatísticas de Pagamentos de Varejo e Cartões no Brasil”, divulgados em dezembro pelo Banco Central (BC), confirmam a consolidação dos pagamentos digitais em todo o território nacional.

Reunindo um conjunto de gráficos construídos a partir de informações fornecidas pelos diversos participantes do mercado de pagamentos, incluindo empresas de cartões, bancos, assim como obtidas através das infraestruturas operadas pelo próprio BC, a publicação revela como os métodos de pagamentos válidos no Brasil estão sendo utilizados.

Considerando a movimentação contabilizada no primeiro semestre de 2024, período no qual o relatório se baseia, os pagamentos digitais registraram um acréscimo de quase 31% na quantidade de transações e de 10% no volume de recursos movimentados na comparação com igual período do ano anterior. 

Ao todo, foram aproximadamente 65 bilhões de operações, somando pouco mais de R$ 54 trilhões transacionados por meio do Pix, cartões (crédito, débito e pós-pagos), boletos, TEDs (sigla para transferências eletrônicas disponíveis), pagamentos de convênios, saques, transferências intrabancárias, débito direto e cheques interbancários.

Pix e cartões puxam o avanço dos pagamentos digitais no Brasil

Segundo o BC, o avanço dos pagamentos digitais, tanto em quantidade de operações quanto em recursos transacionados nos primeiros seis meses de 2024, foi puxado, principalmente, pelo Pix. 

Nesse período, o uso do sistema de pagamentos instantâneos do BC obteve um salto de 66%, tornando-se o método de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, equivalendo a cerca de 45% do total de operações realizadas no país, totalizando quase R$ 12 trilhões.

Na sequência, também se verificou ampliação do mercado de cartões. A saber, a modalidade que mais cresceu foi a de cartão pré-pago, com um incremento de aproximadamente 25%, seguida do cartão de crédito (cerca de +12%) e do cartão de débito (pouco mais de 3%).

Nesse cenário, a quantidade de cartões pré-pagos ativos no país se situa em torno de 75 milhões de unidades, ao passo que os cartões de crédito e de débito somam aproximadamente 221 milhões e 162 milhões, nessa ordem.

Contudo, apesar de a quantidade de transações ter sido inferior às anotadas por meio do Pix e dos cartões, foi o TED que registrou maior destaque em volume transacionado entre os pagamentos digitais no país na primeira metade de 2024, atingindo 37% e valor médio por operação de quase R$ 50 mil.  

Na segunda posição vem o Pix (22%), que em 2024 ultrapassou o volume total das transferências intrabancárias, que atualmente respondem por cerca de 21% do mercado, considerando o valor transacionado. 

Na outra ponta, apesar do maior crescimento na quantidade de transações registradas entre todas as modalidades de cartões no período avaliado, o cartão pré-pago obteve a menor fatia em termos de volume financeiro movimentado (0,3%) ante os demais meios de pagamentos digitais no país, com valor médio por operação de apenas R$ 26. 

O aumento das transações sem contato

Ainda entre os dados divulgados através do relatório “Estatísticas de Pagamentos de Varejo e Cartões no Brasil”, estão os pagamentos digitais através da tecnologia sem contato (NFC na sigla em inglês).

No intervalo de tempo analisado pelo BC, os pagamentos digitais sem contato por meio de cartões pré-pagos chegaram a 57,5% do total, seguidos das operações com a mesma tecnologia por meio dos cartões de débito (38,4%) e de crédito (quase 33%).

Já a utilização de canais físicos para operações de pagamento caiu de cerca de 3% no primeiro semestre de 2023 para 1,9% na primeira metade de 2024.

O que esperar no âmbito dos pagamentos digitais em 2025

Segundo análise publicada pela plataforma Fintech Futures, os pagamentos instantâneos continuarão a dominar não só o segmento de pagamentos digitais como a agenda do ecossistema de pagamentos em 2025.

Além do Brasil, onde essa dominância vem se consolidando desde 2023 dado o sucesso do Pix, o mesmo deverá ser observado no restante do mundo. 

Conforme Anish Kapoor, CEO da AccessPay e que assina a publicação, tomando como exemplo uma das maiores economias globais, na União Europeia o Regulamento de Pagamentos Instantâneos exige que, neste ano, todos os Provedores de Serviços de Pagamentos que ofereçam transferências na Área Única de Pagamentos em Euros (SEPA na sigla em inglês) sejam capazes de receber e fazer transferências de crédito instantâneas.

Contudo, diante da expansão global dos pagamentos digitais, especialmente as transações em tempo real, ela alerta para a necessidade de um foco maior na prevenção de fraudes, com os serviços de verificação de nome de conta, como a Confirmação de Beneficiário (CoP) do Reino Unido, a Verificação de Beneficiário (VoP) da UE ou ainda os modelos que estão sendo implementados na Austrália e Nova Zelândia se tornando ferramentas essenciais nesse processo.

Além disso, Kapoor chama a atenção para os aspectos práticos da transição para a aplicação da ISO 20022 nas transações, a qual permite que dados muito mais detalhados sejam anexados às mensagens de pagamento, que também virão à tona conforme os prazos para os novos requisitos obrigatórios forem atingidos. 

Para ela, a ISO 20022 e outros avanços tecnológicos em curso oferecem escopo substancial para a transformação financeira global. Conforme disse, esse é o momento ideal para os reguladores e as instituições revisarem e repensarem os processos de longo prazo, bem como para investigarem as oportunidades de maior automação dos pagamentos.

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