Participação das fintechs no mercado de crédito cresce

A evolução das startups financeiras vem ampliando a participação e contribuição dessas empresas no mercado brasileiro de crédito. Por isso, bancos globais também estão de olho na expertise das fintechs para melhorar a experiência do cliente.
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Equipe Propague
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A representatividade das fintechs segue em ascensão. Pouco antes da pandemia, as startups financeiras, incluindo os bancos digitais, já vinham galgando espaço no mercado financeiro nacional, inclusive no crédito. A prova disso é o aumento da participação desse setor na movimentação da base de inadimplentes no Brasil, que observou um salto de 129% em setembro de 2022 na comparação com o mesmo período de 2019.

É o que revela um estudo recentemente divulgado pela Serasa Experian. Nesse intervalo de tempo, a publicação descobriu que o aumento na inclusão e exclusão de dívidas do banco de dados de inadimplência no país através de fintechs chegou a 3,6%. Antes era de 1,6%.

Para Alex Franco, que dirige a área de serviços de crédito da instituição, isso se explica porque, enquanto o modelo de negócios das fintechs, fundamentado em tecnologia inovadora, democratiza o crédito e atrai parcelas da população que os bancos tradicionais geralmente não alcançam, o risco de inadimplência também acompanha essa evolução.

Dessa forma, ele destaca que o cenário exige soluções integradas capazes de melhorar a administração do risco no mercado, contendo mecanismos visando reduzir a frequência de endividamento dos usuários de fintechs.

Participação na recuperação de crédito

A pesquisa também traz um recorte sobre o desempenho das fintechs na recuperação de crédito em território nacional.

Considerando o primeiro ano apontado pelo estudo, ou seja, 2019, quase 69% do volume de dívidas negativadas foram recuperadas. Em outras palavras, saíram da condição de inadimplência.

Contudo, os anos seguintes, ou seja, em 2020 e 2021, foram fortemente impactados pela crise por conta da pandemia, registrando um movimento de queda – cerca de 47% e 29%, respectivamente. Já em 2022, por sua vez, o índice de recuperação de crédito voltou a subir (quase 50%).

Conforme a publicação, isso pode indicar que as fintechs estão alcançando resultados melhores na sua estratégia de cobrança, apontando uma maior maturidade do setor.

Nesse sentido, Franco avalia que esse cenário também reflete em um aumento da adoção de ferramentas auxiliares na tomada de decisões mais precisas a fim de mitigar os riscos de aumento da inadimplência no setor de fintechs.

Aliás, segundo a Serasa Experian, a facilidade de uso dessas ferramentas revela que, entre 2021 e 2022, a apuração do score para concessão de crédito elevou-se em 92%.

Quando se olha para a utilização das plataformas de automação de decisão, essas subiram 52% em igual intervalo de tempo, vindo, logo depois, as soluções de cobrança (11%). Portanto, dados revelam a preocupação das fintechs no uso de mais mecanismos de inteligência na análise e decisão da concessão de crédito, assim como na gestão das carteiras e negociação de débitos, conclui o estudo.

Melhoria da experiência do cliente também amplia atuação das fintechs

Ao mesmo tempo em que se assiste o aumento da participação das startups financeiras no mercado brasileiro de crédito, a expertise do modelo de negócios das fintechs também vem se tornando atrativa para acelerar a digitalização dos bancos tradicionais, especialmente no exterior.

De olho na melhoria da experiência do cliente e na consequente atração de públicos não contemplados pelo setor financeiro convencional, três em cada quatro bancos com atuação global planejam formar parcerias com fintechs ao longo dos próximos dezoito meses com o intuito de impulsionar seus esforços de se tornarem digitais e se aproximarem mais do consumidor.

A projeção consta de uma pesquisa realizada pela consultoria East & Partners para a Finastra, envolvendo entrevistas conduzidas com mais de 600 bancos.

De acordo com o estudo, o que mais motiva as instituições consultadas a se conectarem com as fintechs é a possibilidade de reduzir custos operacionais (46%), a facilidade de implementar novas tecnologias (43%) e um engajamento mais próximo com a evolução das necessidades ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), assim como de conformidade (37%).

Nesse cenário, acrescenta a publicação, a transformação digital objetivando aprimorar a experiência do cliente segue como prioridade, com os bancos globais investindo, em média, cerca de US$ 368 milhões em 2023.

 

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