Comércio eletrônico na África é janela de oportunidades para varejistas internacionais

Contando com uma população jovem aumentando em ritmo mais acelerado que o restante do mundo e bastante conhecedora de tecnologia, a busca por bens e serviços digitais impulsiona o setor na região.
Comércio eletrônico na África é janela de oportunidades para varejistas internacionais
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Equipe Propague
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Até 2027, espera-se que o comércio eletrônico em todo o mundo ganhe cerca de 1,3 bilhão de novos consumidores, totalizando 4,4 bilhões de pessoas a comprar produtos e contratar serviços online nos mais diversos países, movimentando aproximadamente US$ 8 trilhões.

Os dados são de um estudo lançado em 2023 pela Juniper Research, que aponta para o tamanho da aparente oportunidade para comerciantes e prestadores de serviços de pagamentos globais poderem expandir seus negócios além dos grandes mercados ocidentais, já bastante saturados. A proposta é se mover em direção a economias em ascensão, como as da Ásia-Pacífico e África.

Especificamente sobre o continente africano, um novo relatório recentemente publicado pela fintech Nikulipe, intitulado “Pagamentos e comércio eletrônico na África”, confirma o boom do e-commerce na região.

Conforme a publicação, até o final de 2025, projeta-se que quase metade da população local terá adquirido bens e serviços online, em comparação com apenas 13% em 2017. A expectativa é de que o número de consumidores africanos na Internet salte para quase 900 milhões em 2028, praticamente 58% a mais do que em 2022.

Em artigo publicado na plataforma The Paypers, Frank Breuss, cofundador e CEO da Nikulipe, avalia que a população jovem e crescente da África – 70% dos subsaarianos têm menos de 30 anos –, combinada com o rápido crescimento das infraestruturas digitais, como a expansão da internet móvel e a larga adoção de smartphones, tenha desencadeado essa onda de transformações para os pagamentos e o comércio eletrônico regionais.

Nesse cenário, ele também chama a atenção para dados do Banco Mundial e do Banco Africano de Desenvolvimento, segundo os quais existem hoje 650 milhões de usuários móveis na África, ultrapassando o número dos Estados Unidos ou da Europa, confirmando a janela de oportunidades que se abre para quem resolver apostar no continente.

Em que o comércio eletrônico da África se sobressai

Embora até agora o comércio eletrônico africano ainda siga dominado por varejistas locais, plataformas internacionais de grande porte, principalmente asiáticas, já ingressaram com sucesso no varejo online do continente e rapidamente estão ganhando força.

Entretanto, conforme Breuss, pequenos comerciantes online, localizados na Europa e nos Estados Unidos, também estão seguindo o mesmo exemplo e começam a se beneficiar do apetite online dos consumidores africanos.

Nesse contexto, ele destaca a indústria de jogos para celular e de vídeo, pois, segundo um relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial, esse setor poderá se deparar com uma receita superior a US$ 1 bilhão em 2024 e a procura tende a ser provavelmente muito maior.

Ao mesmo tempo, expõe: a indústria de viagens online no continente africano representa atualmente um mercado de US$ 24 bilhões, com elevadas taxas de crescimento para reservas virtuais de companhias aéreas e hotéis. Ademais, em 2028, espera-se que 75% de todas as receitas de viagens venham de canais online, em comparação com os 46% registrados em 2017.

Finalmente, contando com uma população jovem aumentando em ritmo mais acelerado que o restante do mundo e bastante conhecedora de tecnologia, a África se tornou uma das regiões de crescimento mais rápido para o comércio eletrônico em muitas outras indústrias de bens e serviços, como streamings de vídeo e música, e-books, softwares, redes privadas de conexão, só para citar algumas.

Preferências de pagamentos locais devem fazer parte da estratégia 

Para Breuss, outra descoberta valiosa do relatório é a importância de os varejistas online compreenderem as preferências de pagamento dos consumidores locais, assim como os hábitos de compras centrados em dispositivos móveis. 

Conforme disse, essa percepção será fundamental para entrar com sucesso no comércio eletrônico em crescimento na África. 

Além disso, ele assinala que o dinheiro móvel é um motor essencial para a inclusão financeira na África Subsaariana, uma região onde menos de 10% da população tem acesso a cartões de crédito e apenas 33% têm contas bancárias. 

Até porque, hoje, mais de 560 milhões de africanos pagam suas compras e contas através do telefone e a projeção é de que esse número atinja 850 milhões de pessoas até 2028. 

Portanto, oferecer a combinação certa de opções de pagamentos disponíveis aos clientes locais é vital para o sucesso, representando uma oportunidade enorme e, em grande parte, inexplorada para os comerciantes globais.

 

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