Pagamentos transfronteiriços: BIS explora liquidação cambial com CBDCs de atacado

Segundo o regulador, soluções descentralizadas, CBDCs e infraestruturas de pagamento interconectadas são capazes de oferecer alternativas promissoras para aprimorar as transações instantâneas.
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Equipe Propague
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Objetivo de política internacional e uma prioridade para o G20, grupo das vinte economias mais avançadas do mundo, o aprimoramento dos pagamentos transfronteiriços volta a encabeçar mais um projeto do Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês).

Além dos projetos Agorá, mBridge e de pelo menos outras seis iniciativas que utilizam DLTs e inteligência artificial, visando melhorias nas transações internacionais, o BIS acaba de anunciar o projeto Rialto, uma combinação de um componente modular de câmbio (FX) e moedas digitais de banco central em suas versões para transações de atacado (wCBDCs na sigla em inglês).

Em comunicado, o regulador informou que o Rialto surge como uma colaboração entre o Centro de Inovação do BIS em Singapura e o Eurosistema, a autoridade monetária da zona do euro, composto pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais dos vinte países que utilizam a divisa como moeda nacional.

Com efeito, o câmbio é um componente essencial para os pagamentos transfronteiriços, porém, atualmente, os serviços cambiais facilitados pelos bancos correspondentes costumam ser dispendiosos, lentos e apresentam estrutura complexa. Dessa maneira, os participantes da cadeia de pagamentos estão continuamente expostos a desafios de liquidez, crédito e liquidação.

Como o novo projeto pretende abordar os pagamentos transfronteiriços

Na avaliação do BIS, CBDCs e soluções descentralizadas, bem como infraestruturas de pagamento interconectadas são capazes de oferecer alternativas promissoras para aprimorar os pagamentos transfronteiriços.

Até então, explica, a forma como esses elementos interagem ainda não foi explorada e poderá gerar respostas nessa direção.

Razão pela qual o projeto Rialto pretende investigar como esses elementos podem dialogar para impulsionar sistemas de pagamentos globalmente.

Nesse sentido, a iniciativa contempla o desenvolvimento de uma nova camada de compensação automática de câmbio utilizando wCBDCs como um ativo de pagamento seguro para transações instantâneas relacionadas ou sistemas de ativos digitais.

Na avaliação de especialistas, tornar o sistema de liquidação cambial mais eficiente poderia reduzir significativamente os riscos e custos inerentes às transações transfronteiriças. 

A saber, existem estimativas de que o FX responda por cerca de 60% dos custos de pagamento P2P (sigla em inglês para representar operação entre pessoas) e até 97% dos custos de transações P2B (pagamentos entre pessoas e empresas).

Tendência mundial

Considerando uma economia global em constante transformação, investigações como o projeto Rialto e outras empreendidas pelo BIS, assim como por iniciativas bilaterais entre países, confirmam como os pagamentos transfronteiriços se tornaram um fator crítico do comércio internacional.

Com o aumento crescente da digitalização, bem como do fluxo de pessoas, produtos e serviços além-fronteiras, a procura por soluções de pagamentos mais rápidas, baratas e contínuas vem moldando as tendências nas transações em escala mundial.

Em março de 2024, a mais recente edição do Relatório de Tendências Globais de Pagamentos e Fintechs, publicado todos os anos pela plataforma The Paypers, mais uma vez sinalizou esse movimento, trazendo a melhoria dos pagamentos transfronteiriços entre as tendências do setor com mais probabilidade de avanços nesse e nos próximos anos.

Segundo a publicação, as principais mudanças tendem a se concentrar em pagamentos em tempo real, interoperabilidade e redução de custos. Nessa corrente, a expectativa é de que as wCBDCs venham proporcionar o alcance desses objetivos, pautadas pela conformidade e a segurança exigidas.

No caso do G20, com quem o BIS vem trabalhando mais de perto juntamente com o Conselho de Estabilidade Monetária (FSB), vale lembrar que os líderes dos países-membros já tinham aprovado, desde 2020, um roteiro para melhorar as infraestruturas e as experiências em pagamentos transfronteiriços. 

A proposta é de que isso se concretize até 2027, com a meta de que 75% das transações possam ser liquidadas e creditadas na conta do beneficiário em até uma hora. 

Para isso, o G20 vem trabalhando fortemente na efetivação da interoperabilidade e expansão de sistemas de pagamento, nos quadros regulatórios e de supervisão e na padronização de trocas de mensagens e dados entre os países. Até porque, historicamente, os maiores desafios enfrentados pelos pagamentos transfronteiriços vêm de sistemas desconectados e regulamentações isolados.

 

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