Finanças verdes avançam em Hong Kong

Hong Kong se tornou um dos principais centros para finanças verdes. Nesse sentido, o governo da região tem investido em diversos programas para impulsionar ainda mais o setor.
Finanças verdes avançam em Hong Kong
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Equipe Propague
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Hong Kong tem atuado na aceleração da sua transição para finanças verdes ao menos desde 2017, quando a Secretaria do Meio Ambiente publicou o Plano de Ação Climática 2030. No plano, ficaram estabelecidas metas para reduzir a emissão de carbono de 65% a 70% até 2030, com relação às emissões de 2005.

Nesse sentido, o sistema financeiro de Hong-Kong (HK) tem estado na vanguarda do esforço global para desenvolvimento verde. Esse avanço está ligado aos esforços empreendidos pelas autoridades da região, em especial, pela Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA), que cumpre funções de Banco Central, e pela Comissão de Valores Mobiliários Futuros. Entre as prioridades dessas instituições está o avanço da posição de Hong Kong como um centro financeiro verde e sustentável na Região do pacífico asiático.

As autoridades de HK tem colaborado com instituições locais e estrangeiras de modo a impulsionar a alocação de recursos do seu sistema financeiro em direção a práticas e investimentos que levem em consideração riscos climáticos e de sustentabilidade, contribuindo para uma agenda mais geral de mitigação dos impactos ambientais.

Iniciativas em Hong Kong para impulsionar finanças verdes e sustentáveis

Um dos marcos recentes mais importante foi o lançamento, em maio de 2020, do Grupo Diretor de Finanças Verdes e Sustentáveis entre agências (CASG), formado justamente pela Autoridade Monetária de Hong Kong e a Comissão de Valores Mobiliários e Futuros. O objetivo dessa instituição é coordenar a gestão dos riscos climáticos e ambientais para o setor financeiro.

Em dezembro de 2020, o Grupo anunciou um Plano Estratégico que estabeleceu seis áreas-chave para o fortalecimento das finanças verdes de Hong Kong:

  • Fortalecimento da Gestão de risco financeiros;
  • Promoção do fluxo de informações relacionadas ao clima;
  • Capacitação do setor de serviços financeiros;
  • Inovações financeiras que facilitem o fluxo de capital em direção a projetos verdes;
  • Buscar oportunidades na China continental para consolidar HK com hub de finanças verdes;
  • Colaboração internacional e regional.

O Grupo Diretor anunciou, ainda em julho de 2021, o lançamento do novo Centro de Finanças Verdes e Sustentáveis (Centre) para coordenar esforços na capacitação, liderança e desenvolvimento de políticas direcionadas às finanças sustentáveis. O Centro também passou a oferecer um repositório de recursos, dados e análises que apoiam a transição para um desenvolvimento mais sustentável.

No sentido de ajudar os bancos a desenvolverem soluções necessárias para enfrentar as mudanças climáticas, a Autoridade Monetária de Hong Kong lançou a Aliança para Bancos Comerciais Verdes (Aliança) em parceria com a International Finance Corporation em novembro de 2020. Essa iniciativa, especificamente, tornou o HKMA membro fundador e primeiro âncora regional para a Ásia, com isso Hong Kong passou a funcionar como um centro de finanças verdes entre os bancos comerciais asiáticos. A Aliança tem realizado e divulgado pesquisas de finanças verdes, insights de mercado, treinamento e orientação prática para que os bancos desenvolvam produtos financeiros sustentáveis.

Já em maio de 2021, a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) lançou o Programa de concessão de Finanças Verdes e Sustentáveis (GSF Grant Scheme). O programa fornecerá subsídios para emissores de títulos e mutuários de empréstimos para cobrir suas despesas em serviços de emissão de títulos.

Primeiros passos em direção a um mercado de títulos verdes

Como componente central da sua estratégia de finanças verdes, o Governo lançou, oficialmente, a sua estrutura de títulos verdes em 2019, definindo os passos para emitir títulos destinados a financiar projetos que facilitem a transição para uma economia de baixo carbono. É importante destacar que o arcabouço proposto está alinhado aos Princípios de Títulos Verdes (GBP) de 2018 da Associação Internacional do Mercado de Capitais.

Os recursos das emissões são utilizados exclusivamente para financiar ou refinanciar projetos de obras públicas do Governo que se enquadram em uma ou mais das seguintes áreas:

  • energia renovável;
  • eficiência energética e conservação;
  • prevenção e controle da poluição;
  • gestão de resíduos e recuperação de recursos;
  • gestão de água e esgoto; conservação da biodiversidade;
  • transporte limpo e edifícios verdes.

Em março de 2022, o CASG anunciou seus próximos passos para a consolidação como centro financeiro verde. O órgão planeja o desenvolvimento de um mercado global de carbono voluntário de alta qualidade em Hong Kong e um  trabalho com autoridades regionais sobre oportunidades de mercado de carbono.

Estágio Atual de desenvolvimento

De acordo com um relatório emitido em 2021 pelo governo de HK, a primeira oferta de títulos foi feita em maio de 2019. No lançamento foram emitidos cerca de US$ 1 bilhão em títulos da Agência de Garantia da Qualidade de Hong Kong (HKQAA). Esses títulos tinham prazo de vencimento de 5 anos e cerca de 50% dos investidores eram asiáticos, 27% europeu e 23% dos EUA.

Em 30 de junho de 2020, os recursos totais já foram totalmente alocados em sete projetos de obras públicas. Do total, metade foi alocado em projetos de Gestão de Resíduos e Recuperação de Recursos, 28% em projetos de edifícios verdes, 14,5% em Gestão de Água e Esgoto e 6% Eficiência Energética e Conservação.

Em 2021, o governo realizou uma nova rodada de emissão de títulos num total de US$ 2,5 bilhões de títulos verdes, sendo que US$ 1 bilhão em títulos com vencimentos de 5 anos, US$ 1 bilhão com 10 anos e US$ 500 milhões com 30 anos. Esses papéis contaram, também, com o Certificado de Financiamento Verde da HKQAA.

Do total emitido, 35 % foram alocados em projetos de Gestão de Resíduos e Recuperação de Recursos, 44% em projetos de edifícios verdes, 10% em Gestão de Água e Esgoto e 11% Eficiência Energética e Conservação. Ademais, desse total cerca de 65% foram distribuídos entre investidores asiáticos, 20% entre Europeus e 15% para investidores norte-americanos. Resultados esses que indicam o comprometimento de Hong Kong com o objetivo de ser referência regional, e eventualmente global, no tema.

 

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