Mercado de Carbono ganha novos suportes na China e Hong Kong

Hong Kong e a China continental estão trabalhando para alcançar uma economia com baixa emissão e, para esse fim, enxergam o mercado de carbono como uma ferramenta importante. Por isso, uma nova bolsa de créditos de carbono foi inaugurada em Pequim, enquanto em Hong Kong, um relatório sobre o mercado de carbono foi divulgado.
Mercado de Carbono ganha novos suportes na China e Hong Kong
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Equipe Propague
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O mercado de carbono foi criado para incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono (CO2), que é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.

Ao estabelecer um preço para a emissão de carbono, as empresas e governos participantes têm um retorno de recursos financeiros gerados pelas transações de compra e venda de títulos de emissão, que podem ser destinados para o investimento em tecnologias e práticas sustentáveis, além de financiar projetos diretamente comprometidos com a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Nesse sentido, o mercado de carbono tem se mostrado uma ótima ferramenta de suporte para o movimento de redução de emissão de carbono e demais gases poluentes e, consequentemente, para o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris.

A Ásia tem sido um grande destaque no desenvolvimento do segmento de finanças verdes e, especialmente, na estruturação de mercados de carbono. A China, o atual país com maior volume de emissões de gases poluentes, tem implementado uma série de políticas e iniciativas para reduzir suas emissões e combater as mudanças climáticas, incluindo a criação de um mercado nacional de carbono. Hoje, o mercado de carbono chinês é um dos principais no cenário internacional.

Aproveitando das relações comerciais e da proximidade geográfica, Hong Kong tem acompanhado o desenvolvimento e crescimento do mercado de carbono chinês para se consolidar como hub de finanças verdes e impulsionar seu mercado de carbono e ativos sustentáveis.

Para que a expansão desses mercados acompanhe a velocidade e demanda do novo sistema financeiro verde, o lançamento da “Bolsa Verde de Pequim na China” (CBGEX), uma plataforma profissional de mercado que integra vários serviços de negociação ambiental em Pequim, e os planos de mobilização da Autoridade Monetária de Hong Kong e a Comissão de Valores Mobiliários de Hong Kong para desenvolver um mercado de carbono regional são destaques regionais do mercado de emissões asiático.

Mercado de Carbono chinês ganha uma nova bolsa para negociações de crédito em Pequim

Vale lembrar que, atualmente, o sistema de negociação de emissões (ETS), lançado em 2021 na China, já é o maior mercado de carbono do mundo, superando em três vezes o tamanho do mercado da União Europeia, pioneira nesse tipo de mercado ao lançar seu ETS em 2005.

O mercado de carbono chinês abrange empresas em setores diversos como energia, siderurgia e química, dispondo do potencial de se tornar uma importante fonte de financiamento para projetos de redução de emissões e de transição para uma economia mais sustentável.

É nesse contexto que está sendo lançada a nova bolsa de créditos de carbono em Pequim. A expectativa é que essa iniciativa seja mais uma etapa da trajetória de sucesso do mercado de carbono chinês, se consolidando como uma bolsa verde de nível nacional.

A CBGEX concentrará seus esforços em fortalecer as capacidades de precificação de carbono, quantificação de emissões de carbono e finanças de carbono, além de fornecer serviços para um número maior de emissores.

De acordo a Xinhua, agência de notícias oficial do governo chinês, a CBGEX assinou acordos de cooperação estratégica em investimento e financiamento climático com seis províncias e cidades piloto, incluindo Pequim, Shandong e Shanxi. Além disso, assinou acordos de cooperação estratégica de finanças verdes com bancos e seguradoras, fintechs e parcerias de desenvolvimento da indústria verde com empresas chinesas.

A CBGEX disse, ainda, que pretende promover a cooperação entre indústrias e projetos verdes ao longo da Belt and Road, servir à construção da zona de demonstração de desenvolvimento verde nacional do subcentro de Pequim, ajudando o país a alcançar um desenvolvimento de alta qualidade e suas metas de carbono.

Com o aumento da conscientização sobre as mudanças climáticas em todo o mundo, o mercado chinês está se tornando um líder global no setor de tecnologias limpas e finanças sustentáveis. Essa realidade está criando oportunidades, também, para outros países da Ásia que buscam expandir seus mercados nesses segmentos.

Esse é o caso do ASEAN que desde o lançamento da primeira Estratégia de Cooperação Ambiental ASEAN-China em 2009, vem se envolvendo em várias estratégias de cooperação e planos de ação, podendo, inclusive, compartilhar informações e dar suporte técnico para o nascente mercado de carbono do sudeste asiático.

Mercado de carbono de Hong Kong pode se beneficiar do desenvolvimento na China

De forma semelhante, outra região com fortes ligações com a China continental e que pode se beneficiar dos desenvolvimentos do mercado de carbono chinês é Hong Kong.

Enxergando a oportunidade, o Grupo Diretor de Finanças Verdes e Sustentáveis entre agências (CASG), criado em 2020 pela Autoridade Monetária de Hong Kong e a Comissão de Valores Mobiliários e Futuros incluiu no seu plano estratégico buscar oportunidades na China continental para consolidar o país como hub de finanças verdes.

De olho nos desdobramentos do mercado de carbono de Hong Kong, o Conselho de Desenvolvimento de Serviços Financeiros (FSDC) lançou um relatório de pesquisa intitulado “Caminho para a Neutralidade de Carbono: O Papel de Hong Kong na Captação do Aumento de Oportunidades de Mercado de Carbono”.

O documento é focado no Mercado Voluntário de Carbono (VCM) que é identificado como um meio crucial para mobilizar recursos financeiros para a transição de baixo carbono. Com sua proeminência como um importante centro financeiro internacional e um hub regional de finanças verdes, Hong Kong pode alcançar um VCM dinâmico e global.

Laurence Li SC, presidente do FSDC, destacou que, apesar de ser um mercado relativamente novo, o VCM global deve atingir US$ 17,1 bilhões até 2027. A proximidade de Hong Kong com os mercados da China continental e do sudeste asiático e o acesso fácil a investidores globais, tornam a cidade um importante facilitador do investimento internacional no VCM da China e vice-versa.

Ainda, de acordo com a instituição, para a operação de um VCM eficiente em Hong Kong, é fundamental a construção de um ecossistema com alto grau de certeza regulatória.

O artigo apresenta, por fim, considerações-chave sobro desenvolvimento de um VCM em Hong Kong que incluem:

  • Acomodar créditos de carbono gerados a partir de projetos verificados por padrões amplamente reconhecidos pelos stakeholders internacionais;
  • Adotar soluções tecnológicas para impulsionar o desempenho do mecanismo de negociação e enfrentar desafios operacionais importantes;
  • Facilitar que os definidores de padrões e os registros operem em Hong Kong para atrair projetos e proprietários de ativos de qualidade;
  • Convocar toda a indústria de serviços financeiros e o governo a apoiar o desenvolvimento saudável do VCM;
  • Cultivar um ecossistema propício ao desenvolvimento de um VCM.

 

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