Varejo tem queda de 2,8% no volume de vendas em outubro e frustra o setor

Outubro no varejo apresentou queda de 2,8%, frustrando as expectativas de melhora, que vinham ganhando força nos últimos meses devido aos sinais de estabilização no setor.
Varejo tem queda de 2,8% no volume de vendas em outubro e frustra o setor
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Morgana Tolentino
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Aqui no Instituto Propague, temos acompanhado de perto o movimento do varejo no Brasil, por estado e segmento de vendas, por meio do Stone Varejo, estudo desenvolvido em parceria com a Stone que analisa os dados do setor e que, em outubro, apresentou um desempenho que frustra as expectativas, com queda de 2,8% no volume de vendas, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Ao longo do ano, os relatórios mostraram que o varejo não vinha bem, mas mostrou sinais de estabilidade nos últimos meses e fechou setembro com a primeira alta sólida do ano (1,6%). Diante desse cenário, as expectativas se tornaram positivas para o último trimestre, um período bem relevante para o setor com algumas das principais datas comemorativas – o Dia das Crianças, a Black Friday e o Natal. Os resultados de outubro, contudo, frustraram essas expectativas e tornaram as perspectivas mais cautelosas, mas ainda há esperança para o fechamento do ano.

Destaques setoriais e regionais

Após apontar sinais de estabilização desde junho, a edição de setembro do Stone Varejo comemorou uma alta de quase 2% no volume de vendas, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado, somado ao início da flexibilização da política monetária (redução dos juros) e as datas comemorativas que viriam pela frente, aumentou as esperanças para o final do ano. Mas outubro, o mês que abre o 3º trimestre, trouxe um cenário de queda generalizada: no comparativo anual, todos os segmentos analisados tiveram resultado negativo e apenas 4 estados registraram crescimento no volume de vendas.

O segmento, Livros, Jornais, Revistas e Papelaria registraram mais uma queda – a 3ª seguida – tornando-se, assim, um dos segmentos que mais requerem atenção, com muitos meses de resultados em queda ao longo do ano. Por outro lado, um resultado que pode ser considerado positivo é o crescimento de 0,8% no comparativo mensal (outubro em relação a setembro, já com ajuste sazonal) do segmento de Material de Construção, que teve uma das performances mais consistentes de 2023 até agora.

A resistência desse segmento ao longo do ano contrasta com o cenário geral e pode estar relacionada ao desempenho da Construção Civil como um todo, como mostram outros dados do setor. O Índice de Confiança da Construção (ICST) da FGV/IBRE, por exemplo, mostra tendência de crescimento ao longo de 2023 após forte queda no final do ano passado. A UCO (Utilização da Capacidade Operacional), um índice divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para análise do setor de construção, também se mostrou estável e em patamar elevado ao longo de todo o ano.

Quando analisados por região do país, os dados do varejo também levantam preocupações. Após setembro registrar resultados positivos em 9 estados, esse número se reduziu para 4 estados em outubro. O Pará registrou o maior aumento (2,9%), enquanto Tocantis, com crescimento de 2,8%, apresentou o seu quarto resultado positivo consecutivo. Já o Amapá chama atenção pela trajetória acentuada de queda no volume de vendas, registrando sua segunda queda expressiva consecutiva (23,3%) em outubro. Outro destaque negativo é o Espírito Santo. O estado vinha performando bem ao longo do ano, mas fechou o último mês com uma queda de 0,7%, a sua primeira desde abril.

Uma dose de otimismo para o fim do ano

É verdade que a nova queda em outubro esfriou as expectativas para o último trimestre, ameaçando os resultados de fechamento do ano. Entretanto, algumas mudanças no panorama macroeconômico ainda podem impulsionar as vendas do varejo para o final de 2023.

Um resultado que impacta bastante o setor é o nível de endividamento das famílias. Isso porque, com grande parte da renda comprometida com pagamento de dívidas, reduz-se a parcela disponível para consumo. O cenário do endividamento no Brasil evoluiu de forma alarmante esse ano, chegando a alcançar níveis históricos de comprometimento da renda das famílias com pagamento de dívidas.

Contudo, existe uma luz no fim do túnel, pois a mudança na trajetória do juros adotada pelo Banco Central a partir de agosto pode estar começando a surtir efeito, indicando melhora da conjuntura. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), em outubro o nível de consumidores endividados recuou e chegou ao nível mais baixo desde fevereiro do ano passado, chegando a aproximadamente 76,9% da população, ante cerca de 79% em setembro.

Além disso, o comércio varejista também deposita suas esperanças em duas das datas mais importantes do ano – a Black Friday e o Natal – para finalizar 2023 pelo menos em nível similar ao ano passado. É preciso continuar acompanhando o setor para descobrir se essa melhora nos índices de endividamento dos consumidores e as datas comemorativas serão suficientes para melhorar o resultado agregado de 2023.

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