IA na saúde é uma das tendências das sociedades 5.0

Sociedade 5.0 é um conceito desenvolvido pelo governo japonês que tem como objetivo utilizar a tecnologia para solucionar problemas sociais complexos e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, a Inteligência Artificial (IA) encontra inúmeras aplicações, especialmente na área da saúde.
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Equipe Propague
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A sociedade 5.0 é um conceito desenvolvido pelo governo japonês com o objetivo de idealizar uma sociedade na qual a tecnologia é usada para melhorar a qualidade de vida das pessoas e solucionar problemas sociais complexos. Nesse sentido, o desenvolvimento e aplicação de tecnologias, como inteligência artificial (IA), passa a ser direcionado para uso centrado nas pessoas.

Dessa forma, a tecnologia abre espaço para diferentes vias de aplicações nas sociedades atuais, e uma das áreas mais promissoras para o crescimento dessa inovação tecnológica atualmente, diz respeito aos sistemas de saúde públicos e privados.

Entre as infinitas áreas da saúde que podem ser melhoradas pela interferência de IAs, a coleta e análise de grande volume de dados para a melhoria de diagnósticos precisos, personalizados e em tempo real. Além disso, o avanço da telemedicina e registros eletrônicos de saúde permitem a ampliação do acesso aos cuidados médicos com maior flexibilidade e agilidade.

Portanto, à medida que a tecnologia continua a evoluir, a IA e a saúde digital terão um papel cada vez maior na consolidação de uma sociedade 5.0 e podem ser especialmente importantes para aqueles países cujo acesso a saúde ainda enfrenta dificuldades.

IA pode melhorar o acesso a serviços médicos na Ásia

Usar a tecnologia para melhorar a eficiência clínica é especialmente importante na Ásia, dada a baixa proporção de médicos por população. Em 2019, houve uma média de 28.4 médicos por 10.000 pessoas nos países do G7 de acordo com a OECD. Esse valor é superior à média da maioria das economias na Ásia.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 por exemplo, a média de médicos para 10.000 habitantes na Coréia do Sul era de 25, já no Japão, China e Índia eram, respectivamente, 26, 23 e 7 médicos.

No sudeste asiático, ainda usando como indicador o número de médicos por 10.000 habitantes, o acesso a assistência médica segue abaixo da média do G7. Na Tailândia, por exemplo, existem apenas 9 médicos para cada 10.000 tailandeses. Já nas Filipinas e Indonésia esses valores caem para 7.8 e 7 médicos, respectivamente.

Nesse sentido, muitos países da região apostam na adoção de tecnologias associadas a saúde digital para melhorar não só a qualidade dos serviços médicos, mas, sobretudo, ampliar o acesso.

Com ecossistema de saúde digital consolidado, ASEAN caminha para incorporar inteligência artificial aos serviços de saúde

O ASEAN (sigla para Associação das Nações do Sudeste Asiático, em tradução livre), por exemplo, no Plano Diretor Digital da ASEAN 2025, incluiu a saúde digital como uma das principais prioridades do serviço público, destacando que a digitalização dos serviços de saúde pode ajudar a aliviar os desafios em seus sistemas de saúde.

Atualmente, no ASEAN, já existem plataformas digitais de saúde consolidadas. Essas plataformas, em geral, eram startups que evoluíram para negócios maduros ou foram criadas por atores-chave como instituições médicas, empresas de telecomunicações e companhias de seguros. Plataformas notáveis incluem Halodoc (Indonésia), MyDoc (Singapura e Vietnã), Doctoroncall (Malásia), Medgate (Filipinas) e Raksa (Tailândia).

Com relação especificamente a implementação da Inteligência artificial, o bloco apontou, no início de 2023, que a adoção da inteligência artificial ainda está nos estágios iniciais, o que significa que muitas empresas estão testando iniciativas de IA, enquanto apenas algumas estão nos estágios avançados de implementação.

Em Singapura, por exemplo, aplicações voltadas para o consumidor foram desenvolvidas com o aplicativo e o chatbot de saúde OneNUHS, que usa sistemas de diagnóstico e previsão com alimentação de IA para diagnosticar pacientes através de chat.

Já na Indonésia, a IA é usada por uma startup chamada CekMata para a detecção precoce de cataratas e, na Tailândia, a análise de supercomputadores IBM Watson ASCC foi integrada ao departamento de oncologia do Hospital Internacional de Bumrungrad para aconselhar os médicos sobre os melhores planos de tratamento para pacientes com câncer.

É interessante notar que o ASEAN, enquanto bloco, também está se movimentando e lançou as ferramentas BioDiaspora, incluindo as iniciativas do ASEAN BioDiaspora Virtual Center (ABVC). A ABVC tem como objetivo desenvolver a capacidade regional em análise e visualização de big data, fortalecendo as capacidades de preparação e resposta a epidemias e pandemias da ASEAN.

Esse programa vincula vários conjuntos de dados e capacita a saúde pública de seus Estados-Membros, fornecendo relatórios atualizados sobre avaliações nacionais de risco, prontidão e esforços de planejamento de resposta.

Apesar dos avanços, o ASEAN destacou que no desenvolvimento de inteligência artificial, os países da região ainda enfrentam um investimento limitando do setor privado e o lento ajuste dos setores governamentais a essa tecnologia.

Coréia do Sul, Japão, Índia e China estão entre os líderes na corrida pela Inteligência Artificial

Em contrapartida, Japão, Coréia do Sul, Índia e China oferecem um terreno mais propício para explorar o uso de inteligência artificial na saúde. Nesses países estão os maiores volumes de investimento em Inteligência artificial, de acordo com dados da OCDE, sendo o investimento chinês significativamente superior.

Ademais, ao analisarmos as aplicações de patentes em IA, de acordo com o relatório sobre inteligência artificial da WIPO, os quatro países aparecem no top 10 dos países que mais registraram aplicações de patentes em 2019.

Indo além e observando o número de aplicações de patentes voltadas para ciências médicas, Japão, China e Coréia do Sul aparecem no top 5.

Assim, a China e Índia podem usar a IA para ampliar o acesso a saúde em seus territórios de dimensão continental, sendo particularmente importante para os indianos, afinal o número de médicos por mil habitantes no país se encontra bem abaixo da média da OCDE.

Inteligência artificial pode levar assistência médica para mais pessoas na China e Índia

Nesse sentido, na China, o 14º Plano Quinquenal do país (2021-2025) incluiu como prioridade impulsionar a integração das TIC (sigla para tecnologia da informação e comunicação) na indústria de equipamentos médicos, criando robôs médicos e plataformas de saúde digital.

Esse movimento, além de refletir a visão mais geral das autoridades chinesas de garantir o desenvolvimento dessas tecnologias foi alavancado pela crise da pandemia de COVID-19, quando 49 milhões de pessoas receberam diagnóstico e tratamento on-line na China.

Já na Índia, o NITI Aayog, um think tank de políticas públicas ligado ao governo indiano, vem testando a aplicação da IA na atenção primária para a detecção precoce de complicações de diabetes.  Além disso, a NITI já valida o uso da IA como ferramenta de triagem em cuidados oftalmológicos, comparando sua precisão diagnóstica com a de especialistas em retina.

Governos do Japão e Coréia do Sul estão incentivando o uso IA na área da saúde

Já o Japão e a Coréia do Sul além de terem dimensões bem menores, possuem uma infraestrutura de informação e comunicação mais bem desenvolvida, o que pode acelerar a incorporação de IA à saúde.

O Japão, desde 2016, por exemplo, estabeleceu o Conselho de Estratégia de Tecnologia de AI e identificou a IA como um pilar crucial da tecnologia para o seu 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia “Sociedade 5.0”. Além disso, o governo japonês estabeleceu parcerias com organizações empresariais e acadêmicas para criar dez hospitais aprimorados por IA.

Essas parcerias estão levando a IA para além do leito do paciente, a Fujitsu Ltd., por exemplo, fez esforços para incluir a inteligência artificial tanto nos processos administrativos quanto na administração de informações médicas.

Por fim, na Coréia do Sul, o governo anunciou, no fim de 2022, medidas para incluir e acelerar a aprovação de dispositivos baseados em IA na área da saúde. A ideia é utilizar um sistema integrado de triagem e designação para revisar a simultaneamente designação, verificação e avaliação de dispositivos médicos inovadores.

Atualmente, pode levar mais de um ano para que os órgãos reguladores na Coréia do Sul avaliem e aprovem uma solicitação de designação de um dispositivo médico inovador para uso em hospitais e outras áreas médicas. Com as mudanças propostas, espera-se que o período desde a aplicação até o uso real apenas 80 dias.

 

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