Open Finance brasileiro cresce em ritmo acelerado despontando entre líderes globais

Já são cerca de 15 milhões de usuários no Brasil, quase duas vezes e meia a quantidade do Reino Unido, visto como líder até então. Índia, Singapura e Austrália também se destacam nas finanças abertas.
Open Finance brasileiro cresce em ritmo acelerado despontando entre líderes globais
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Equipe Propague
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Embora o Brasil seja relativamente novo no cenário das finanças abertas, ele caminha a passos largos em comparação com países que estão há mais tempo nessa trilha. Com apenas dois anos, inicialmente como Open Banking, migrando em fevereiro de 2021 para Open Finance, o ecossistema brasileiro de compartilhamento de dados e serviços financeiros já figura entre os maiores do mundo em número de usuários.

Clique aqui para entender a diferença entre Open Banking e Open Finance.

Em meados 2022, foi divulgado pela instituição britânica Open Banking Excellence o “Global Open Banking Index” (Índice Global do Open Banking na tradução direta), que revela o ritmo de desenvolvimento nos mercados ao redor do mundo. Nele, o Brasil seguia atrás do Reino Unido, visto como líder global com seis milhões de usuários. Porém, a publicação já projetava que brevemente o Brasil o ultrapassaria, pois aqui esse número já se aproximava dos seis milhões.

Agora, dados recentes do Banco Central (BC) apontam que o Brasil deu um salto desde então. Atualmente, possui aproximadamente 15 milhões de clientes únicos e 22 milhões de consentimentos ativos.

Fazendo as contas, o país tem quase duas vezes e meia a quantidade de usuários regulares do sistema de finanças abertas do Reino Unido, pioneiro e referência para 50 países, incluindo o próprio Brasil. Isto porque, de acordo com balanço publicado, em janeiro de 2023, pela OBIE (sigla em inglês para Entidade de Implementação do Open Banking), o Reino Unido soma 6,5 milhões de usuários.

Ademais, a rápida evolução brasileira chama ainda mais atenção tendo em vista que o Reino Unido levou cinco anos para alcançar o patamar atual, ao passo que o Brasil em menos da metade desse prazo atingiu mais do que o dobro.

Novos líderes mundiais no Open Finance

Na avaliação de Helen Child, fundadora e CEO da Open Banking Excellence, apesar de o Reino Unido ainda ser visto como líder mundial, ele se mostra estagnado, comprometendo essa posição.

Conforme disse, além do Brasil, países como Singapura, Índia e Austrália estão avançando mais rapidamente e provavelmente também vão ultrapassar o sistema de finanças abertas britânico em breve, figurando entre os novos líderes globais.

No caso do Brasil, ela destaca que o Open Finance brasileiro, capitaneado pelo BC, foca em construir as bases para produtos e serviços com potencial para enfrentar enormes desafios, a exemplo da inclusão financeira.

Além disso, Child enaltece o lançamento da Índia nas finanças abertas, que criou mais de um bilhão de contas disponíveis no mesmo padrão e a Austrália que avança, além do compartilhamento de dados financeiros, com o Open Energy, o qual empodera o consumidor em relação a seus próprios dados de consumo de energia.

Projeto do Brasil é de médio e longo prazo

Para o BC, ao lado do expressivo crescimento do número de usuários em tão pouco tempo, o Open Finance brasileiro também se destaca pela evolução substancial na quantidade de instituições financeiras participantes, sejam elas obrigatórias ou facultativas. A saber, já são mais de 800 instituições entre bancos, fintechs e cooperativas de crédito de todos os tamanhos.

Entretanto, mesmo com todas essas marcas já atingidas, para a autoridade monetária, o projeto de Open Finance no Brasil é algo projetado para o médio e longo prazo. Afinal, as instituições participantes continuam trabalhando para permitir o compartilhamento de dados de novos produtos e serviços financeiros, resultando em mudança no Sistema Financeiro Nacional (SFN) de grande amplitude, talvez maior do que outros países destacados no relatório da Open Banking Excellence.

E isto já começa em 2023. Com a fase 4 do Open Finance em implementação, o BC espera que logo esses participantes passem a oferecer o compartilhamento de dados em investimentos, seguros, previdência e câmbio. Ao mesmo tempo, que eles também implementem funcionalidades direcionadas a clientes pessoa jurídica.

Ademais, comenta João André Pereira, Chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, as maiores proezas do Open Finance, como a diminuição da desigualdade de informação e o aumento da concorrência serão notados, gradualmente, ao longo do tempo.

Conforme disse, os dois primeiros anos de Open Finance serviram para estruturar o ecossistema e estabelecer uma agenda evolutiva no país.

Inovação em produtos e serviços com o Open Finance

Segundo o BC, juntamente com a implementação das etapas previstas para o Open Finance, algumas inovações em produtos também aconteceram. Entre elas estão:

  • Introdução de agregadores financeiros, permitindo a visualização de todos os produtos bancários do cliente em uma única instituição;
  • Melhoria qualitativa no processo de avaliação de crédito, viabilizando maior fluxo de portabilidade; e
  • Adoção de iniciadores de pagamento, aprimorando a experiência do cliente em relação a pagamentos em ambientes virtuais. Com isso, algumas etapas foram automatizadas, como o redirecionamento de aplicativo no celular para pagar através de Pix, por exemplo.

Aliás, de acordo com um levantamento feito recentemente pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) com os bancos associados participantes do Open Finance, foram identificados cerca de 45 produtos e serviços já disponíveis para os clientes. Além das inovações em produtos citadas pelo BC, existem até serviços voltados para cashback e tarifas.

 

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