A pandemia trouxe diferentes desafios em todo o mundo. Para enfrentar a crise, alguns países adotaram medidas como a distribuição de renda mínima para as pessoas e o fechamento momentâneo das atividades não essenciais. Assim, um dos caminhos seguidos foi a aceleração da digitalização da economia, que gerou oportunidades para a inclusão financeira no período pós-pandemia.
Nesse sentido, muitos governos apostaram em iniciativas como sistemas de pagamentos digitais e a expansão dos depósitos bancários para facilitar os programas transferências de renda e o pagamento de auxílios durante a pandemia.
A digitalização de serviços cria oportunidades para a inclusão financeira
Nas economias em desenvolvimento, os serviços financeiros digitais tiveram um forte crescimento nos últimos anos. Nas Filipinas, por exemplo, o GCash viu um crescimento de 254% ano-a-ano nas transações entre 2020 e 2021, já o Bank Indonesia relatou um crescimento de 38,62% nas transferências eletrônicas.
A Tailândia, por sua vez, expandiu o promptPay em 2021 por meio de uma vinculação de pagamento digital com a plataforma Paynow de Singapura, permitindo que os clientes dos bancos participantes transferissem fundos entre os dois países com facilidade.
Essas iniciativas e dados sugerem que a pandemia realmente teve o efeito de expandir a digitalização da economia. Nesse sentido, os governos passaram a perceber seu potencial para inclusão financeira e sua importância para a recuperação econômica.
De acordo com o Banco de Desenvolvimento da Ásia, um estudo apontou que a inclusão financeira por meio da digitalização das pequenas e médias empresas (PMEs) indianas poderia representar um acréscimo de 216 bilhões de dólares ao PIB até 2024.
Embora as novas tecnologias financeiras possam ser utilizadas para incluir grupos historicamente excluídos, essa realidade não é homogênea. A Ásia central, por exemplo, ainda se encontra distante dos níveis de inclusão dos seus vizinhos.
Apesar da inclusão financeira ter avançado, a Ásia Central não está acompanhando
Com uma população relativamente jovem, carente e marginalizada, essa região carrega um imenso potencial de inclusão financeira, caso aproveite a introdução das novas tecnologias. Afinal, possui um grande contingente populacional, com baixa adesão ao sistema financeiro.
Olhando para os países membros do Programa de Cooperação Econômica Regional da Ásia Central (CAREC), a Mongólia aparece como exceção, com 93% da população possuindo conta bancária, sendo seguida de longe pela Geórgia (61%) e Cazaquistão (59%).
Esses números contrastam com outros países da região, como Afeganistão (15%) e Paquistão (21%), sugerindo que mesmo dentro da região há um elevado grau de heterogeneidade.
Ademais, três dos países mais populosos do CAREC (Paquistão, Afeganistão, Uzbequistão) estão entre os quatro que apresentam níveis mais baixos de população bancarizada, o que é um indicativo de muitas pessoas excluídas do sistema financeiro.
Com relação ao modo de acesso, a Mongólia também apresenta a maior porcentagem (42%) de adultos que relatou usar um telefone celular ou a internet para acessar suas contas financeiras em 2020.
Por outro lado, usar um telefone celular ou a internet para acessar uma conta financeira é menos comum em países como Azerbaijão, Afeganistão, Paquistão e Turcomenistão, com uma participação de 2%, 1%, 2% e 2%, respectivamente.
Portanto, o cenário na Ásia Central apresenta um elevado contingente de pessoas excluídas do sistema financeiro, ao mesmo tempo em que a difusão das tecnologias financeiras é muito baixa.
Os principais desafios enfrentados pelos países do CAREC
Esses resultados são consequência de alguns desafios enfrentados pela região. Em primeiro lugar, a Ásia central carece de estratégias nacionais para promover uma inclusão financeira integrada. Além disso, a região ainda precisa desenvolver uma infraestrutura física para facilitar o acesso a instituições financeiras e outros serviços financeiros na maioria dos países membros.
Além disso, existe a questão econômica. Tradicionalmente, a principal fonte financeira de jovens e idosos, tanto para despesas antecipadas quanto emergenciais, tem sido a família. Na maioria delas, por exemplo, os jovens adultos dependem inteiramente de sua família para financiar sua educação, saúde e equidade empresarial inicial, evitando recorrer a instituições financeiras.
Por fim, vale destacar que existem barreira culturais e de confiança que dificultam a adesão ao sistema financeiro, em especial, por meio de internet e celulares.
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