ESG gera expectativas distintas entre empresas e investidores

Pesquisa global mostra uma lacuna fundamental entre organizações e as partes interessadas quando se trata de desempenho de sustentabilidade e sua divulgação nos relatórios corporativos.
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Equipe Propague
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As práticas ambientais, sociais e de governança, mais conhecidas como ESG na sigla em inglês, vêm se sobressaindo no mundo dos negócios em um contexto em que se valoriza cada vez mais marcas transparentes e responsáveis. Contudo, apesar disso, existe uma desconexão entre empresas e investidores quando se avalia os esforços em sustentabilidade que devem ser executados pelas organizações.

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É o que constatou o Global Corporate Reporting and Institutional Investor Survey (Relatório Corporativo Global e Pesquisa com Investidores Institucionais na tradução direta), lançado recentemente pela consultoria multinacional EY, a fim de avaliar como as informações corporativas, contidas nos relatórios de sustentabilidade, podem preencher a lacuna de confiança que ainda há em ESG.

De acordo com a pesquisa, aproximadamente 80% dos investidores acreditam que as empresas devem realizar investimentos que compreendam práticas ESG importantes para seus negócios, ainda que isso signifique diminuir os lucros no curto prazo.

Por outro lado, apenas 55% dos líderes financeiros creem que suas empresas devem considerar práticas sustentáveis, inclusive se o resultado vier acompanhado de uma redução de sua performance financeira e da lucratividade em igual horizonte de tempo.

A publicação destaca que esse descompasso revela que as expectativas de transparência das partes interessadas não estão sendo atendidas, o que pode ser um problema, visto que as divulgações dos esforços em ESG em grau de investidor são fundamentais para a edificação de uma compreensão mútua.

Ou seja, o entendimento em desarmonia entre empresários e investidores pode impactar não somente as organizações, como também causar danos ao mercado de capitais, assim como aos esforços coletivos para combater as mudanças climáticas.

Segundo a Agência EY, que divulgou a pesquisa, mais de mil diretores financeiros e outros líderes de finanças e 320 investidores institucionais de todo o mundo foram entrevistados.

ESG no curto e no longo prazo: eis a questão

Na verdade, expõe o estudo da EY, a causa principal para o descompasso identificado entre empresas e investidores no que diz respeito a questões ESG está atrelada ao horizonte de tempo a que cada um direciona o seu olhar.

O que se descobriu é que as organizações reclamam da conduta dos investidores que, na sua avaliação, estão mais focados nas oportunidades de curto prazo. A saber, mais da metade das empresas com faturamento anual acima de US$ 10 bilhões consideram que seus esforços para executar investimentos de longo prazo acabam sendo, com efeito, impedidos devido à pressão dos investidores que desejam visualizar ganhos de curto prazo.

Na outra ponta, oito em cada dez investidores afirmam que muitas corporações falham em justificar o seu raciocínio por trás dos investimentos em sustentabilidade com foco no longo prazo, o que dificulta a análise dos projetos ou iniciativas nessa área.

Relatórios corporativos também geram desconexão entre as partes

Conforme os investidores ouvidos pela pesquisa, os relatórios corporativos envolvendo sustentabilidade são uma das ferramentas mais relevantes que eles consideram com o intuito de compreender o impacto das ações ESG em termos de desempenho, riscos e perspectivas de crescimento de uma empresa.

Nesse sentido, quase a totalidade (99%) usa as divulgações das organizações como parte essencial para tomada de decisão ao investir. Ademais, ainda de acordo com a publicação, mais de sete a cada dez seguem uma abordagem rigorosa e estruturada em ESG.

Entretanto, apesar da relevância desses relatórios, o estudo da EY também encontrou uma desconexão nesse aspecto, quando se confronta a visão dos investidores com a das empresas.

Isso porque, os investidores têm o sentimento de que os relatórios corporativos que lhes são fornecidos não são baseados nos dados de que eles precisam para justificar a suas decisões de investimento e fundamentar suas análises sobre o desempenho e perfil de risco de determinada empresa.

Nesse aspecto, mais de sete em cada dez investidores escutados disseram que as empresas fracassam em desenvolver relatórios mais refinados, contemplando informações financeiras e de ESG indispensáveis para a tomada de decisão.

Além disso, 76% deles acreditam que as empresas são bastante seletivas ao escolher as informações sobre ESG que vão fornecer ao mercado, o que desperta eventuais questionamentos sobre greenwashing.

O caminho a seguir nas divulgações ESG

Entretanto, a EY entende que tem como reverter esse descompasso no entendimento sobre esforços em ESG entre empresas e investidores. Com esse objetivo, a pesquisa traz três pontos considerados essenciais para os relatórios corporativos de sustentabilidade, visando atender as expectativas dos investidores. São eles:

  • Foco: recomenda-se alinhar os portfólios das empresas à emissão zero carbono, apresentando uma abordagem mais ampla das oportunidades e dos riscos, o que deve abranger a transição para a agenda ESG, assim como uma avaliação do cenário climático.
  • Prestação de contas: as empresas precisam definir critérios robustos de governança em relação à sustentabilidade, incluindo a supervisão do conselho nessa área.
  • Transparência: nesse aspecto as divulgações ESG devem ser mais sólidas, comparáveis e confiáveis. Nessa direção, a orientação é que elas se antecipem aos padrões mais recentes de relatórios internacionais, aprimorando, dessa forma, a qualidade das informações sobre sustentabilidade.

 

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