Os desafios para alcançar a sustentabilidade no mundo dos negócios

A sustentabilidade é uma necessidade para os negócios do futuro, mas a implementação de medidas ESG nas empresas ainda apresenta lacunas. Entenda quais são os desafios.
Os desafios para alcançar a sustentabilidade no mundo dos negócios
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Amanda Stelitano
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No mundo corporativo atual, o potencial da sustentabilidade na criação de valor de negócios é visto como uma oportunidade de crescimento para diferentes perfis de empresas e investidores. Contudo, à medida que o mercado ESG se expande, novos desafios vão sendo impostos aos empresários, consumidores e investidores. 

Embora os profissionais enxerguem que a sustentabilidade é um valor de negócio indispensável para o futuro, ainda existem grandes lacunas na ação e implementação de medidas ESG no dia a dia das empresas. 

Pensando nisso, a consultoria internacional GlobeScan desenvolveu uma pesquisa com cerca de 200 profissionais do ramo de negócios em diferentes regiões do mundo para entender como eles enxergam o potencial de oportunidades e os desafios da sustentabilidade no ambiente empresarial. Como resultado, a pesquisa trouxe dados de que, embora os profissionais enxerguem que a sustentabilidade é um valor de negócio indispensável para o futuro, ainda existem grandes lacunas na ação e implementação de medidas ESG no dia a dia das empresas. 

A pesquisa serviu de base para produzir um relatório intitulado “The Gap in Sustainable Value Creation” (A Lacuna na Criação de Valor Sustentável, em tradução livre) que foi capaz de mapear quatro principais desafios que os negócios enfrentam para transformar sua estrutura produtiva em sustentável: qualidade e segurança dos dados e informações; capital limitado; compreensão do valor operacional para além do reputacional; e a integração na infraestrutura do negócio.

Como solucionar os desafios da sustentabilidade empresarial?

Uma das principais barreiras da implementação da sustentabilidade em diferentes estruturas de mercado é a falta de capital necessário para mitigar riscos, explorar oportunidades e gerenciar impactos. E, é claro, no ambiente corporativo, esse problema se torna uma lacuna importante para a implementação da sustentabilidade na cadeia de produção de um negócio. 

Embora mais de 90% dos entrevistados reconheçam a importância da sustentabilidade para o sucesso comercial, apenas cerca de metade deles está obtendo o nível de capital necessário para essas iniciativas. Para superar esse problema, é crucial que as empresas invistam em captar recursos específicos para suas iniciativas de sustentabilidade, criando planos de ação entre diferentes equipes para que a operação seja eficiente e com resultados.

Além disso, os gargalos de transparência e confiança gerados por meio da ausência de resultados de alta qualidade afetam a visão de valor do negócio entre os stakeholders envolvidos nos investimentos de impacto ESG. É importante que os tomadores de decisão também dediquem recursos para melhorar a coleta e tratamento dessas informações, para que esses resultados sejam uma ferramenta eficaz para orientar, desafiar e validar decisões estratégicas, e não apenas para relatórios e conformidade.

A dificuldade em ver o valor efetivo da sustentabilidade em resultados operacionais e financeiros também foi apontada como um desafio para o mercado empresarial verde. Para a maioria dos entrevistados, a sustentabilidade é principalmente uma ferramenta de construção de reputação, em vez de uma parte essencial das operações comerciais, o que atrapalha não só a visão geral do valor de negócio, como também enfraquece outras esferas como as finanças verdes, o mercado de capitais sustentáveis e outros investimentos financeiros verdes que tem ganhado força nos últimos anos. 

Para superar essa lacuna, o relatório recomenda que as empresas devem alinhar suas iniciativas de sustentabilidade com as suas áreas mensuráveis ​​que orientam a alocação de capital, garantindo que haja uma compreensão clara de como essas iniciativas contribuem para os objetivos de negócios mais amplos da empresa. 

Essa solução também afeta o último grande gargalo mapeado pelos pesquisadores: o enfraquecimento da relação dos empreendedores com a sustentabilidade em áreas essenciais da infraestrutura corporativa, como a parte financeira apontada acima, tecnologia e as áreas de gestão sênior e lideranças. A falta de clareza do potencial de sustentabilidade e ESG no avanço e progresso como negócio não permite que a empresa avance em direção a práticas mais sustentáveis em um mercado que valoriza cada vez mais esse nicho.

O Global Impact Investing Network, empresa global de investimento de impacto, analisou que o valor de mercado de empresas e instituições que utilizam da tecnologia integrada com sustentabilidade, pode chegar a aproximadamente 995 bilhões de dólares até 2027. Assim, é essencial que empresas de diferentes segmentos e portes consigam mapear os gargalos internos que impedem essa aproximação e alinhamento das equipes para alcançar os objetivos positivos para o negócio. 

Por meio do mapeado pelo relatório, é possível perceber que as lacunas estão interligadas e acabam realizando um efeito “bola de neve” que impede que empresas se destaquem no mercado pelo retorno esperado na sustentabilidade, minando as oportunidades de crescimento em um mundo que se interessa cada vez mais por consumir e investir em atividades e práticas ESG.

 

Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestra em Economia Política Internacional pela UFRJ.

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